O cofundador da BitMEX e ex-CEO Arthur Hayes afirma que a Circle pode estar supervalorizada em relação à sua
concorrente do setor. Os comentários foram feitos em um texto publicado por ele em sua rede.
Ele observa que a emissora da stablecoin USDC pode estar criando vieses em relação às suas concorrentes, como a Tether (USDT). Essa crítica surge poucas semanas após a Oferta Pública Inicial (IPO) da Circle e sua estreia na NYSE, levantando questionamentos sobre qual empresa de cripto será a próxima a abrir capital.
Circle não consegue igualar a rede de distribuição da Tether, diz Hayes
O executivo da BitMEX argumenta que a Circle enfrenta desafios significativos no mercado de stablecoins, entre eles o fato de que seu modelo de negócios pode não ser tão sustentável quanto muitos investidores imaginavam.
Uma das críticas de Hayes à Circle refere-se à rede de distribuição que impulsiona o sucesso da Tether. Ele menciona a dominância da Tether no setor, atribuindo-a aos canais amplamente difundidos e à adoção precoce nos mercados de capitais de cripto.

Além disso, Hayes explica que a integração da Tether nas principais exchanges impulsiona seu sucesso, com destaque para sua capacidade de movimentar dólares digitais nos mercados globais.
Contudo, segundo ele, a Circle não possui a mesma estrutura de distribuição e depende de uma parceria com a Coinbase para ampliar o alcance do USDC.
“Se você parar de ler aqui, a única pergunta que deve se fazer ao avaliar um investimento em uma emissora de stablecoin é esta: como eles vão distribuir seu produto?”, observa Hayes.
Quais são os desafios da Circle?
Hayes afirma que a Circle precisa dividir 50% de sua receita de juros com a Coinbase para ter acesso à rede de distribuição. Isso faz com que seus lucros, quando comparados aos da Tether, que não paga pela própria distribuição, sejam significativamente menores.
Segundo Hayes, muitos investidores apostam na futura dominância da Circle no mercado, especialmente após sua IPO.
No entanto, ele alerta que essa valorização pode se transformar em uma bolha. Na visão do executivo, o preço das ações pode permanecer elevado por conta do entusiasmo do mercado, mesmo com falhas estruturais no modelo de negócios.
“O preço continuará levitando… a bolha estourará após o lançamento de uma emissora de stablecoin em um mercado público, provavelmente nos EUA, que separa tolos de dezenas de bilhões de capital.”

Dados do Yahoo Finance mostram que as ações da Circle (CRCL) estavam sendo negociadas a US$ 147,45 no pós-mercado.
Qual o futuro das emissoras de stablecoin?
Para Hayes, os novos emissores de stablecoins enfrentarão barreiras significativas, pois os canais de distribuição já estão dominados por players estabelecidos, como Tether e Circle, ou por exchanges que mantêm parcerias exclusivas.
Ele alerta ainda que grandes plataformas de mídia social e bancos devem lançar suas próprias stablecoins, restringindo ainda mais o espaço para novos entrantes. Essa visão se alinha a relatórios que indicam o interesse do Bank of America em desenvolver uma stablecoin própria.
“Os emissores de stablecoins devem utilizar os canais de uma exchange de cripto, de um gigante da mídia social Web2 ou de um banco tradicional”, argumenta Hayes.
Além disso, ele destaca que qualquer novo emissor terá dificuldade para obter tração no mercado sem o apoio desses canais.
“A Tether, com uma equipe de, no máximo, 100 pessoas, consegue alavancar a tecnologia blockchain para escalar e realizar funções críticas de todo o sistema bancário global. Em contraste, o JPMorgan Chase, um dos bancos comerciais melhor administrados do mundo, tem uma força de trabalho de pouco mais de 300 mil pessoas”, afirmou o analista Colin Wu, citando Hayes.
Apesar das críticas à avaliação da Circle, Hayes recomenda cautela ao considerar apostas contra a empresa. Para ele, o entusiasmo em torno das IPOs de stablecoins ainda deve continuar.
“Você deve apostar contra a Circle? CLARO QUE NÃO! Talvez, se você acreditar que a proporção Circle/Coinbase está errada, deva comprar Coinbase”, conclui.
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