O governo da Argentina vai viabilizar um regime comercial que permitirá às empresas usar o yuan no comércio com a China. A novidade, que faz parte de uma série de ações para desdolarizar o comércio, ou seja, permitir que operações comerciais possam ocorrer sem a compra de dólares.
O ministro da Economia do país, Sergio Massa, anunciou que essa possibilidade será implementada a partir da próxima sexta-feira (2).
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A medida consolida o peso estratégico de Pequim na América Latina. O governo argentino acredita que esta decisão pode transformar o estado chinês no principal sócio comercial do país.
Argentina permite comércio direto com a China
O Ministério da Economia explicou o principal motivo da medida:
“Com o objetivo de acelerar o relacionamento comercial e eliminar a intermediação, está estabelecida a abertura de intercâmbio comercial direto entre os dois países por meio do yuan”.
O chefe do Palácio de Hacienda confirmou a notícia depois de participar de uma reunião com as autoridades da mineradora chinesa Tsingshan Holding Group. Ela é a maior produtora de aço inoxidável do mundo.
Massa explicou, no Twitter, os acordos alcançados:
“Trabalhamos com mineradoras em projetos de investimento e produção de lítio na Argentina, que geram empregos e exportam trabalho nacional com valor agregado”.
A decisão deve ter um impacto sobre a proteção das reservas. Por um lado, para fortalecê-los, mas também para evitar manobras fraudulentas que acabaram “roubando as reservas do Banco Central”.
A expressão surge do que foi afirmado ao jornal Ámbito por fontes próximas da Economia.
Até hoje, a maioria dos investimentos chineses era feita ou por meio de caixa com liquidez (CCL) ou eles tinham que comprar dólares pelo Mercado Único de Câmbio Livre (MULC). Em seguida a essa decisão, os investimentos poderão ser feitos diretamente em yuan.
Como funciona a medida
Alguns detalhes sobre a aplicação do novo regime foram divulgados pelo próprio ministro da Economia. De acordo com ele, na próxima sexta-feira haverá uma apresentação aprofundada deste mecanismo durante uma teleconferência com 40 empresas que decorrerá em Pequim.
Massa explicou que, para chegar a essa decisão, outras medidas foram tomadas primeiro, como um mercado à vista e um mercado futuro de yuan. O que virá a partir de agora, conforme ele, será um regime de contas que permitirá que todo o fluxo de investimentos seja feito diretamente sem yuan.
“Esta medida vai eliminar a intermediação, também modera os preços e acabará por equilibrar a balança comercial entre Argentina e China.”
Boas notícias para as reservas do BCRA
A terceira edição do Programa de Incentivo à Exportação III (PIE), mais conhecido como dólar soja 3, terminou oficialmente nesta quarta-feira. Ele é um incentivo para que os produtores agrícolas vendam seus produtos a um preço mais competitivo.
Os números finais já estão acima das expectativas, apesar dos efeitos negativos da estiagem.
Conforme dados oficiais, o dólar soja 3 contribuiu com US$ 5.086 milhões nesta nova parte da proposta. Com esses números, ele superou os US$ 5 bilhões previstos pelo Ministério da Economia quando a ferramenta foi relançada, no dia 12 de abril.
Diferentes cotações do dólar coexistem na Argentina. Esta particularidade, portanto, torna complexo para diferentes setores comerciais vender pelo valor oficial (249 pesos argentinos), quando o valor do dólar azul (490 pesos argentinos) é a verdadeira economia mobilizada.
Como resultado disso, a decisão do governo foi pagar uma taxa de câmbio especial, estipulada em 300 pesos. Com os números divulgados pelo Programa, a determinação tem dado motivos para comemorar.
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