O novo CEO da Binance, Richard Teng, admitiu que a exchange cometeu “deslizes”, mas ressalta que ela está em um ponto importante em sua evolução de uma “startup de tecnologia” para uma “empresa financeira tradicional”.
Teng assumiu o cargo há menos de uma semana, depois da revelação de um acordo entre a Binance e o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ). Uma das condições impostas era a renúncia do então CEO, Changpeng Zhao, que também se declarou culpado de crimes de lavagem de dinheiro.
Teng defende a Binance
Conforme o novo CEO, a Binance não pode mais se comportar como uma startup tech e deve evoluir para uma companhia financeira convencional. Ele falou sobre o assunto em uma entrevista à Fortune:
“A Binance é uma empresa de seis anos de idade – é uma empresa relativamente nova sob qualquer medida. Em anos humanos, ela seria uma criança se preparando para entrar na pré-escola”.
Teng assumiu com a missão de salvar a empresa da crise gerada pela saída de CZ. Um dos medos de investidores é que a ação do DoJ resultasse em uma nova FTX.
A comparação com a exchange de Sam Bankman-Fried é válida: quando as críticas negativas – incluindo as do próprio CZ – começaram a acumular, clientes da empresa fizeram uma corrida ao banco que drenou toda a sua liquidez e revelou que ela havia usado dinheiro de clientes sem permissão.
Não à toa, os boatos da saída de CZ foram suficientes para que um processo semelhante ocorresse na Binance. A diferença é que a exchange tinha volume o suficiente para sobreviver às retiradas.
Esse tópico, aliás, foi reforçado não só por Teng quanto pelo próprio CZ em sua mensagem de despedida no Twitter (X). Ambos frisaram que nenhuma acusação contra a Binance inclui o uso de fundos de clientes.
É difícil saber se, internamente, a Binance considera que a saída de fundos foi alta ou baixa. Independente disso, o fluxo de saques se acalmou e – quem diria! – a custódia de alguns tokens na exchange cresceu em vez de diminuir.
Confiança de CZ
Tendo ou não cumprido com sucesso a primeira missão, o fato é que a ascensão de Richard Teng ao posto mais alto da empresa não ocorreu da noite para o dia. As negociações com o DoJ começaram meses antes de sua divulgação e, com certeza, a escolha de Teng para o cargo foi pensada na mesma época.
Independente disso, o novo CEO garante que tem a confiança plena de seu antecessor que, por mais que não tenha cargo na exchange, continua sendo acionista:
“Eu quero frisar que tenha confiança e confidência de CZ, da equipe de liderança e de nossos membros para liderar esta franquia importante daqui para a frente. E essa confidência é muito importante. Eu acho que ela transcende a responsabilidade por nossos 150 milhões de usuários [clientes]”, afirma.
Por falar em CZ, o cofundador da Binance sempre teve pontos de vista exóticos para um líder corporativo. Uma de suas ideias era que a exchange não precisava de um QG central, uma vez que a maior parte de seu trabalho ocorre à distância. Ele só cedeu nesse ponto porque foi forçado pela legislação de muitos mercados em que a Binance queria entrar.
Teng, por outro lado, acredita que a exchange precisa de uma estrutura corporativa mais tradicional. Essa modificação vai incluir um conselho diretor, um endereço e, mais importante, transparência.
“Uma vez que você tenha essa estrutura corporativa pronta, nós poderemos começar a compartilhar informações financeiras. Nós sabemos que auditorias as exigem e as agências regulatórias as vão exigir também. Portanto nós estamos comprometidos com transparência enquanto organização”, acrescentou Teng. Entretanto, ele não disse quando isso será anunciado.
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