O aperto acelerado da política monetária após anos de taxas baixas expõe falhas de economias, afirma o blog do FMI, que analisou o primeiro capítulo do Relatório Global de Estabilidade Financeira de abril
De acordo com a análise após o início da crise financeira global – que ainda assola o mundo – “bancos se fortaleceram significativamente para garantir mais capital e ativos líquidos em seus caixas”.
As instituições financeiras também foram submetidas a testes de estresse que “devem ajudar a garantir a resiliência a choques adversos”.
No entanto, o sistema financeiro global ainda apresenta tensões consideráveis, já que o aumento das taxas de juros abala a confiança de instituições e mercados.
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O FMI cita as falências do Silicon Valley Bank e do Signature Bank nos Estados Unidos. Ambas causadas pela fuga de depositantes sem seguro. Estes perceberem que as altas taxas de juros levaram a grandes perdas nas carteiras de títulos desses bancos.
A aquisição do Credit Suisse, apoiada pelo governo da Suíça, pelo rival UBS também abalou a confiança do mercado. A soma desses eventos desencadeou respostas de emergência significativas por parte das autoridades.
O relatório mostra que os riscos para os intermediários financeiros bancários, e não bancários, aumentaram à medida que as taxas de juros subiram rapidamente para conter a inflação.
“Historicamente, tais aumentos vigorosos de taxas pelos bancos centrais são frequentemente seguidos por tensões que expõem falhas no sistema financeiro.”

Em seu papel de avaliar a estabilidade financeira global, o FMI assinalou lacunas na supervisão, regulamentação e resolução de instituições financeiras. Relatórios anteriores de estabilidade financeira global alertaram sobre as tensões nos intermediários financeiros bancários e não bancários, diante de taxas de juros mais altas.
O FMI conta com mais de 180 países e trabalha para promover a cooperação monetária global. Para a organização, o sistema bancário atual tem muito capital e recursos para enfrentar turbulências e choques do mercado. No entanto, o que aconteceu na recente crise foi uma soma de fatores:
“Foi um encontro entre o aumento acentuado e rápido das taxas de juros e as instituições financeiras de rápido crescimento que não estavam preparadas para o aumento.”
O FMI aprendeu que problemas em instituições menores podem abalar a confiança do mercado financeiro em geral, especialmente porque a inflação persistentemente alta continua a causar perdas nos ativos dos bancos.
“Nesse sentido, a turbulência atual é mais parecida com a crise de poupança e empréstimo dos anos 1980 e os eventos que levaram à falência em 1984 do Continental Illinois National Bank and Trust Co., que era então o maior da história dos Estados Unidos. Essas instituições eram menos capitalizadas e tinham depósitos instáveis”, complementa a publicação.
Visão otimista
Apesar de o mercado acionário enfrentar tensão, os investidores estão precificando um cenário otimista e esperam que a inflação caia sem maiores aumentos nas taxas de juros.
“Embora os participantes do mercado vejam as probabilidades de recessão como altas, eles também esperam que a profundidade da recessão seja modesta”.
Ainda assim, o FMI não descarta uma nova aceleração da inflação e reavaliação pelos investidores da trajetória das taxas de juros.
Quantificação de riscos
O FMI tem uma medida dos riscos para o crescimento econômico global. A métrica indica uma chance de 1 em 20 de que a produção mundial possa contrair 1,3% no próximo ano.
Já o PIB global pode encolher 2,8%. Devido à um forte aperto das condições financeiras em que os spreads corporativos e soberanos aumentam, os preços das ações caem e as moedas enfraquecem na maioria das economias emergentes.

A publicação também diz que a lacunas na vigilância, supervisão e regulamentação dos governos e bancos devem ser abordadas imediatamente.
“ Em situações agudas de gerenciamento de crise, os bancos centrais podem precisar expandir o suporte de financiamento para instituições bancárias e não bancárias.”
Essas ferramentas ajudariam os bancos centrais a manter a estabilidade financeira, permitindo que a política monetária se concentrasse em alcançar a estabilidade de preços.
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