O mercado de criptomoedas testemunhou recentemente o halving do Bitcoin de 2024, um evento que reduz a recompensa pela mineração do BTC pela metade.
Esse evento fundamental, o quarto desde a criação do Bitcoin, estimulou amplas discussões sobre suas implicações para mineradores, investidores e o cenário mais amplo do mercado.
Atualização dos mineradores de Bitcoin
A recompensa do bloco caiu pela metade, de 6,25 BTC para 3,12 BTC, trazendo desafios significativos aos mineradores. Omar Lopez, fundador do Cripto It Club, revelou à BeInCrypto que alguns mineradores serão forçados a encerrar suas operações por tornarem-se economicamente inviáveis. Outros poderão até operar com prejuízo.
Segundo Lopez, esse cenário aplica uma forma de teoria dos jogos. Inicialmente, se 1.000 mineradores estiverem minerando 6,25 BTC com lucro, a equação da lucratividade muda drasticamente após o halving, quando a recompensa é reduzida para 3,12 BTC. Esse ajuste força mineradores incapazes de absorver perdas a desistir de suas atividades.
Eventualmente, essa redução pode diminuir o número para cerca de 600 mineradores. Para os que permanecem, a concorrência menor pelos 3,12 BTC pode restaurar a lucratividade, estabilizando o cenário de mineração.
“Os mineradores acompanham o preço do Bitcoin, e não o contrário. Se o preço do Bitcoin estiver baixo e não for lucrativo minerar, vários mineradores desligarão suas máquinas. Até que se torne lucrativo para os que permanecerem competir pelos 3,12 BTC. A teoria dos jogos em toda a sua glória”, explicou Lopez.
Por esse motivo, alguns mineradores de Bitcoin estão investindo cada vez mais em tecnologias de ponta. Hao Yang, chefe de produtos financeiros da Bybit, ressalta a mudança estratégica para soluções de mineração mais sofisticadas.
Além disso, muitos mineradores atualizam seus equipamentos para modelos mais recentes que oferecem maior poder de mineração com menor consumo de energia. Esta estratégia é particularmente viável para os mineradores de Bitcoin mais profissionalizados que possuem o capital necessário.
Assim, eles conseguem aumentar sua lucratividade, especialmente durante os desafiadores primeiros dias após o halving do Bitcoin.
“Os mineradores estão se concentrando na eficiência energética e na diversificação, investindo em equipamentos de última geração, como plataformas de mineração de três nanômetros, que podem aumentar a taxa de hash para 3,4 exahash por segundo, aumentando a capacidade sem um aumento proporcional no consumo de energia”, disse Yang à BeInCrypto.
Essa atualização não apenas ajuda a sustentar as operações, mas também contribui para a eficiência geral do processo de mineração. Portanto, ela garante que os mineradores permaneçam competitivos após o halving.
Enfatizando a sustentabilidade, os mineradores adotam tecnologias eficientes em termos de energia e integram suas operações a sistemas de energia mais amplos. Além disso, eles exploram fontes de energia renováveis, incluindo solar e eólica, e até coletam energia de produtos residuais.
Essas opções estão se tornando populares para reduzir o impacto ambiental das operações de mineração.
Demanda desenfreada por BTC
Além disso, Yang observa mudanças significativas na estrutura do mercado de Bitcoin, especialmente com a introdução dos fundos negociados em bolsa (ETFs) de Bitcoin. Esses fundos desempenharam um papel crucial na fusão do Bitcoin com os mercados financeiros tradicionais.
“Os ETFs são uma forma importante de os investidores tradicionais interagirem com o Bitcoin como um diversificador de portfólio de uma forma, sendo regulamentada e familiar. Nesse sentido, esses instrumentos financeiros provaram que o Bitcoin veio para ficar, que não está indo para o zero, que pode e vai desempenhar um papel em nosso futuro sistema financeiro”, acrescentou Yang.
Essa integração não apenas estabilizou a volatilidade dos preços e demonstrou a presença duradoura do Bitcoin no ecossistema financeiro. Ela também abriu as comportas para atender à crescente demanda dos investidores institucionais. Coletivamente, os ETFs de Bitcoin à vista agora detêm mais de 837.700 BTC, no valor de US$ 53,61 bilhões.
Consequentemente, isso aumentou significativamente a liquidez do mercado, de acordo com Mauricio Di Bartolomeo, cofundador da Ledn.
“Este é o primeiro halving em que os ETFs de Bitcoin à vista estão ativos no mercado, desbloqueando uma avalanche de demanda institucional. Até agora, parece que as condições estão definidas para que essa redução pela metade tenha um impacto semelhante no preço, como as anteriores”, disse Di Bartolomeo à BeInCrypto.
Embora os aumentos imediatos de preços após o halving nem sempre sejam evidentes, o consenso é que o evento terá um impacto positivo no valor do Bitcoin a longo prazo, como tem acontecido historicamente.
“Historicamente, o movimento de preços tem sido bastante discreto em torno da própria redução pela metade, mas houve um grande aumento de preços 9 a 12 meses depois. Isso parece ter sido impulsionado pelos mineradores de Bitcoin que ganharam menos Bitcoin para vender no mercado, em relação à demanda por Bitcoin. Dessa forma, a redução pela metade foi um evento de ‘compra após a notícia'”, disse Andy Fajar Handika, CEO da Loka Mining, à BeInCrypto.
À medida que o Bitcoin evolui após o halving, a introdução de novas tecnologias e estratégias de mineração mais eficientes em termos de energia continuará provavelmente a moldar o setor. Esses avanços são cruciais para manter a estabilidade e a sustentabilidade de longo prazo da rede Bitcoin, reforçando sua posição como um componente fundamental do futuro sistema financeiro.
A cada redução pela metade, o Bitcoin se aproxima um pouco mais de seu eventual limite de fornecimento, ressaltando seu modelo econômico exclusivo e seu potencial para continuar influenciando o sistema financeiro global.
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