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Blockchain e sustentabilidade: o que garante confiança em ativos verdes?

4 Min.
Atualizado por Lucas Espindola

Resumo

  • Mercado sustentável cresce, mas carece de dados auditáveis para evitar greenwashing.
  • Blockchain oferece rastreabilidade, imutabilidade e transparência para métricas ESG.
  • Brasil tem potencial para liderar a agenda na COP 30 com infraestrutura de dados confiável.
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Quase tudo o que consumimos ou investimos hoje vem acompanhado de uma promessa: neutralidade de carbono, inclusão, impacto positivo. Mas, quem garante que essas promessas são reais?

Um crédito de carbono representa mesmo uma tonelada reduzida? Um título verde cumpre, de fato, o impacto ambiental que prometeu?

Essas questões estiveram no centro da reflexão que levei ao Blockchain in Rio 2025, um dos maiores eventos de criptoeconomia da América Latina, realizado nos dias 6 e 7 de agosto. A mensagem foi clara: o mercado sustentável só avança com dados confiáveis, e a blockchain pode ser a base dessa confiança.

A emergência climática virou risco econômico

O relógio do juízo final, criado pelo Bulletin of Atomic Scientists para nos mostrar figurativamente o quão próximo estamos de uma catástrofe global, foi ajustado em 2025 para 89 segundos antes da meia-noite: o menor intervalo da história. Um dos principais fatores? As mudanças climáticas.

Eventos extremos já causam centenas de bilhões em perdas econômicas anuais, segundo a ONU e a Gallagher Re. Enchentes no Brasil, furacões no México, colapsos agrícolas e crises energéticas: a instabilidade ambiental já é tratada como risco sistêmico para a economia global.

Mas, para além de ameaça, isso pode significar uma das maiores oportunidades desta geração: usar tecnologia, dados e capital para financiar uma nova lógica econômica baseada em impacto mensurável.

O capital verde já está em movimento

A Agência Internacional de Energia projeta que serão necessários US$ 5,8 trilhões por ano até 2030 para financiar a transição energética. E, o mercado está reagindo:

  • Mais de US$ 4 trilhões em títulos sustentáveis já foram emitidos;
  • Os green bonds somaram US$ 575 bi só em 2023;
  • O mercado voluntário de carbono pode chegar a US$ 100 bilhões até 2030 (BCG);
  • Fundos com mandatos ESG devem atingir US$ 40 trilhões em ativos sob gestão até 2028.

E o mais relevante: isso não é filantropia. É inteligência financeira. Estudos mostram que empresas com boas práticas ESG captam mais rápido, têm menor custo de capital e maior resiliência (Bloomberg, McKinsey).

E, as instituições financeiras já perceberam isso. Diversos bancos e fundos têm estruturado linhas de crédito, produtos financeiros e emissões de títulos atrelados a metas ESG, oferecendo condições diferenciadas, como juros reduzidos, para empresas que comprovam ações concretas, como:

  • Inventário de emissões de gases de efeito estufa;
  • Políticas de diversidade e inclusão;
  • Uso de fontes renováveis.

Ou seja, compliance ambiental e social deixou de ser obrigação regulatória e passou a ser critério real de acesso a capital.

O problema: a confiança nos dados ainda não existe

Segundo relatório da OCDE, 68% das métricas ESG hoje utilizadas são qualitativas e apenas 17% são quantitativas. Ainda, menos de 5% têm verificação robusta. Esse cenário abre margem para o greenwashing,  e traz riscos reais. Foi o que aconteceu com a DWS (ligada ao Deutsche Bank), por exemplo, multada em milhões de euros por inflar dados ESG sem comprovação. Isso nos mostra que, sem estrutura de dados confiável, ESG vira marketing: e não ativo financeiro.

O que falta? Dados auditáveis e uma linguagem comum

Para que finanças sustentáveis funcionem de fato, é preciso:

  • Dados auditáveis;
  • Interoperabilidade entre sistemas;
  • Taxonomias claras sobre o que é “verde”, “social” ou “transição”.

Por isso, frameworks como IFRS S1 e S2, PCAF e GHG Protocol ganham espaço.
E também por isso, guias como o da ANBIMA para títulos sustentáveis passaram a exigir verificação independente. Mas nenhuma dessas iniciativas se sustenta sem infraestrutura tecnológica.

Blockchain: a camada invisível da confiança

Acreditamos que blockchain oferece o que está faltando: rastreabilidade, imutabilidade e auditabilidade. Com blockchain, (i) dados ESG deixam de ser PDFs e se tornam ativos auditáveis; (ii) relatórios de sustentabilidade podem ser ancorados com segurança digital; e (iii) investidores, bancos e reguladores podem ter acesso transparente a informações em tempo real. Dados ESG passam a gerar valor financeiro, e não só reputacional.

O desafio e a resposta

Apesar disso, 80% das empresas ainda reportam ESG manualmente (Deloitte). Muitas gastam mais de US$ 1 milhão por ano com relatórios (EY). E quem não comprova seus dados ESG paga até 20% mais caro para captar, ou simplesmente é excluído. Foi diante desse cenário que nasceu a Allia:
uma plataforma para estruturar dados ESG auditáveis e acessíveis, com rastreabilidade garantida, inclusive via blockchain.

Oportunidade histórica: o Brasil e a COP 30

O Brasil tem todos os ingredientes para liderar essa agenda:

  • Uma matriz energética mais limpa que a média global;
  • Riqueza socioambiental;
  • Um mercado financeiro sofisticado.

Mas nada disso adianta sem infraestrutura de dados confiável. A COP 30 em Belém será a vitrine definitiva: não basta prometer. É hora de provar impacto.

Conclusão

Sem dados, não há sustentabilidade.
Sem confiança, não há mercado.
E blockchain é a ponte entre os dois.

A próxima década será moldada por quem mede, comprova e entrega: não por quem promete.

E esse futuro começa agora.

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Dayana Uhdre
Advisor e fundadora da startup Allia, Dayana atua como Procuradora do Estado do Paraná. Doutora pela Universidade Católica de Lisboa, é autora do livro “Blockchain, Tokens e Criptomoedas e Análise Jurídica”. Membro associada da BABEL-Blockchains and Artificial intelligence for Business, Economics and Law (Universidade de Firenze) e da FGV- SP, é professora convidada em inúmeros cursos de pós-graduações no Brasil e exterior.
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