Um relatório recente da empresa de análise de blockchain Chainalysis revelou que golpes de cripto geraram pelo menos US$ 9,9 bilhões em receita ilícita em 2024. O principal contribuinte para esse aumento foram os golpes de pig butchering.
Os golpes de pig butchering frequentemente combinam fraudes de investimento com golpes românticos. Nesses esquemas, os golpistas ganham a confiança das vítimas antes de convencê-las a investir em plataformas de cripto falsas.
Chainalysis revela ameaça crescente pig butchering
A Chainalysis alerta que a estimativa de US$ 9,9 bilhões em receita de golpes para 2024 é provavelmente conservadora. Na verdade, os números finais podem ultrapassar US$ 12 bilhões. O relatório destaca um aumento de quase 40% nas incidências de pig butchering ano a ano, representando 33,2% da receita total de golpes de cripto.
De acordo com o relatório, muitas dessas operações têm origem no Sudeste Asiático. Além disso, o relatório destaca a crescente sofisticação dos golpistas, citando serviços ilícitos como o Huione Guarantee, uma plataforma peer-to-peer (P2P) que facilita fraudes. Especificamente, é um mercado baseado no Telegram que atende fraudadores do Sudeste Asiático, incluindo aqueles responsáveis pelos chamados golpes de pig butchering.
Essa plataforma fornece aos golpistas ferramentas de lavagem de dinheiro, dados pessoais roubados e serviços de gerenciamento de redes sociais. Desde 2021, o Huione Guarantee supostamente processou mais de US$ 70 bilhões em transações de cripto, solidificando seu papel no ecossistema de fraudes.
A pesquisa também revelou os lançamentos recentes do Huione Guarantee, a stablecoin USDH e o projeto de blockchain Xone. Esses lançamentos levantaram preocupações sobre novas maneiras para os fraudadores ocultarem suas transações.
O relatório reforça um incidente recente em que a Tether congelou 29,62 milhões de USDT ligados a atividades criminosas no Camboja envolvendo o Grupo Huione. Recentemente, a Elliptic também expos o Huione Guarantee como um mercado de bilhões de dólares para fraudadores online.
IA generativa e outros métodos de fraude em cripto
A Chainalysis também destaca o papel da IA generativa em aprimorar ainda mais as táticas de golpes, permitindo que os fraudadores se passem por vítimas. Especificamente, isso os ajuda a contornar a verificação de identidade e criar plataformas de investimento falsas altamente convincentes.
Além dos golpes de pig butchering e da IA generativa, outros métodos de fraude de cripto tiveram crescimento substancial em 2024:
- Envenenamento de endereço: golpistas enviam pequenas transações de endereços, imitando os contatos da vítima e enganando-os para transferir fundos para carteiras fraudulentas.
- Drainers de cripto: ataques de phishing aumentaram 170%, com incidentes envolvendo airdrops falsos da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC).
- Golpes de transmissão ao vivo & sextorsão: golpes de deepfake gerados por IA e táticas de chantagem se tornaram mais comuns.
- Golpes de emprego: fraudadores se passam por empresas legítimas, enganando vítimas para pagar taxas de treinamento fraudulentas ou depósitos de impostos.
O uso de caixas eletrônicos de criptomoedas em golpes também aumentou. De acordo com a Chainalysis, o FBI dos EUA relatou um aumento de dez vezes nas perdas dos consumidores desde 2020. Os golpistas frequentemente exploram esses caixas eletrônicos para receber fundos de vítimas que acreditam estar fazendo pagamentos legítimos.
Embora os caixas eletrônicos de cripto sejam usados para fins legítimos, eles também são populares entre os golpistas, e nos últimos anos, o FBI recebeu milhares de relatos sobre cibercriminosos usando caixas eletrônicos de cripto para receber pagamentos de golpes, dizia um trecho do relatório.
A Chainalysis também cita um caso em que golpistas enganaram um cidadão dos EUA a depositar US$ 15 mil em caixas eletrônicos de Bitcoin sob o pretexto de corrigir um vírus de computador. As autoridades intervieram, recuperando parte dos fundos.
Com base nessas descobertas, a Chainalysis reconhece os crescentes desafios para as agências de aplicação da lei no combate à fraude de criptomoedas. Enquanto as exchanges centralizadas (CEXs) permanecem o principal canal para lavagem de fundos ilícitos, o aumento das plataformas de finanças descentralizadas (DeFi) complica o rastreamento de ativos.
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