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BeInVerso: conheça o projeto da médica que usa Realidade Virtual e Aumentada para educar médicos

6 Min.
Atualizado por Chris Goldenbaum

O BeInCrypto entrevistou a médica e empreendedora Bianca Miranda, fundadora e CEO da HealthTech Brasil, empresa que promove educação na área de saúde via Realidade Aumentada e Virtual. A entrevista aconteceu no Metaverso, com avatares, e trechos dela estão ao longo da reportagem, adicionais ao texto. 

“Não tem problema o avatar ser diferente, a Dra. B é amorfa”. Foi com essas palavras que a médica de 28 anos, Bianca Miranda, me respondeu quando demonstrei preocupação de que ela não conseguiria utilizar o mesmo exato Avatar que ela usa nas redes sociais, para a nossa entrevista no metaverso

São palavras de alguém que já entende melhor o conceito de metaverso, ou realidade virtual, ou até universo paralelo, como gosto de chamar. Um dos privilégios de se ter um avatar, é justamente o seu desprendimento morfológico.

Dra. B é a avatar que Bianca usa para lhe representar no universo virtual que ela própria criou, a Healthtech Brasil. Uma startup que oferece educação e treinamento para estudantes e profissionais de medicina, usando realidade virtual e aumentada.

Conhecendo melhor o projeto da médica-empreendedora, senti que aquela era a deixa perfeita para lançarmos um novo formato de entrevistas no BeInCrypto – as entrevistas no metaverso. 

Munido com meu Oculus Quest 2, fui para o ambiente virtual com meu avatar e encontrei Bianca na varanda de um apartamento. Esse cenário faz parte do BigScreen, um aplicativo para Quest que promove interações sociais em diferentes ambientes, como cinemas, varandas, apartamentos.

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Curiosamente, apesar de ter mais de 10 de experiência como entrevistador, eu poucas vezes me senti tão ansioso. Felizmente, mais uma vez, o casting se revelou correto: já no metaverso, a Dra. B me explicou a provável razão para a minha estranheza.

“Existe uma relação entre a Dissociação de Identidade e o metaverso. Ocorrem casos em que mesmo pessoas desinibidas na vira real, se tornam tímidas na realidade virtual”, explicou a persona de Bianca Miranda no metaverso – nada como um local para localizar um turista.

Ela também me explicou sobre a teoria do Uncanny Valey, que elucida o abismo entre a compreensão humana sobre uma representação realística e outra menos realística, o que pode causar repulsa. O exemplo usado são braços protéticos ultrarrealistas vs aquele menos realistas. 

Ouvindo a explicação, eu não pude deixar de lembrar de uma célebre charge da revista New Yorker, publicada em 1993 por Peter Weiner. Nela, um cachorro em frente a um computador diz a outro cachorro que está ao seu lado “Na internet, ninguém sabe que você é um cachorro”. 

A charge virou um símbolo, num momento prévio às redes sociais, sobre a possibilidade que passava a surgir – em que se criar personas paralelas a si seria uma possibilidade para todos os cidadãos do planeta. 

Empreendedorismo, Web3 e tecnologia na saúde

Diante de tantas questões complexas, minha conversa com Bianca/Dra. B acabou passeando por diversos tópicos. Apesar do começo filosófico, que voltou em vários momentos da conversa, pude entender um pouco do enorme desafio que ela enfrenta diariamente. Mas, também, da oportunidade gigante que a médica assumiu ao montar uma Healthtech totalmente enviesada para o que nos referimos como Web3. 

Ainda assim, ela aponta que é necessário fazer uma divisão entre as diferentes tecnologias que caem sob o conceito. “Dentro do que a gente chama de Web3, existem muitas pessoas envolvidas com tecnologia de Blockchain e o core business é aquilo e só aquilo”, me diz.

Além de blockchain, a médica cita outros nichos tecnológicos. “Existem também o nicho da Realidade Virtual e Aumentada, que é onde a gente se posiciona na Healthtech Brasil e agora também teve o boom das Inteligências Artificias”, conclui. 

A empreendedora brasileira, e a empreendedora brasileira de alta tecnologia

Quando entramos no assunto sobre empreendedorismo, já se observa em Bianca as cicatrizes comuns ao empreendedor brasileiro. Cansaço, toques de frustração e cicatrizes. No entanto, a minha experiência com inúmeros empreendedores que possuem produtos e serviços comuns ao ‘dia a dia’, difere do que sinto ao conversar com esta empreendedora.

Já que ela está inserida no contexto da alta tecnologia, o que a permite destoar dos problemas mais mundanos do empreendedor comum.

Eu vejo que em termos de tecnologia, disponibilidade, desenvolvedores e até o próprio mercado consumidor, o Brasil é um terreno fértil, conta a Dra. B.

E sua dor maior talvez venha do próprio ecossistema. “Falta maturidade do ecossistema e dos próprios empreendedores para poder identificar que essas ferramentas estão à disposição e transformar isso num produto ou empresa bem-sucedida”, aponta Miranda.

Número de HealthTechs cresce a passos largos no país, mas educação não é o foco

Além de promover a educação prática, o projeto visa cobrir também a educação no que se diz respeito à comunicação entre médico e paciente.

De acordo com pesquisa da PWC, no período de 2021 para 2022, houve um aumento de 32% de startups focadas na área de saúde. É um dado que evidencia que o interesse para empreendedores de levar soluções tecnológicas para a área, cresce a passos largos.

Há uma grande divisão de focos entre os quais essas empresas desenvolvem seus produtos. Da categoria Capacitação, informação e educação, na qual se pode classificar a Healthtech Brasil, são 3,53% do total de startups. Para se colocar em perspectiva, a categoria que lidera é Gestão de processos, com 7,81% das startups tendo como foco.

Antes de me encontrar com a Dra. Bianca Miranda no metaverso, conversei com algumas pessoas da indústria para entender o contexto. Notoriamente, o que apurei foi justamente que a maior demanda de tecnologia se encontra em gestão hospitalar. Bianca me confirmou tal constatação.

Existem casos em que a pessoa recebe uma comida, mas o médico havia dito que a pessoa não poderia comer aquilo”, alerta. “Um dos problemas do sistema de saúde é uma soma de problemas pequenos que juntos acabam causando problemas maiores”, aponta a médica.

Um exemplo comum é de equipamentos que se perdem em um hospital. Quando um departamento usa um equipamento em um andar, e em seguida outro departamento, em outro andar também precisa daquele equipamento, mas não sabe onde encontrá-lo.

Eventualmente, tais desafios devem chegar ao universo da HealthTech Brasil. Bianca me convidou para ser um dos betas testers do hospital virtual que ela criou. Foi a primeira vez na minha vida que gostei de estar em um hospital. A riqueza de detalhes do lugar, como é possível interagir com objetos médicos, o clima de hospital, estavam todos muito bem representados.

Ainda que seja um hospital pequeno, com recepção e algumas salas, já se vê que se trata de um prédio funcional e completo. No roadmap da empresa, o projeto é ainda maior e o hospital deve crescer imensamente. Eventualmente, podendo oferecer outras ferramentas, como a própria gestão hospitalar.

Interações no metaverso devem ser representações das interações humanas?

Na realidade aumentada da startup da Dra. B, busca-se uma reprodução fiel dos avatares às capacidades humanas. Menos por uma questão filosófica e sim por uma questão técnica: para um médico, é crucial poder ter os movimentos humanos da mão e dos dedos.

Mas há o elemento filosófico atrelado à questão também. Bianca observa como alguns dos cacifes das inovações em VR, AR e metaverso, como Mark Zuckerberg, almejam mimetizar as interações humanas.

Sendo assim, será que a Dra. B será amorfa para sempre? Ou ela também será tão mimetizada, que ela terá que ser forçada a optar por uma única forma. A médica Bianca Miranda opta por ser, no hospital em que ela levantou, em sua realidade virtual e aumentada, a dra B. A próxima temporada de seu podcast será inclusive comandado somente pela Dra. B.

Talvez, também, possamos concluir o oposto. Que todos passaremos a ser amorfos como a Dra. B, ou como o cachorro de Peter Weiner. Mas, não vamos perder tempo refletindo sobre isso agora. Contanto que médicos possam se transformar em empreendedores e criar hospitais inteiros para melhorar nossas vidas, já estou satisfeito.

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Chris Goldenbaum
Jornalista e produtor audiovisual, Chris cobre o Brasil para veículos estrangeiros. Já escreveu textos e produziu vídeos sobre os mais diversos tópicos, como Economia, Política, Eventos. Meio Ambiente, Esportes, entre outros. Atualmente, Chris atua como Team Leader do domínio brasileiro no BeIn Crypto, sendo responsável pelo conteúdo e desenvolvimento do mesmo.
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