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friend.tech: impacto social mais amplo e perspectivas futuras

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Atualizado por Júlia V. Kurtz

EM RESUMO

  • friend.tech ganhou cerca de US$1,68 milhão em taxas nas 24 horas na última terça-feira. Uma série de personalidades se juntou ao Friend.tech na última semana, impulsionando sua adoção.
  • De onde surgiu a ideia do aplicativo? Qual seu potencial para criadores e investidores? Como o friend.tech impactou o cenário das L2s?
  • O que você precisa saber sobre o friend.tech? Status de adoção. Modelo de negócio. Potencial de monetização. Fatores positivos. Incertezas sobre os fundamentos do projeto. Política de privacidade. Perspectivas de longo prazo e impacto social mais amplo.
  • promo

    friend.tech de A a Z

    O friend.tech é uma aplicação de rede social lançada recentemente na Base, a nova solução de camada 2 da Coinbase

    Anunciado em 10 de agosto, rapidamente tornou-se o aplicativo mais popular da Base, com mais de 7.000 ETH de volume na primeira semana e 15.700 ETH, na segunda semana. 

    Ele permite que os usuários comprem ações de influenciadores do “X”, antigo Twitter, concedendo-lhes acesso exclusivo a bate-papos exclusivos com personalidades. Veja em detalhes o que é e como começar a usar o friend.tech aqui.

    Origem do friend.tech

    O friend.tech não é exatamente original. Ele seguiu o mesmo “conceito” do BitClout – lançado em março de 2021 e agora renomeado para DeSo

    Aqui, vale lembrar que o BitClout adotou uma abordagem ligeiramente diferente, pré-carregando os usuários na plataforma, o que os levou a um escrutínio legal. Os dissidentes também criticaram a ética dos “mercados de ações humanos” e a capacidade de apostar na ascensão ou queda de indivíduos. 

    Potencial para criadores e investidores

    O Friend Tech recebeu mais de US$100 milhões de investimento dos principais VCs, como a16z, Pantera e Coinbase, e totalizando mais de 115.000  contas de usuários únicos.

    Os usuários do friend.tech recebem 5% do volume de suas ações, o que é uma porcentagem muito maior do que outros aplicativos de consumo da Web3 (Lens Protocol /NFTs), sem falar nos canais tradicionais como Twitter e Instagram. 

    Além disso, o total de transações já realizadas e a contagem de usuários do friend.tech são maiores do que as maiores plataformas NFT da Ethereum. Embora essas não sejam comparações 1:1, elas destacam o potencial de crescimento tanto para criadores quanto para usuários.

    Adoção 

    O friend.tech ainda está em teste beta, e a introdução de pontos de recompensa e outros recursos pode levar a um aumento no uso. E apesar do roteiro do app não estar disponível para o público, as plataformas de conteúdo baseadas em assinatura (ou seja, Patreon e Only Fans) estão prontas para serem lançadas, permitindo que os assinantes se beneficiem do aumento da popularidade dos criadores. 

    Aqui, vale destacar que a tokenização de pessoas (mais especificamente influenciadores) é um debate controverso, pois a venda de ações poderia introduzir externalidades negativas. 

    De todo modo, a construção na solução Layer 2 da Base permite que o friend.tech atinja imediatamente milhões de usuários, e seu aumento de popularidade oferece um sinal significativo dos benefícios da Base.

    Após o anúncio do financiamento inicial da Paradigm em 18 de agosto, o friend.tech testemunhou outro grande aumento na adoção pelos usuários. Em na primeira semana, atraiu mais de 80.000 únicos usuários.

    Em pouco mais de duas semanas, o aplicativo se tornou o segundo maior gerador de receita entre protocolos cripto.

    Receita em Ethereum

    O Friend.tech gerou mais de US$ 1,68 milhão em taxas, 5% do valor da transação, nas 24 horas da segunda-feira (21), e US$3,59 milhões no total desde o lançamento. Isso é maior do que a contagem combinada de transações da OP Mainnet e da Arbitrum One.

    Neste mesmo dia, o friend.tech ficou logo atrás do blockchain Ethereum, que gerou US$3,45 milhões em taxas, ultrapassando o serviço de staking Lido. 

    Com isto, o Friend.tech chegou assumir, ainda que temporariamente, a liderança como o maior gerador de receita entre os serviços cripto. 

    O impacto provocado no cenário das L2s

    O sucesso explosivo da Friend Tech ajudou a impulsionar a Base inicialmente.

    A TPS (Transações por segundo) da Base atingiu um nível sem precedentes, chegando a incríveis 15,88 TPS na última terça (22). 

    Esse feito notável não apenas superou recordes anteriores, mas também colocou a TPS da Base à frente do Ethereum e de todas as outras soluções de escalonamento de camada 2 num mesmo dia. 

    O aumento no TPS de base, segundo dados da L2Beat, foi cerca de 156,68% entre 15 e 22 de agosto.

    O papel da Friend Tech como catalisadora desse aumento “pode” indicar a relação simbiótica entre aplicativos inovadores e soluções blockchain L2 com foco em escalabilidade.

    Grandes apps migraram para a Base rapidamente, como o protocolo de empréstimo AAve, revelando um nível inicial de adoção não visto em praticamente nenhuma L2. 

    Fatores positivos

    Muitas personalidades aderiram ao app, como Frank DeGods e gainzy222, o influenciador trader RookieXBT e o jogador da NBA Grayson Allen, e em seguida viram o preço de suas ações rapidamente se valorizarem.

    O rápido crescimento inicial do app pode ser resumido a dois fatores: 

    1) Mercado estratégico

    Em primeiro lugar, o projeto foi impulsionado para a proeminência do mainstream por meio do envolvimento com influenciadores cripto do X  – antigo Twitter. 

    Com a plataforma atribuindo efetivamente um valor monetário a cada influenciador, surgiu uma competição dinâmica e animada entre eles, ocasionando uma valorização no preço de suas ações. 

    Some-se a isto o fato de que uma parte das taxas de volume de negociação é canalizada para os próprios influenciadores, entrelaçando assim seus interesses financeiros com o sucesso da plataforma. E isso acaba motivando os influenciadores a ampliarem seus esforços promocionais.

    2) Recursos da pilha de tecnologia

    O segundo pilar do sucesso da friend.tech é sua pilha de tecnologia, que inclui recursos como:

    • Progressive Web App (PWA): como um PWA, friend.tech oferece uma experiência semelhante a um aplicativo por meio de navegadores da Web em dispositivos móveis. Esse design evita a necessidade dos usuários baixarem o aplicativo da App Store ou do Google Play. Ele também contorna artisticamente as taxas normalmente impostas por essas plataformas, sem comprometer a experiência no aplicativo móvel.
    • Facilidade de integração: Apesar de algumas falhas iniciais relatadas, o processo de integração da friend.tech é simples e acessível, mesmo para não nativos em cripto. A plataforma emprega recursos de login baseados na Web2 e gera de forma autônoma uma carteira com custódia própria para os usuários  – um recurso de fácil utilização que reduz efetivamente a barreira de entrada para os recém-chegados.
    • Modelo exclusivo de monetização para criadores: Diferentemente das estratégias convencionais de monetização centralizadas no conteúdo, a friend.tech monetiza os influenciadores diretamente – uma espécie de “tokenização de pessoas” –, fornecendo a cada usuário um token pessoal. Outros usuários que compram e mantêm o token obtêm acesso a conteúdo fechado, enquanto o detentor do token recebe 5% do volume de negociação como receita. Em teoria, o comprador marginal do token pagará tanto o valor percebido do conteúdo fechado “atual” quanto o conteúdo futuro dos criadores. Isso introduz um elemento de escassez e especulação de conteúdo que contrasta fortemente com a monetização tradicional de anúncios, e com as atuais plataformas sociais descentralizadas que se apoiam em “coletas” de conteúdo de alta qualidade para monetização.  

    Potencial de monetização

    Desde seu lançamento, a Friend.tech registrou um volume total de 45.683 ether, ou cerca de US$73,7 milhões, em 2,23 milhões de transações, de acordo com os dados analíticos da Dune até a última quinta (24).

    Para se ter uma ideia do potencial de monetização da participação de 5% no volume, em apenas uma semana, os criadores da friend.tech ganharam coletivamente mais de 1.600 ETH, sendo que 71% desse total de negociações geradas por criador foi acumulado pelos 250 principais influenciadores da plataforma. 

    O que isto significa? Traduzindo em miúdos, até o momento em que este artigo foi escrito, os criadores ganharam no Lens Protocol um total de aproximadamente 220 ETH desde o lançamento da plataforma em 2022.

    Todavia, apesar do sucesso inicial do friend.tech, nem tudo são flores.

    Incertezas sobre os fundamentos do friend.tech

    I. Fundadores

    A friend.tech foi criada por Racer e Shrimp. Racer é conhecido por ser o principal desenvolvedor do TweetDAO e do Stealcam (que ele fundou junto com Shrimp), dois experimentos fracassados de mídia social descentralizada.

    O TweetDAO foi lançado em 2022 com o conceito de que os detentores de NFT poderiam contribuir para a conta do Twitter do projeto. Pouco tempo depois, a conta foi desativada e seu site agora redireciona para outra conta do Twitter, inativa desde o início de 2022.

    A Stealcam foi fundada em março de 2023 com uma ideia centrada em um mecanismo de leilão para visualizar fotos privadas de contas específicas. Atualmente, sua conta no Twitter está desativada e o uso do site é praticamente inexistente.

    Ambos os projetos possuíam características que lembram os esquemas Ponzi. Eles dependiam exclusivamente do usuário mais recente, tornando sua sustentabilidade questionável e levando à sua desativação.

    II. Modelo de receita

    A receita do friend.tech vem das transações. 

    Embora qualquer um possa solicitar uma conta, e influencers lucrem com uma parte das taxas de negociação, é o aplicativo em si que é o grande vencedor, abocanhando quase o total dos 5% da taxa de transação.

    Isto é, qualquer pessoa possa lucrar com sua reputação e essa possibilidade incentiva as pessoas a participarem o mais cedo possível, dado que os preços dos tokens aumentam automaticamente em proporção ao número de tokens existentes. 

    Esse modelo pode parecer sólido do ponto de vista de negócios. Mas é um modelo é precário no longo prazo. Por quê? 

    • Apenas uma pequena porcentagem dos usuários do friend.tech pode realmente fornecer algum valor aos seus acionistas. 
    • Você não está comprando uma “participação” em nenhuma conta no X. Você não ganha o direito de monetizar a conta ou qualquer tipo de receita futura. A interação com a X foi apenas um método para atrair usuários rapidamente (e provavelmente vincular suas carteiras ao seu perfil do Twitter).
    • Você está comprando acesso a um bate-papo privado com o proprietário da conta. A maioria está simplesmente comprando na esperança de vender mais tarde por um preço mais alto.

    Nesse passo, a maioria das oportunidades de ganho dos usuários vem logo no início, com uma valorização exponencial de suas ações (agora denominadas “keys”). Quando as ações aumentam de valor, a demanda cai por motivos óbvios.

    Um indicador disso é que, tão rapidamente quanto subiu, a atividade no aplicativo parece estar esfriando. O número de transações diárias e os volumes de trading diário caíram 73,5% e 80% em relação ao seu pico. 

    III. Capacidade técnica do friend.tech

    Os fundadores admitem não estar preparados para um sucesso tão rápido.

    A plataforma está enfrentando problemas técnicos como, por exemplo, tempo de carregamento lento e a experiência de usuário que precisa ser trabalhada. Ao contrário do Discord, que também pode oferecer suporte a bate-papos privados com tokens, o friend.tech parece bastante simples.

    Privacidade no friend.tech

    O fato do friend.tech pedir no site que você baixe o aplicativo diretamente para o seu smartphone, mas também informar que a política de privacidade será publicada em breve é motivo de alerta e preocupação, principalmente se você possui uma wallet em seu dispositivo.

    Perceba que enquanto o TikTok diz claramente que eles ouvem você, e que eles usam um registrador de teclas, ninguém está preocupado em questionar por que o friend tech não divulgou sua política de privacidade??!!

    Perspectivas de longo prazo e impacto social mais amplo

    Os altos números após o lançamento e o fato de terem utilizado a Base, com todo o potencial de crescimento agregado à Coinbase  – um pilar conceituado no reino das criptomoedas  –  são pontos positivos. 

    A plataforma introduziu recentemente um sistema de pontos para reenergizar o engajamento por meio de um futuro airdrop de tokens, cujo sucesso depende de seus métodos precisos de execução e distribuição.

    A abordagem inovadora do friend.tech  – com foco num mercado estratégico e um interessante conceito de app – refletem um afastamento significativo da tendência de transplantar funcionalidades da Web2 para trilhos cripto. 

    Mas é importante destacar as dúvidas sobre seus fundadores, o modelo de receita e a capacidade técnicas da plataforma, bem como a falta de um roteiro de próximos passos e a inexistência de uma política de privacidade.

    Sua tração atual se baseia apenas em “possibilidades” e na oferta de experiências limitadas de entrega de conteúdo. 

    Neste contexto, as perspectivas de longo prazo e o impacto social mais amplo do friend.tech parecem incertos. 

    Mas e você? Já utiliza o friend.tech? Acredita que ele se tornará um catalisador de uma nova geração de aplicativos sociais e de consumo descentralizados? Acredita que a pilha de tecnologia do friend.tech é suficiente para ir além da replicação dos modelos já existentes?

    Conhecimento é poder!! Nos vemos em breve!

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    Tatiana Revoredo
    Tatiana Revoredo é membro fundadora da Oxford Blockchain Foundation. LinkedIn Top Voice em Inovação e Tecnologia. Estrategista Blockchain pela Saïd Business School, University of Oxford. Especialista em Blockchain Business Applications pelo MIT. Especialista em Artificial Intelligence & Business Strategy pelo MIT Sloan & MIT CSAIL. Especialista em Cyber-Risk Mitigation pela Harvard University. Convidada pelo Parlamento Europeu para a “The Intercontinental Blockchain Conference”....
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