O ex-presidente Lula da Silva revelou suas intenções de criar uma moeda única para os países da América Latina. Ele acrescentou que, se realizado, a América Latina se libertará da “dependência do dólar americano”.
A proposta, desenvolvida por sua equipe econômica, apresentou justificativas e citou as sanções que a Rússia está recebendo, que “demonstram que os Estados Unidos e a Europa usam sua moeda para isolar e enfraquecer o inimigo”.
A moeda se chamaria SUR, e estaria prevista para 2023. No entanto, a proposta foi anunciada antes das eleições de outubro deste ano, nas quais Lula é candidato. A ideia foi desenvolvida por dois economistas da comissão do ex-presidente, e eles consideram que será uma força contra a reeleição de Jair Bolsonaro.
“Vamos restabelecer nosso relacionamento com a América Latina. E se Deus quiser, vamos criar uma moeda na América Latina, porque não temos que depender do dólar.”
A ideia é apoiada pelos economistas Fernando Haddad e Gabriel Galípolo, que compartilham uma visão crítica do dólar nas relações econômicas internacionais. Os autores argumentam que a criação de uma moeda sul-americana pode impulsionar o processo de integração regional, marcada por um ritmo de crescimento lento até o momento:
“A criação de uma moeda sul-americana poderia impulsionar o processo de integração regional, marcado por lentidão e momentos de retrocesso, e fortalecer a soberania monetária dos países sul-americanos, que enfrentam limitações econômicas devido à fragilidade internacional de suas moedas”.
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Independência ou maior centralização na América Latina?
A proposta ainda não especificou em que medida tal implementação poderia beneficiar os demais países, além de uma maior integração, sem falar no problema de criar um sistema que não esgote a soberania política e econômica de cada nação. Por outro lado, ela parece estar mais voltada para os países da América do Sul, especialmente os estados membros do Mercosul.
Mas talvez o ponto que mais gere dúvidas e receios seja a questão monetária. A moeda seria emitida por um Banco Central Sul-Americano, com uma capitalização inicial feita pelos países membros, na proporção de suas respectivas participações no comércio regional.
A capitalização seria feita com as reservas internacionais dos países e/ou com um imposto sobre as exportações de países fora da região. A nova moeda poderia ser usada tanto para fluxos comerciais quanto financeiros entre as nações que passariam a utilizá-la.
Por outro lado, os autores veem isso como um “poderoso instrumento de coordenação política e econômica”, bem como “um passo à frente em direção à soberania”.
“A criação do SUR é uma estratégia para acelerar o processo de integração regional, constituindo um poderoso instrumento de coordenação política e econômica para os povos sul-americanos. É um passo fundamental para o fortalecimento da soberania e da governança regional, que certamente será decisiva em um novo mundo”.
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