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Bancos não podem se dar ao luxo de continuar ignorando as criptomoedas

5 mins
Atualizado por Paulo Alves

EM RESUMO

  • Clientes de bancos e investidores institucionais estão cada vez mais interessados no uso de pagamentos com criptomoedas.
  • Bancos precisam fazer o mesmo logo para não serem superados pelas fintechs já existentes.
  • Com a ajuda o DeFi, o sistema financeiro pode ser alçado ao próximo nível.
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Conforme as criptomoedas continuam a ganhar tração significativa, com portais de uso aparecendo ao redor do mundo, bancos centrais estão procurando por alternativas.

Cada vez mais, clientes de bancos de varejo e investidores institucionais estão expressando interesse no uso de formas de pagamento com criptomoedas. Isto ocorre porque eles são mais democráticos e acessíveis que bancos tradicionais, que possuem mais requisitos de entrada.

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A tecnologia por trás das criptomoedas, o blockchain, também está vivendo um aumento de engajamento devido a sua natureza transparente e sem permissões. Por sua vez, isto significa que mais pessoas serão capazes de ganhar acesso ao ecossistema de finanças descentralizadas (DeFi) sem a permissão do governo.

Isto é importante para países em desenvolvimento que querem melhorar o nível financeiro de suas populações, uma vez que pagamentos móveis e internet já ganham popularidade. Por sua vez, governos e bancos precisarão brincar de pega-pega, já que que eles não podem mais se dar ao luxo de ignorar o que está acontecendo.

Para que isto seja bem sucedido, entretanto, precisa haver um incentivo ao blockchain e vontade de levar infraestruturas para todos.

A internet está mudando os bancos

Tecnologias financeiras emergentes como inteligência artigicial (IA), blockchain, a internet das coisas (IoT) e computação quântica são críticas para garantir a equidade e adoção segura de ativos digitais.

Levando o conceito de blockchain mais além, os desenvolvedores e usuários iniciais contam com vários conhecimento de seus riscos e potenciais.

A tecnologia já está transformando inúmeras indústrias: e-commerce, imobiliária, games, arte, moda e esportes são alguns exemplos. Agora, é a vez de bancos e instituições financeiras a abraçarem ou serem substituídas por uma população digitalizada.

Similar à forma como a internet mudou os processos bancários convencionais, também a tecnologia blockchain e o DeFi estão transformando a indústria financeira.

Sem o uso da internet, os negócios de bancos tradicionais são lentos. Compensar cheques é desgastante, transações são feitas a passos lentos, certos serviços de banco só podem ser disponibilizados em determinadas horas do dia e administradores têm muito mais trabalho para fazer.

A internet remove estes problemas. Ela faz isso dando aos usuários a informação que eles precisam ao toque de um botão. Mais importante que isso, ela lhes devolve o controle.

Isto é exatamente o que a tecnologia de criptomoedas e blockchain estão fazendo. Ao abrir o sistema financeiro, mais pessoas ao redor do mundo podem acessar aquilo que muitas outras tomam por garantido.

É por este motivo que uma inovação conjunta entre o mundo cripto e bancos representa a melhor alternativa.

O surgimento dos CBDCs

Uma das áreas em que bancos estão focando suas atenções é nas moedas digitais de banco central (CBDC). Elas estão, pouco a pouco, se tornando realidade.

O Banco Internacional de Acordos (BIS) deu apoio completo ao desenvolvimento de CBDCs. Ele acredita que as finanças precisam ser atualizadas de forma que as grandes empresas de tecnologia não passem a controlar o dinheiro.

As Bahamas foram o primeiro país a lançar ua CBDC. Enquanto isso, a China está fazendo uma série de testes para lançar sua própria. Apesar disso, enquanto outros países estão experimentando CBDCs, o Banco Central Europeu alerta que há um “risco de estabilidade” se os bancos não conseguirem oferecer moedas digitais.

Com tantas startups e empresas nativas no mundo cripto, é possível pular uma infraestrutura inteira ao mesmo tempo em que se permite que estas empresas lancem o ecossistema.

Entretanto, no fim das contas, se os bancos não começarem logo, eles serão ultrapassados e superados por fintechs já existentes e empresas de cripto que estão oferecendo opções bancárias móveis.

Ultrapassagem e superação

Mesmo assim, por mais que os bancos estejam atrasados, eles tem os governos ao seu lado. Na Europa, por exemplo, regulamentações foram aprovadas classificando criptomoedas como “draconianas”. O mesmo poderia ser dito dos Estados Unidos no início de 2021, durante os últimos dias da administração Trump.

Em essência, para regulamentar criptomoedas para o público, legisladores estão relacionando suas restrições àquelas atualmente ligadas a bancos. Além disso, se estas regulamentações se oporem à inovação e afetarem as empresas de criptomoedas, os bancos terão uma chance de alcançá-las.

O Bitcoin está vivendo avanços em sua adoção mainstream. Entretanto, sua proposta original como dinheiro digital não está sendo cumprida uma vez que seus possuidores o preferem como reserva de valor. Em outros locais, as empresas e, talvez, futuramente, os bancos, o preferem como um ativo de investimentos para driblar a inflação.

O Ethereum é o próximo candidato lógico para pagamentos descentralizados. Entretanto, a congestão e as taxas de rede estão se tornando uma barreira de entrada grande demais para muitos usuários, especialmente aqueles em países em desenvolvimento.

Soluções de segunda camada estão enfrentando estes problemas, junto de uma série de atualizações de protocolo que vão coincidir com o Ethereum 2.0.

Benefícios de pagamento em criptomoedas e DeFi

Algumas das vantagens das finanças descentralizadas (DeFi) sobre as tradicionais é que elas são abertas, descentralizadas e transparentes.

Já que toda a folha de balanço está disponível no DeFi, ele está claro para os clientes e emprestadores, além de novos usuários em busca de uma instituição financeira. Há também a possibilidade de fazer esta folha de balanço pública todos os dias como uma auditoria aberta.

Outro benefícios são as transações on-chain. Elas são não-custodiais, portanto todos os fundos ficam na posse do usuário. A isso se acrescenta o fato de que todos os ativos on-chain são mais versáteis para trocas e uso em serviços de DeFi.

Além disso, os dados mais recentes sugerem que o número de pessoas com uma conexão com a internet era de cerca de 4 bilhões em 2019. Isto significa que mais da metade da população do mundo pode em breve acessar carteiras cripto e moedas digitais.

Por último, ao contrário das finanças tradicionais, o DeFi tem cinco qualidades que o distinguem: autônomo, sem permissões, não-custodiado, transparente e independente de confiança.

Um exemplo é a parceria entre a Yearn Finance, um projeto DeFi, e o C.R.E.A.M., um protocolo de empréstimos, que resultou na união de ambos para o lançamento do Cream V2.

Como parte da união, os protocolos lançaram o Iron Bank. Este é um sistema de empréstimos protocolo-a-protocolo para o segmento DeFi. Seu principal diferencial é sua velocidade. Empréstimos podem ser tomados sem a necessidade de garantia. Como resultado, bancos também podem se beneficiar uma vez que ele traz menos intermediários ao negócio.

Um olhar no futuro

Por mais que bancos tentem relevá-los, criptomoedas e DeFi estão aqui para ficar: eles não serão capazes de ignorá-los por mais tempo.

Se bem sucedido, o ecossistema tirará uma parcela maciça de poder das organizações centralizadas, o colocando de volta nas mãos das pessoas. Desde 2008, a confiança naqueles que estão em posição de liderança caiu conforme clientes buscam soluções alternativas.

A colaboração entre cripto e a indústria bancária é essencial para ajudar a fomentar a inovação. Ela também ajuda a baixar despesas, aumentar o lucro e, no fim do dia, na criação de produtos melhores para o usuário final.

Com a ajuda do DeFi, o sistema financeiro pode ser levado ao próximo nível. Isto vai ajudar a incluir as 2 milhões de pessoas em todo o mundo sem acesso a bancos.

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Antoni Martin , Co-Founder Hermez
Antoni Martin é cofundador da iden3 e líder de desenvolvimento de negócios da Hermez. Após ter atuado como economista em um banco por 20 anos, ele mudou para novas tecnologias trazidas pela blockchain. Ele é apaixonado por fortalecer a identidade auto-soberana (SSI) e a escalabilidade, além de desenvolver soluções financeiras de tecnologia de ponta por meio de Zero Knowledge Proof (ZKP).
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