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Escanear íris em troca de cripto é violação de privacidade, dizem especialistas

3 Min.
Atualizado por Júlia V. Kurtz

Resumo

  • Edward Snowden afirma que as pessoas não devem ter seus olhos catalogados pela Worldcoin.
  • Empresa prometeu criptomoedas gratuitas para quem escaneasse sua íris
  • Dados podem ser usados sem conhecimento das pessoas.
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O presidente da Freedom of the Press Foundation, Edward Snowden, criticou o Worldcoin, um projeto descentralizado que armazena o scanner da íris das pessoas.

O ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) tuitou, no domingo (24), afirmando que o projeto armazena um banco de dados global das íris escaneadas das pessoas em troca de cripto, desconsiderando as possíveis consequências futuras.

A Worldcoin tem grandes ambições, tendo como alvo pelo menos um bilhão de usuários e a produção de 50.000 dispositivos por ano. Snowden, no entanto, é claro em sua opinião: “não catalogue olhos”. Ele ressaltou que os hashes produzidos por meio do scanner poderiam ser usados ​​para corresponder a escaneamentos futuros, e é aí que está o problema.

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A jornalista e especialista em cidadania digital Madeleine Lacsko reforça a importância de proteger os próprios dados e lembra que eles fazem parte dos direitos das pessoas na internet:

“A proteção de dados é importante porque dados são poder. Poder sobre a intimidade, a vida e a liberdade das pessoas. Os dados pertencem às pessoas.  A partir do momento que você não é capaz efetivamente de proteger esses dados , isso significa que você também não é capaz de efetivamente  proteger direitos individuais e coletivos que todas essas pessoas têm”.

Empresa troca dados pessoais por criptomoedas

A Worldcoin foi apresentada pela primeira vez no dia 21 de outubro por Sam Altman. O projeto se descreve como “uma nova moeda global de propriedade coletiva que será distribuída de forma justa para o maior número de pessoas possível”.

A empresa explica que, para colocar rapidamente sua nova cripto nas mãos do maior número possível de pessoas, permitirá que todos reivindiquem uma parcela gratuita dela. Para isso acontecer, o grande desafio é garantir que todas as pessoas na Terra possam provar que são de fato humanas e que ainda não receberam sua parte gratuita do Worldcoin. 

E para provar que você é você mesmo, foi criado um dispositivo chamado Orb, que resolve o problema por meio da biometria: o Orb captura uma imagem dos olhos de uma pessoa e subsequentemente faz o hash desses dados, que são convertidos em um código numérico curto, permitindo verificar se a pessoa já se inscreveu. Caso contrário, recebe sua parte gratuita da Worldcoin. 

O anúncio diz que a imagem original não será armazenada ou carregada, pois preserva ainda mais a privacidade ao não vincular o código à carteira ou às transações.

Privacidade e centralização são um problema no mundo cripto

A indústria de blockchain e criptomoeda é considerada uma solução para o problema de privacidade da tecnologia moderna. Corporações e governos estão ganhando cada vez mais controle sobre a vida das pessoas, e isso é amplamente inevitável para o indivíduo comum, cuja vida está profundamente emaranhada com serviços digitais.

Para algum alívio, vários projetos trabalham para tornar as transações e outras interações mais privadas. Criptomoedas como Zcash  e Monero estão entre os mais conhecidos pelas transações com privacidade, mas também existem outros casos de uso mais específicos. A plataforma de cripto Beam visa, por exemplo, trazer privacidade ao DeFi .

Governos e reguladores financeiros agora estão se posicionando contra moedas de privacidade, dados os riscos potenciais associados à elas. A Coreia do Sul proibiu essa forma de cripto, enquanto outros estão deliberando sobre regulamentações para lidar com o ativo.

A Worldcoin declarou em seu site que, apesar dos resultados do Orb Iris serem incertos, por ser um projeto pioneiro, está obcecada com a ideia de que a tecnologia pode permitir fazer algo coletivamente que nem mesmo os governos foram capazes: aumentar o empoderamento individual e a igualdade de oportunidades em uma escala global. 

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Aline Fernandes
Aline Fernandes atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por diversas redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia dentro do pregão da BM&F Bovespa, hoje B3...
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