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Presidente da Argentina ajudou outro token fraudulento antes da LIBRA

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Escrito e editado por
Luís De Magalhães

30 outubro 2025 09:23 BRT
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  • Dois meses antes do escândalo LIBRA, Milei teria se juntado aos mesmos promotores no lançamento do token KIP.
  • Dados da blockchain associam Novelli e Terrones Godoy por meio de carteiras que transferiram mais de 150 mil USDT durante o lançamento do KIP.
  • O projeto KIP, com o endosso público de Milei, testou como a influência política poderia mover os preços de tokens antes da fraude de maior escala da LIBRA.
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A comissão do Congresso da Argentina que investiga o presidente Javier Milei revelou provas de que, dois meses antes do escândalo da LIBRA, Milei já havia participado de um esquema quase idêntico.

Os mesmos promotores que atuaram com Milei na LIBRA, em fevereiro, também participaram do lançamento anterior do KIP.

Esquema anterior vem à tona

A fase mais recente da apuração sobre LIBRA revelou a participação prévia de Milei em outro lançamento de token, ligado a figuras já sob críticas das autoridades argentinas.

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Na sessão de terça-feira, em Buenos Aires, Maximiliano Ferraro, líder da comissão investigativa, apontou a estreia, em dezembro, do token KIP, comandada por Julian Peh, fundador da KIP Protocol.

Ferraro destacou a participação dos investidores Mauricio Novelli e Manuel Terrones Godoy, peças centrais em ambas as operações.

A comissão também confirmou que dados de exchanges centralizadas revelaram uma trilha financeira direta que liga os mesmos nomes ao lançamento anterior do KIP.

“A apuração identificou uma carteira na exchange Gate.io, pertencente a Terrones Godoy, da qual 59.992 USDT foram transferidos para uma conta de Novelli, antes vinculada ao golpe de $LIBRA. Na mesma noite, 10 de dezembro de 2024, [Terrones] Godoy fez transferências adicionais a partir dessa conta que somaram mais de 92.000 USDT”, diz o comunicado ao qual o BeInCrypto teve acesso em primeira mão.

Ferraro também ressaltou os amplos vínculos que Novelli, Terrones Godoy, Peh e Milei mantiveram no último ano.

Conexões remontam ao fórum de tecnologia

Em outubro, o governo da cidade de Buenos Aires patrocinou o Argentina Tech Forum. No evento, Peh e Milei fizeram apresentações separadas diante de funcionários públicos e assessores próximos ao presidente. 

Ali, Peh conseguiu estabelecer contato com Milei e com a irmã dele, Karina Milei.

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Esse apoio institucional deu à KIP Protocol a credibilidade necessária para lançar o token KIP em dezembro. O ativo estreou em contrato com a Gate.io e depois foi listado na KuCoin e na MEXC.

A operação seguiu o mesmo modelo de pump-and-dump depois visto com LIBRA. Lançou-se um token sem utilidade real, explorando o impulso político para elevar o preço e realizar lucros elevados no topo.

De acordo com dados fornecidos pela plataforma, os investigadores detectaram que Terrones Godoy e Novelli compraram tokens KIP antes da disparada de preço. Depois, venderam e obtiveram 600 mil dólares em um único dia. 

Ferraro também confirmou a movimentação de recursos entre Novelli e Terrones Godoy, ocorrida no mesmo período.

“A carteira de Terrones Godoy recebeu (sem pagar por eles) 6.750.000 tokens KIP e imediatamente começou a vendê-los. Horas após iniciar a liquidação, Terrones Godoy publicou um tweet promovendo KIP. Ao todo, a conta executou mais de 400 transações e sacou mais de 152.700 USDT em apenas 15 minutos naquela noite, valores que incluem o montante enviado a Novelli”, diz o comunicado da comissão.

Milei também usou o lançamento de KIP como campo de teste, preparando o terreno para o que se desenrolaria de forma muito semelhante no lançamento de LIBRA em fevereiro.

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Piloto KIP como teste para lançamento da Libra

Dois dias antes do lançamento de KIP, Milei compartilhou nas redes sociais uma publicação de Peh anunciando que a KIP Protocol havia decidido investir na Argentina.

Martín Romeo, autor da ação penal contra Milei, afirmou que a operação serviu como teste para medir como um endosso presidencial poderia influenciar o preço de uma memecoin.

O efeito foi imediato: com o lançamento, o preço de KIP subiu rapidamente, e Novelli e Terrones Godoy venderam suas posições. 

“Tudo o que vemos hoje com LIBRA começou com KIP. Uma fraude em escala piloto que, meses depois, se repetiu com apoio político e milhões de dólares perdidos de investidor”, disse Romeo em publicação nas redes sociais, acrescentando: “Está tudo documentado. Tudo começou no Tech Forum, no Hotel Libertador.”

Outros detalhes sobre Peh também vieram à tona durante a sessão de terça-feira.

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Provas de fraude de identidade e próximos passos

Ferraro e outros integrantes da comissão retomaram a constatação anterior de que o fundador da KIP Protocol, Julian Peh, atuou com identidade falsa. 

Confirmaram que o nome real dele é Peh Chnyi Haur, cidadão de Singapura que usou o pseudônimo para participar do Tech Forum de outubro. Com esse nome, Peh também se reuniu em privado com Milei, participou de reuniões oficiais, circulou supostos acordos governamentais e assinou documentos.

Quando a Justiça solicitou informações à Interpol de Singapura, não encontrou registros no pseudônimo.

Ferraro também detalhou os próximos passos que a comissão do Congresso adotará na apuração: solicitar mais informações a diferentes plataformas está entre as prioridades.

“A Comissão solicitou à Gate.io que identifique o proprietário de uma das contas recebedoras, que movimentou 120 mil USDT nas primeiras horas da manhã, quando o golpe com o $LIBRA foi executado”, dizia o comunicado.

Ele acrescentou que as intimações do Congresso para familiares de Novelli seriam reenviadas, em razão de imagens de segurança que mostram Novelli, a mãe e a irmã manuseando cofres antes e depois do lançamento do token.

Ferraro também se comprometeu a entregar todas as provas reunidas pela comissão parlamentar ao tribunal responsável pela investigação criminal paralela.

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