O encontro do G20 no Brasil terminou há quase uma semana, mas hoje o grupo publicou um artigo exclusivo sobre uso da Inteligência Artificial (IA). Afinal, como a ferramenta vai impactar principalmente o desenvolvimento sustentável e direitos humanos?
O texto é baseado no original de Atahualpa Blanchet. Ele é pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP e membro do Grupo de Transformação Digital e Sociedade da PUC-SP.
Participação social na inclusão da IA na declaração do G20
A declaração dos líderes do G20 destacou a IA como um tema central para o desenvolvimento sustentável e a defesa dos direitos humanos. O documento, assinado pelos chefes de Estado das maiores economias do planeta, reafirmou princípios éticos essenciais. Entre eles, transparência algorítmica, explicabilidade, privacidade, proteção de dados e não discriminação.
Esses pontos surgiram a partir das contribuições de diferentes grupos de participação, como o G20 Social, o L20 e o Digital Economy Working Group. Estes Fóruns trouxeram sobretudo perspectivas sobre os potenciais e desafios da IA em áreas como saúde, educação, meio ambiente e mercado de trabalho. Também debateram a integridade da informação digital, inovação em neurotecnologia e os impactos da IA na sociedade.
IA e governança ética
A declaração do G20 destacou o avanço da IA como oportunidade para o desenvolvimento da economia digital, mas ressaltou a necessidade de uma abordagem ética e centrada no ser humano. O texto propôs salvaguardas para mitigar riscos, combater vieses algorítmicos e assegurar supervisão humana na aplicação da tecnologia. A governança da IA deve seguir princípios como os da UNESCO, MERCOSUL sobre direitos humanos, ética e IA, alinhando o progresso tecnológico com valores humanos.
O documento também reconheceu a importância do diálogo social e da negociação coletiva na adoção da IA no ambiente de trabalho. Os grupos sugeriram políticas de qualificação e aprendizado contínuo para preparar os trabalhadores diante das mudanças tecnológicas. Além disso, priorizaram compromissos com a redução de desigualdades digitais e a inclusão em setores como saúde e educação.
Combate à desinformação e integridade da informação
O G20 tratou do combate à desinformação em tópicos como mudanças climáticas. Também lançou a Iniciativa Global para Integridade da Informação, com apoio da ONU e UNESCO. O objetivo é promover, acima de tudo, um ambiente digital responsável e confiável, exigindo maior transparência e responsabilização das plataformas digitais.
Participação social como pilar da declaração do G20
A inclusão de princípios éticos na Declaração reflete as contribuições de movimentos sociais, sindicatos, acadêmicos e organizações internacionais. Assim, o G20 Social e o L20 tiveram papéis cruciais ao conectar debates globais às realidades locais e propor diretrizes práticas para uso ético da IA, muitas delas incorporadas no texto final. Aliás, a experiência histórica de cúpulas como a Rio+20 e o Fórum Social Mundial reforça a relevância de abrir espaços para a sociedade civil nos fóruns internacionais.
G20 e governança da IA no Futuro
Sob a liderança brasileira, o G20 de 2024 marcou avanços na governança ética e responsável da IA, com foco nos direitos humanos. Além disso, esses precedentes serão fundamentais para a continuidade das discussões sob a presidência sul-africana em 2025. E tudo para garantir que os benefícios da IA sejam compartilhados de forma equitativa e que os riscos sejam mitigados em um mundo em transformação.
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