Ver mais

O Bitcoin está se tornando muito centralizado, diz o CTO da Komodo

3 mins
Traduzido Bruna Brambatti

EM RESUMO

  • O ethos descentralizado do Bitcoin está ameaçado pela crescente centralização das operações de mineração.
  • As principais instituições financeiras estão envolvidas na mineração de BTC, centralizando ainda mais a tomada de decisões.
  • Essa mudança na descentralização do Bitcoin pode alinhá-lo mais com os sistemas financeiros tradicionais.
  • promo

O ethos do Bitcoin como uma criptomoeda descentralizada está ameaçado, de acordo com Kadan Stadelmann, CTO da Komodo, que expressou preocupações à BeInCrypto sobre a crescente centralização na rede.

Essa mudança de seus princípios fundamentais pode redefinir o papel do Bitcoin no cenário financeiro.

Uma grande potência de mineração

Desde sua criação por Satoshi Nakamoto em 2009, o Bitcoin tem sido celebrado como uma força pioneira de autonomia e liberdade financeira, livre do controle de instituições financeiras centralizadas. Entretanto, desenvolvimentos recentes sugerem um desvio desse ideal, direcionando o Bitcoin para o que Stadelmann chama de “paradoxo centralizado”.

Um dos indicadores mais significativos dessa tendência é a concentração do poder de mineração em um punhado de pools de mineração. A Foundry USA e a Antpool, por exemplo, agora controlam mais de 50% do hashrate total do Bitcoin. Essa concentração é ainda mais acentuada quando se considera que mais de 80% do poder de mineração é detido por apenas cinco pools.

Esse domínio de poucos prejudica a natureza descentralizada que o Bitcoin deveria exemplificar.

Distribuição da taxa de hash da rede do Bitcoin
Distribuição da taxa de hash da rede do Bitcoin. Fonte: Statista

A influência do governo e dos órgãos reguladores também complica o quadro. Por exemplo, o pool Blockseer da América do Norte não apenas atende, mas também excede os padrões de conformidade do Office of Foreign Assets Control (OFAC) do governo dos EUA.

Leia mais: Previsão do preço do Bitcoin (BTC) – 2024/2025/2030

Essa conformidade introduz um nível de supervisão e controle governamental que não existia anteriormente, diluindo a promessa descentralizada do Bitcoin.

“Em resumo, uma minoria de mineradores controla recursos substanciais, minando o ethos descentralizado que o Bitcoin afirma defender. Esse cenário questiona a natureza igualitária que o Bitcoin supostamente representa e abre discussões sobre os verdadeiros beneficiários dessa moeda digital”, disse Stadelmann ao BeInCrypto.

Instituições americanas assumem o controle

Stadelmann também acredita que o crescente envolvimento de grandes instituições financeiras nas operações de mineração de Bitcoin sinaliza outra mudança em direção à centralização.

A BlackRock adquiriu ações significativas em duas empresas líderes de mineração de Bitcoin, 6,71% na Marathon Digital Holdings e 6,61% na Riot Blockchain, com investimentos próximos a US$ 383 milhões. Desde 2014, o Fidelity Group tem minerado Bitcoin ativamente. Por outro lado, a Vanguard detém cerca de 17,9 milhões de ações da Riot Platforms e 17,5 milhões de ações da Marathon Digital.

Não se trata apenas de investimento financeiro. Em janeiro, a BlackRock integrou ainda mais o Bitcoin ao mercado financeiro convencional ao registrar documentos na SEC para incluir um fundo negociado em bolsa (ETF) de Bitcoin à vista. Esse novo instrumento financeiro agora administra 272.800 BTC, avaliados em US$ 17,20 bilhões.

Esse número nem sequer inclui as participações de produtos semelhantes gerenciados por outras entidades.

“A crescente influência desses gigantes financeiros nas operações de mineração de Bitcoin pode levar a um cenário em que a tomada de decisões e o controle sobre a rede se concentrem nas mãos de poucos, em vez de serem distribuídos entre um grupo diversificado de participantes”, acrescentou Stadelmann.

Histórico de participações em ETFs de Bitcoin
Histórico de participações em ETFs de Bitcoin. Fonte: CryptoQuant

O cerne do problema está no forte contraste entre a trajetória atual do Bitcoin e seu objetivo original. A visão original do Bitcoin era operar como uma rede descentralizada, independente dos sistemas financeiros tradicionais. Entretanto, o aumento da centralização pode aproximá-lo dos próprios sistemas que ele pretendia contornar.

Leia mais: O que é um ETF de Bitcoin

Essa centralização não é apenas um problema técnico, mas uma questão fundamental sobre a natureza e o futuro do Bitcoin. Ela desafia o ethos descentralizado que tem sido um atrativo significativo para investidores e usuários atraídos pela ideia de um sistema financeiro livre de restrições tradicionais.

Portanto, o apelo de Stadelmann para uma discussão robusta na comunidade Bitcoin é oportuno e essencial.

Melhores plataformas de criptomoedas | Maio de 2024

Trusted

Isenção de responsabilidade

Todas as informações contidas em nosso site são publicadas de boa fé e apenas para fins de informação geral. Qualquer ação que o leitor tome com base nas informações contidas em nosso site é por sua própria conta e risco.

BR-FEED-INSTA-8.png
Bruna Brambatti
Graduada em Filosofia pela UFSM, ela tem um interesse profundo por política e economia, demonstrado através de diversos artigos sobre política grega e filosofia política. Em 2017, ela mergulhou no mundo das criptomoedas e blockchain, envolvendo-se ativamente em projetos Web3, incluindo DeFi como o projeto Metapoly org, NFTs e cybersegurança. Com uma genuína paixão pela complexidade e pelo impacto das tecnologias Web3, ela busca continuamente formas de integrar esses avanços inovadores à...
READ FULL BIO
Patrocinados
Patrocinados