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Erro de US$ 300 trilhões da Paxos põe stablecoins sob alerta

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Escrito e editado por
Lucas Espindola

16 outubro 2025 13:31 BRT
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  • Paxos emitiu erroneamente 300 trilhões de PYUSD, provocando críticas do NYDFS e renovando preocupações sobre erro humano em sistemas de colateral de stablecoin.
  • O excesso de mintagem foi queimado em uma hora, mas reacendeu pedidos por integração do Chainlink Proof of Reserve para prevenir incidentes futuros.
  • O fiasco destaca fragilidade operacional enquanto reguladores pressionam por verificações de PoR em tempo real e supervisão mais rigorosa de emissores de stablecoin.
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O Departamento de Serviços Financeiros de Nova York (NYDFS) confirmou hoje (16) que a Paxos, emissora do PayPal USD (PYUSD), acidentalmente emitiu US$ 300 trilhões em stablecoins sem lastro ontem (15). O regulador acrescentou que está em contato com a Paxos e o PayPal sobre o incidente.

O evento, que momentaneamente expandiu a oferta de PYUSD além do tamanho de toda a economia global, gerou novas críticas sobre os riscos operacionais e sistêmicos que sustentam o setor de stablecoins.

De acordo com dados on-chain, o incidente começou como uma transferência rotineira de US$ 300 milhões entre carteiras controladas pela Paxos.

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O The Information relata que o NYDFS destacou o assunto, citando um incidente de erro de digitação mais preocupante do que o erro do Citigroup no ano passado. Na ocasião, o erro do Citigroup fez com que a empresa de banco de investimento creditasse erroneamente um cliente com US$ 81 trilhões antes de reverter a transação.

Um ex-engenheiro da Salesforce, Sam Ramirez, explicou a tentativa da Paxos de corrigir seu erro. Eles tentaram remintar os 300 milhões que queimaram de volta para a carteira original. No entanto, cometeram outro erro e acidentalmente emitiram 300 trilhões.

Em uma hora, a Paxos queimou o excesso de oferta, restaurou todos os saldos e confirmou que nenhum fundo de cliente foi afetado. A empresa também afirmou que não houve violação externa.

No entanto, a escala do erro de emissão renovou preocupações sobre a confiabilidade dos mecanismos de colateralização. Isso também levanta questões sobre a supervisão manual nas operações de stablecoins.

Zach Rynes, representante da comunidade da Chainlink, explicou como a prova de reserva (PoR) teria evitado todo esse FUD.

“…este é um bom exemplo de uma situação em que a Chainlink Proof of Reserve teria evitado todo esse pesadelo de relações públicas. Especificamente, emissores de ativos podem integrar a Chainlink PoR na função de emissão de seu contrato de token como uma verificação de validação”, Rynes explicou.

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De acordo com Rynes, a medida teria impedido a emissão de tokens adicionais, a menos que a Chainlink PoR tivesse validado primeiro que há uma quantidade suficiente de reservas off-chain disponíveis para manter 100% de colateralização.

Em última análise, isso teria evitado ataques de emissão infinita, onde muitos tokens sem lastro são emitidos, colocando em risco todos os mercados que listam e suportam o token.

Os comentários de Rynes geraram debate na indústria sobre se a validação em tempo real de prova de reservas deveria se tornar obrigatória para todas as stablecoins regulamentadas.

Questões de garantia e conduta surgem diante de repercussões de mercado e regulatórias

O blog financeiro Zero Hedge rapidamente fez a pergunta que muitos estavam pensando. Outros também destacam o potencial de uso indevido deliberado.

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“…exatamente por que este colateral de US$ 300 trilhões em ‘stablecoin’ foi garantido quando foi emitido, por engano ou não,” a popular conta no X questionou.

Essas preocupações refletem o risco hipotético de que o acesso do operador, se abusado, poderia distorcer os mercados, mesmo que por curtos períodos.

No mesmo tom, outros pesquisadores de DeFi levantaram preocupações sobre o timing, dizendo que isso levantou questões mais profundas sobre o sistema.

“Todos viram ‘300 trilhões de PYUSD emitidos’ e riram como um erro de software. Mas o timing e o padrão importam. Isso aconteceu dias após a parceria de liquidez do PayPal (Spark, injeção de 1 bilhão de dólares) e o realinhamento público do PYUSD com Tesouros tokenizados… O ‘bug’ foi o momento em que a refinaria entrou em operação. O PayPal será reavaliado para US$ 100 o mais rápido possível,” escreveu 941.

O comentário refletiu uma crença crescente de que o evento da Paxos pode ter coincidido com transições de trilhos de liquidez ligando finanças tradicionais e instrumentos de Tesouro tokenizados.

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A empresa de dados Santiment relatou que o evento “causou atenção significativa, pois representa uma quantidade enorme e incomum de stablecoins sendo criadas e depois rapidamente queimadas.

O valor de mercado das stablecoins se aproxima de US$ 310 bilhões. Com isso, o excesso de emissão da Paxos é um lembrete dramático de que mesmo emissores regulamentados permanecem vulneráveis a erros humanos e controles de processo fracos.

Total Stablecoin Market Cap
Valor de mercado total das stablecoins. Fonte: DefiLlama

Para os reguladores, o evento pode acelerar movimentos em direção à integração obrigatória de PoR, verificações de emissão em tempo real e padrões de auditoria transparentes.

Se um zero fora do lugar pode emitir US$ 300 trilhões, o maior risco da indústria de stablecoins pode não ser mais os hackers, mas seus próprios operadores.

Situação no Brasil

No Brasil, ainda não há registro de incidentes semelhantes envolvendo emissoras de stablecoins. As operações locais, como a da BRZ — token lastreado em reais emitido pela Transfero —, mantêm auditorias regulares para comprovar suas reservas e evitar riscos de emissão sem lastro. Embora o país avance em discussões regulatórias sobre ativos estáveis, como o Projeto de Lei 4.308/2024, que prevê supervisão direta do Banco Central, especialistas apontam que o episódio da Paxos reforça a necessidade de padrões mais rígidos de prova de reservas e validação em tempo real também no mercado brasileiro.

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