O dólar chegou a R$ 6 na manhã desta quinta-feira (28), pela primeira vez na história. Desde ontem (27) a moeda americana segue em ritmo de alta, após a fala do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Enquanto isso, o Bitcoin vale US$ 95 mil no momento dessa reportagem.
Em rede nacional, o ministro anunciou um novo pacote fiscal, mas em nenhum momento usou a palavra corte. Haddad anunciou a isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil e promete uma economia de R$ 70 bilhões aos cofres públicos até 2026. O objetivo do ministro é reequilibrar as contas públicas do Brasil.
Ele também quer mais tributos aos contribuintes com renda mensal acima de R$ 50 mil mensais. Novas regras para aposentadorias de militares, concessão de subsídios e repasses de emendas parlamentares também estão previstas
Mercado reage e dólar chega a R$ 6
Acontece que o mercado reagiu. Isso porque os investidores estão apreensivos sobre a viabilidade política das medidas e os possíveis impactos na atividade econômica e no controle inflacionário.
Ontem o dólar encerrou o pregão na máxima histórica, valendo R$ 5,91. E hoje essa tendência de alta continua. Pelo menos por enquanto. Agora pouco, a cotação da moeda americana chegou aos R$ 6.
Daniela von Hertwig Meyer, fundadora da Anny Baas, XRPL incubated, ex-Binance, ex-XP Investimentos, diz que“ Nunca foi tão importante o posicionamento em bitcoin e criptomoedas como hoje. Um dia histórico para nós brasileiros, mas infelizmente não de maneira positiva.”
A brasileira que está fazendo um curso intensivo em Paris, disse ao BeInCrypto Brasil que “ Ao mesmo tempo, em que vejo aqui na Europa como somos reconhecidos pelo nosso vanguardismo no sistema financeiro como pix e drex, por outro lado, as interferências políticas na nossa economia são resguardadas com muita cautela pelos investidores estrangeiros – e isso eu vejo desde que trabalhei no tradfi como analista de investimentos em empresas como XP e Planner”.
Pacote Fiscal
As medidas anunciadas foram muito frustrantes do ponto de vista do mercado, acredita o CEO da iHUB Investimentos, Paulo Cunha.
Havia uma expectativa de ações voltadas para a contenção de gastos, mas o que vimos foi justamente o contrário: um aumento. É muito difícil implementar a isenção de imposto para quem ganha até R$ 5 mil. Outros governos já tentaram fazer isso e não conseguiram por falta de espaço no orçamento, explica.
Agora, esse governo, também sem espaço, está tentando forçar essa ideia. É preciso avaliar se isso será realmente viável e se conseguirá aprovação para entrar em vigor em 2026. Não há nada muito claro até o momento, reforça o executivo da iHUB.
Antes de mais nada, o governo precisa conter gastos para criar espaço no orçamento, ao invés de criar novas taxas, como a proposta para quem ganha acima de R$ 50 mil. Ainda assim, não está claro como isso será implementado — se será sobre salários, investimentos ou outras fontes. A situação está bastante nebulosa.
Dólar e criptomoedas
Cunha acredita que o mercado deve seguir a tendência negativa. Para ele, o que se esperava era um anúncio concreto de cortes de gastos, ” mas o que tivemos foi mais incerteza” . O aumento do dólar é uma consequência natural desse cenário e, ao que tudo indica, deve continuar nesse patamar.
Em relação às criptomoedas, não há uma ligação direta com as medidas fiscais. Porém, o Bitcoin tende a se valorizar, pois sua cotação está diretamente atrelada ao dólar.
Impactos da alta do dólar
Meyer, aponta que para quem está posicionado em bitcoin ou em stablecoin de dólar, essa notícia é linda do dólar a R$ 6.
Mas os impactos de curto e médio prazo serão inflação alta, tendo em vista que exportamos matéria prima e importamos bens de consumo, com os custos alto de vida a tendência é agravar o desemprego e nos médio e longo prazos a violência se alastra.
Eduardo Garay, fundador da TechFX, principal plataforma de câmbio para brasileiros que prestam serviços a empresas do exterior, a alta do dólar gera novos horizontes para trabalhadores brasileiros que desejam atuar remotamente para companhias internacionais.
Essa variação pode impactar diretamente os valores que esses profissionais possam vir a receber, com potencial de aumentar a renda, afirma Garay.
No mercado de criptomoedas, a cotação do Bitcoin permanece em US$ 95 mil.
Banco Central estuda aplicar IOF em transações com stablecoins
Enquanto o dólar explode, o BC está considerando implementar novas regulamentações para empresas de criptomoedas, incluindo a exigência de licença de câmbio e a aplicação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em transações com stablecoins.
Deputado apresenta proposta para criar uma reserva soberana de Bitcoin no Brasil
O deputado federal, Eros Biondini, apresentou a proposta de projeto de lei PL4501/2024 que propõe a criação da Reserva Estratégica Soberana de Bitcoin (RESBit) no Brasil. A ideia é principalmente diversificar os ativos financeiros do Tesouro Nacional, proteger as reservas internacionais contra flutuações cambiais e riscos geopolíticos.
Além disso, a nova lei visa promover o uso de tecnologias de blockchain nos setores público e privado, E sobretudo, apoiar o piloto da moeda digital brasileira Drex.
Adoção de Bitcoin avança no Brasil
A proposta do deputado brasileiro cita os casos de El Salvador e sua adoção legal do Bitcoin como moeda legal, os fundos negociados em bolsa (ETFs) de Bitcoin à vista nos Estados Unidos, o yuan digital na China, o centro digital e de blockchain de Dubai, e a regulamentação MiCA na União Europeia.
A proposta garante critérios rigorosos na aquisição e gestão de bitcoins, priorizando ativos consolidados com tecnologia reconhecida. Além disso, a transparência será assegurada por meio de relatórios periódicos ao Congresso Nacional e à sociedade, em linha com as melhores práticas de governança. O mercado de criptomoedas tem mostrado expansão constante, diz Eron
Recentemente, o MB revelou que o número de usuários de cripto no país pode chegar à metade da população até 2030. Enquanto isso, estimou que Drex e Pix são vistos como impulsionadores da adoção de criptomoedas no Brasil. Ou seja, 24% da população brasileira já possui algum tipo de criptoativo ou token digital, um número que era de 14% em 2023.
Aliás, o número de usuários e investidores pode chegar a “até metade da população brasileira, o que representaria quase 120 milhões de brasileiros”, até 2030. A exchange então aponta o DREX como o principal impulsionador dessa transição.
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