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Relatório do Greenpeace sobre Bitcoin sofre críticas por dados errados

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Por David Thomas
Traduzido Júlia V. Kurtz

EM RESUMO

  • Um relatório do Greenpeace vincula lobistas de criptomoedas a poderosos afiliados políticos.
  • As entidades mencionadas incluem os constituintes das agências de lobby Blockchain Association e a Chamber of Digital Commerce.
  • Um defensor das criptomoedas ESG, Daniel Batten, apontou várias afirmações falaciosas no documento.
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O grupo de lobby ambiental Greenpeace divulgou um relatório questionável usando afiliações passadas de lobistas e dados antigos para desacreditar o impacto energético do Bitcoin. Um especialista em criptomoedas ambientais desmascarou muitas das descobertas.

O último relatório da organização afirma que os atuais lobistas da mineração de Bitcoin são de think tanks e grupos de defesa antiambiental.

Greenpeace expôs supostos vínculos políticos

O Greenpeace afirma que o grupo de defesa, a Câmara de Comércio Digital, que conta com os mineradores de Bitcoin Marathon Digital e Core Scientific entre seus membros, foi o autor de uma resolução do Congresso para apoiar a mineração de Bitcoin. A Blockchain Association, que representa empresas como a Coinbase, supostamente fez lobby contra um projeto de lei que exigia a divulgação das emissões de gases de efeito estufa e do uso de eletricidade da criptomoeda.

Desta forma, o Greenpeace vincula esses grupos de defesa ao poder político. A organização afirma que o CEO da Câmara, Perianne Boring, já trabalhou como estagiária na Casa Branca e que o ex-chefe de gabinete do local, Mick Mulvaney, faz parte do conselho da organização. Um dos membros da diretoria, J. Christopher Giancarlo, já trabalhou na Commodity Futures Trading Commission, que supervisiona o mercado de futuros de Bitcoin.

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A pesquisa alega que a CEO da Blockchain Association, Kristin Smith, e a Digital Chamber of Commerce gastaram muito em lobby político. Smith supostamente contribuiu com US$ 50.000 para a campanha do republicano pró-criptoedas Tom Emmer. Enquanto isso, a Câmara Digital supostamente gastou US$ 230.000 de sua receita de US$ 3,4 milhões em lobby de regulamentação de criptomoedas em 2023.

Historical Bitcoin Greenhouse Gas Emissions
Histórico das emissões de gases de efeito estufa do Bitcoin. Fonte: Universidade de Cambridge

O perfil de Smith na Open Secrets, uma plataforma de transparência de lobby político, mostrou seu trabalho de defesa para um cliente, a Metlife, em 2008, ao mesmo tempo em que a Digital Chamber gastou US$ 380.000 em 2023. É importante observar que as organizações não podem contribuir diretamente com fundos para campanhas políticas, mas seus constituintes podem.

Um relatório repleto de erros, segundo especialistas

Por outro lado, um relatório da empresa de auditoria KPMG contesta a posição do Greenpeace sobre o efeito climático do Bitcoin. Assim como acontece com os veículos elétricos, as emissões do Bitcoin ocorrem por meio da queima de gás metano ou da reincineração de instalações de geração inativas. A usina de mineração Greenidge Generation Holdings, em Nova York, é um exemplo disso.

Além disso, o relatório do Greenpeace apresenta números que não abordam diretamente as alegações de uso renovável com provas científicas. Ele cita as estatísticas do governo Biden sobre o uso de energia dos mineradores de Bitcoin para negar descobertas semelhantes feitas por empresas de mineração de criptomoedas.

O analista de metas ambientais e de sustentabilidade das criptomoedas, Daniel Batten, discute as inconsistências do documento. Por exemplo, as afirmações sobre o mix de energia usado pelo Bitcoin usam dados antigos que não refletem os padrões de consumo atuais. Outra declaração sobre a sobrecarga da rede elétrica pelo Bitcoin combina três imprecisões.

“Uma das características dos relatórios do GreenpeaceUSA é que eles são muito fáceis de serem desmentidos. Raramente você passa do primeiro parágrafo sem ler uma grande quantidade de desinformação… A mineração de Bitcoin, longe de sobrecarregar as redes elétricas, ajuda os operadores de rede a equilibrar as redes, evitar apagões e evitar a necessidade de usinas de vazamento de gás. Isso foi demonstrado em pesquisa”, disse Batten.

O momento de publicação do relatório também levanta dúvidas, pois pode ter aparecido na hora certa para desencorajar, por motivos ambientais, o investimento. Isso ocorre depois que o preço do Bitcoin caiu 18% há uma semana, passando de US$ 74.000 para US$ 60.800.

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Júlia V. Kurtz
Editora-chefe do BeInCrypto Brasil. Jornalista de dados com formação pelo Knight Center for Journalism in the Americas da Universidade do Texas, possui 10 anos de experiência na cobertura de tecnologia pela Globo e, agora, está se aventurando pelo mundo cripto. Tem passagens na Gazeta do Povo e no Portal UOL.
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