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Artista recria mãe falecida com Inteligência Artificial e resultado é emocionante

4 mins
Atualizado por Chris Goldenbaum

Usei a Inteligência Artificial para levar minha mãe para passear e comemorar o seu dia. Ela era artista, adorava moda e tinha um estilo incrível.  Sempre imaginei como seria se ela estivesse viva para ver tudo o que eu tenho feito e pudesse vestir minhas criações. 

Essas são as palavras da artista carioca Lilli Kessler, ao recriar sua mãe com Inteligência Artificial, em uma homenagem para o Dia das Mães. O que ela não esperava ao usar a tecnologia, era o efeito que causaria nela própria.

“Eu tomei uma porrada. Eu chorava de soluçar e até agora não entendi direito por quê. Acho que é a coisa de vê-la de um jeito que eu não nunca vi. Então é uma imagem nova.” Veja o vídeo abaixo.

Kessler em breve vai lançar a primeira coleção phygital (conceito que une o físico e o digital) do país, durante a Blockchain SP. O projeto será em parceria com a TheMetaWardrobe.

A artista contou ao BeIn Crypto como foi o processo de recriar a própria mãe.

Usando um modelo de inteligência artificial com fotos antigas de sua mãe, ela levou cerca de uma hora para criar o vídeo. Mas afirma que foi trabalhoso.

A ideia era levar a mãe a lugares que ela nunca esteve e que sempre quis ir, como Paris, e usá-la de modelo da nova coleção.

“Comecei a brincar de criar, prompt, queria levá-la para praia, lugar que ela mais amava, e para Paris, lugar que ela sempre sonhou conhecer. É impressionante como a tecnologia pode mexer com as nossas emoções, de forma tão profunda e nos fazer viajar no tempo”, relata Lilli.

Vídeo criador por Lilli Kessler com Inteligência Artificial

Depois de alguns dias para absorver o turbilhão de emoções, a filha da professora Ângela Maria Kessler entendeu que as horas investidas buscando a mãe nas imagens que o algoritmo criava, mexeu em algo muito real dentro dela. 

A artista também revelou que sempre quis ter a mãe como modelo das suas criações de moda.

“Eu já queria fazer isso há um tempo, usá-la de modelo das minhas peças. Eu já tinha brincado com as fotos dela e meus filtros de Realidade Aumentada para vestir com minhas estampas. Já tinha colocado estampa em foto de biquíni dela no Photoshop. Então achei que era mais uma coisa sabe. Só que isso aí é outro nível completamente diferente”, relata a artista.

O sonho da mãe de Lilli era ser artista na França. Algo que não ela realizou, mas que Lilli conseguiu recriar em 2023 com a IA.

E foi na capital francesa, em 2013, que a carioca se assumiu artista e nunca mais parou de criar.

Antes mesmo de conhecer o ecossistema Web3 em julho de 2022, Lilli começou a usar o conceito de realidade aumentada, filtros e photoshop para brincar com o conceito de arte digital e vender suas criações em sua loja online.

“Como minha loja é online eu fiz alguns filtros – sem nunca ter ouvido falar de Web3 – para as pessoas experimentarem alguns produtos, principalmente os óculos.”, diz.

Os experimentos abriram os olhos de Lilli para a Web3. Ela conta como sua vida mudou ao perceber o potencial dos avatares. Após aprofundar seus estudos nas tecnologias, ela mergulhou no universo da moda phygital. Indo do photoshop para o filtro e do filtro para a Inteligência Artificial.

Ao treinar a IA para ter sua mãe como modelo, Lilli aproveitou para criar o avatar de Angela Maria. Mas esse experimento veio com um custo emocional.

“Apesar de ser emocionante, colocar o Photoshop no biquíni ou filmar a foto dela com filtro, sempre é emocionante, gerar novas imagens da minha mãe através da inteligência artificial. Foi outro nível. Me desestabilizou completamente.” 

Lilli agora está colocando o rosto da mãe nas fotos que ela fez em Paris com suas linhas de produtos francesas. Por meio de uma ferramenta chamada FaceSwap, qualquer um pode substituir um rosto por outro em uma imagem. Isso a permitiu de ver sua mãe vestindo suas criações, na cidade que ela tanto desejava conhecer. Veja abaixo.

Imagens da mãe da Lilli criadas com IA em Paris.

A relação com a tecnologia-morte e próximos projetos

Lilli Kessler lembra que hoje em dia tiramos muitas selfies, diferentemente do que se fazia há 15 anos, quando sua mãe faleceu. Além disso, Ângela Maria Kessler passou a última década de sua vida com problemas de saúde, tirando pouquíssimas fotos.

“O que eu tenho de fotos com a minha mãe é de no mínimo 20, 25 anos atrás. Eu já tinha visto todas as fotos que existiam da minha mãe.  Não existe nenhuma imagem dela que eu nunca tinha visto. E aí, quando a inteligência artificial gerou uma imagem que era igual a ela em uma situação diferente, uma foto que eu nunca tinha visto, a sensação que ficou para mim é que eu tinha trazido ela de volta de alguma maneira.”

Naturalmente, o experimento de Lilli Kessler levanta também questões éticas. Atualmente, o mundo discute questões morais como a morte com dignidade, e questões relacionadas à tecnologia e morte, como imortalidade via nanotecnologia.

Para a artista, que conviveu com a morte e a perda naturalmente, não há tabus atrelados. “Sou super bem resolvida com a questão da morte, mas percebi o quão poderoso é isso (IA)! Tenho certeza de que ela iria amar!” conclui.

Em breve, a artista planeja recriar também a sua tia e a sua avó.

Lilli Kessler e os filtros. Crédito: Lilli Kessler
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Aline Fernandes
Aline Fernandes atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por diversas redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia dentro do pregão da BM&F Bovespa, hoje B3...
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