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O que é uma bridge blockhain – Guia para iniciantes

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Atualizado por Maria Petrova

Podemos dizer que a popularização das criptomoedas fez com que o setor financeiro passasse por diversas mudanças significativas nos últimos anos. Esse sucesso das criptomoedas mostrou que a próxima versão da internet, a web 3.0, deve ser impulsionada pela tecnologia blockchain.

Várias plataformas já estão trabalhando para transformar a web3 em realidade. No entanto, o desenvolvimento da nova internet cria um ecossistema complexo de soluções de dimensionamento de blockchain. E com isso, existe um aumento no número de protocolos de blockchain.

Para criar integrações perfeitas entre essas blockchains, para que os ativos possam mover entre diferentes cadeias sem problema, é necessário uma bridge blockchain (ponte blockchain).

Neste artigo vamos entender o que é uma bridge blockhain, como elas conectam os mundos da blockchain e por que elas são essenciais na construção da Web 3.0.

Neste artigo:

O que é interoperabilidade

bridge

Para entender o que são as bridges blockhain e como elas funcionam, precisamos primeiro entender o que é a interoperabilidade. Quando dois ou mais sistemas podem conversar entre si, podemos dizer que eles são interoperáveis. A interoperabilidade acontece quando duas redes podem interagir uma com a outra perfeitamente, além de transferir dados e valor, mesmo que não sejam a mesma rede.

Por exemplo, vamos pensar em bancos, funcionando em países diferentes, sem integração nenhuma entre eles. Se um usuário utiliza um banco e o outro usuário utiliza outro banco e eles tentassem transferir dinheiro um para o outro, isso seria difícil se não completamente impossível. Sem a interoperabilidade, trabalhar em redes não seria possível. No mundo digital, sem a interoperabilidade, o dinheiro seria inutilizável.

É por isso que a interoperabilidade, ou a falta dela, é um dos maiores problemas que as blockchains estão enfrentando no momento.

A importância da comunicação entre blockhains

Por que as blockchains precisam se comunicar? Imagine que um desenvolvedor está criando um aplicativo descentralizado (dApp) em uma blockchain específica. Geralmente, o objetivo do desenvolvedor é aproveitar todos os benefícios desta plataforma. No entanto, ao utilizar uma plataforma, ele deixa de aproveitar o benefício de todas as outras blockhains. Afinal, cada blockchain fala uma própria linguagem, então os dados de uma blockchain não podem ser lidos por outra.

Por exemplo, o Bitcoin, a criptomoeda com mais usuários no mundo, não se comunica ou interage com outras blockchains. Isso é um problema quando uma blockchain serve como base para grandes partes do sistema. O Ethereum é outro exemplo, sua blockchain serve como rede principal para todo o sistema DeFi, dApps e NFTs.

Durante os últimos inúmeros projetos e plataformas foram lançados, no entanto, apenas os usuários com a criptomoeda Ethereum puderam utilizar esses projetos. O mesmo aconteceu com projetos baseados em Bitcoin e outras criptomoedas.

A descentralização é a missão da blockchain. Porém, se um usuário só puder utilizar uma rede específica para acessar todo o ecossistema de plataformas e serviços, ele estará centralizado em torno de uma única blockchain.

Por isso, a interoperabilidade é tão importante. À primeira vista pode parecer que a interoperabilidade é somente uma questão sobre poder se mover entre diferentes redes blockchain, mas na verdade, trata-se realmente da descentralização da blockchain.

O que é uma bridge blockhain

bridge blockchain

Bridges blockchains são conexões entre dois ecossistemas blockchain. Assim como as pontes na vida real conectam dois locais físicos, uma bridge blockchain integra duas blockchains executadas em protocolos semelhantes ou variados. A bridge permite a transferência de dados e tokens entre os ecossistemas. Além disso, ela ajuda a blockchain a propagar os “livros distribuídos” além dos limites locais de uma rede mesh, criando interconexões perfeitas.

As blockchains são desenvolvidas em ambientes isolados, além disso, elas possuem regras e mecanismos de consenso diferentes. Isso quer dizer que duas blockchains não podem se comunicar nativamente. Portanto, tokens e ativos não podem se mover livremente de uma blockchain para outra. É aí que as bridges atuam, pois são a conexão entre dois ecossistemas.

Para entender melhor como funciona uma bridge blockhain, vamos dar um exemplo. Imagine que um usuário queira trocar Bitcoin por Ethereum. Para fazer isso o usuário precisa de uma exchange que possua o par BTC/ETH para fazer a troca. No entanto, se o usuário quiser utilizar o BTC na rede ETH, isso seria impossível. Com a bridge, o usuário consegue enviar BTC na rede ETH através do que chamados de tokens embrulhados ou wrapped tokens.

As bridges são importantes principalmente para as finanças descentralizadas (DeFi), que se baseiam quase que inteiramente no Ethereum. As bridges conseguem introduzir conexões entre redes anteriormente isoladas.

Como funciona uma bridge blockchain

Para entender como funciona uma bridge blockchain temos que entender que as pontes possuem algumas etapas que funcionam em conjunto para transmitir informações, como ativos, provas e outros) de uma blockchain de origem para uma blockchain de destino:

  • Monitoramento – o oráculo, validador ou retransmissor monitora o ativo na blockchain de origem;
  • Retransmissão de mensagens – quando um evento acontece na blockchain, a transferência de informações se inicia na blockchain de origem para a blockchain de destino;
  • Consenso – algumas vezes, o oráculo precisa estar em consenso para poder transmitir a informação à blockchain de destino;
  • Assinatura – o oráculo precisa assinar criptograficamente as informações que estão sendo enviadas para outra blockhain.

As bridges blockhains são baseadas no protocolo burn and mint (queime e cunhe). Isso quer dizer que os tokens não são transferidos, e sim queimados na blockchain de origem e cunhados na blockchain de destino.

Wrapped tokens

Uma bridge blockchain é a maneira como um token passa de uma blockchain para outra. E uma vez que esse token mudou de blockchain, ele é chamado de wrapped. Um wrapped token ou moeda embrulhada é um token que representa uma rede, mas vive em outra.

Por exemplo, se um usuário quiser usar Bitcoin na blockchain Ethereum, o wrapped Bitcoin (WBTC) é a forma de fazer isso. Para criar o WBTC, o usuário deve enviar o BTC para a bridge BTC/ETH. O BTC ficará preso na bridge e a mesma quantidade de WBTC será cunhada na rede Ethereum.

Uma vez na rede Ethereum, o WBTC pode ser utilizado como qualquer outro token do ETH. Isso acontece porque o WBTC é um token ERC20 e opera perfeitamente com o ecossistema Ethereum. Além disso, o usuário pode usar o token embrulhado em projetos e plataformas construídos no Ethereum, o que abre portas para que uma infinidade de plataformas DeFi sejam exploradas, sem o usuário precisar passar pelo processo de troca do BTC para ETH.

Por fim, quando o usuário quiser recuperar o BTC, basta enviar o WBTC de volta para a bridge, onde ele vai ser queimado, e o BTC bloqueado será devolvido para a carteira do usuário.

O BTC não é a única criptomoeda que pode ser embrulhada, usuários fazem uso das bridges de blockchain para embrulhar e enviar tokens de diversas redes. Além disso, alguns desenvolvedores usam pontes blockchain para explorar outros sistemas blockchains e experimentar dApps nativos ou aproveitar as melhores taxas de juros em outras redes.

Tipos de bridge blockchain

Existem diversos tipos de bridge blockhain, elas podem ser categorizadas de acordo com seus mecanismos, funções e níveis de centralização.

Bridges de custódia e sem custódia:

As pontes blockchains podem ser divididas entre custodial (bridges centralizadas) e não custodial (bridges descentralizadas).

As bridges custodiais exigem que o usuário confiem em uma entidade central para operar o sistema de forma segura e adequada. Os usuários precisam confiar no operador da bridge antes de utilizá-la, para garantir que a entidade seja confiável.

Já as bridges não custodiais operam de maneira descentralizada. Elas contam com contratos inteligentes para gerenciar os processos de bloqueio e cunhagem de tokens. Isso elimina a necessidade do usuário de confiar em um operador de bridge.

Bridges blockchain por funções:

As pontes também podem ser classificadas de acordo com as suas funções, como bridges de tokens embrulhados e bridges sidechain.

A bridge de wrapped tokens permite a interoperabilidade de criptomoedas. Como mencionado anteriormente, o usuário pode transformasr BTC em WBTC e utilizá-lo na rede Ethereum. Já as bridges sidechain conectam uma blockchain mãe com a sidechain filho, permitindo assim uma interoperabilidade entre ambos. A sidechain é importante para as cadeias que possuem mecanismos de consenso diferentes. Por exemplo, a bridge xDai conecta a rede Ethereum à blockchain xDai. A blockchain xDai usa um conjunto de validadores diferentes daqueles utilizados pela rede Ethereum. A bridge xDai permite que valores sejam transferidos entre as duas cadeias de forma fácil.

Bridge blockchain com mecanismos diferentes

Existem pontes que utilizam mecanismos diferentes para operar, como as bridges unidirecionais e bridges bidirecionais. A ponte unidirecional permite que o usuário conecte um ativo a uma blockchain de destino, mas não de volta à sua blockchain nativa. Já as pontes bidirecionais permitem que usuário conecte um ativo em ambas as direções.

Benefícios das bridges blockchain

As bridges blockchain oferecem diversos benefícios para os usuários, incluindo:

  • Corrigir problemas de desenvolvimento e reduzir os custos de transmissão

Os desenvolvedores de aplicativos que trabalham com uma plataforma blockchain específica podem sofrer com problemas de transações lentas entre dois ecossistemas blockchain e custos altos durante os períodos de alto tráfego e congestionamento.

Ao utilizar as pontes, os desenvolvedores podem enviar as criptomoedas para uma blockchain que irá processá-las mais rapidamente e a um custo menor. As bridges blockchain permitem que os desenvolvedores criem aplicativos em suas blockchains favoritas sem precisar se preocupar com problemas de interoperabilidade ou custos de roteamento.

  • Maior escalabilidade em diferentes redes blockchain

As blockchains se beneficiam do uso de uma bridge. Primeiro, a bridge blockchain reduz o tráfego de rede distribuindo o processamento de criptomoedas por outras redes menos congestionadas. Além disso, uma bridge torna as blockchains escaláveis, removendo o consenso e as diferentes regras específicas do ecossistema.

  • Liquidações e pagamentos mais rápidos ou instantâneos

As bridges blockchain resolvem problemas de escalabilidade que as redes blockchain populares como o ETH costumam enfrentar. A bridge permite que as transações ponto a ponto sejam feitas de forma instantânea. Além disso, os pagamentos e liquidações não são afetados pelo congestionamento ou tráfego da rede. Ao contrário, as cargas de trabalho são transferidas para blockchains de menor congestionamento para processamento instantâneo. Além disso, os dApps são os maiores beneficiários das bridges blockchain, já que eles podem realizar transações complexas em um ritmo mais rápido.

Riscos das bridges blockchain

Apesar dos seus diversos benefícios, as bridges blockchain possuem suas limitações. Hackers já conseguiram explorar as vulnerabilidades dos contratos inteligentes de algumas pontes de blockchain. Além disso, grandes quantidades de criptomoedas foram apropriadas indevidamente por agentes mal-intencionados de bridges de cadeia cruzada.

Outra limitação acontece com as bridges custodiais, que podem expor os usuários a riscos de custódia. Ou seja, a entidade centralizada que está por trás de uma bridge de custódia pode teoricamente roubar os fundos dos usuários. Por isso é importante utilizar bridges custodiais conhecidas e com histórico de longo prazo.

Além disso, outra limitação técnica são os gargalos nas taxas de transação. O gargalo de capacidade de taxa de transferência de uma cadeia pode prejudicar a interoperabilidade em larga escala. Ainda que uma bridge possa aliviar o congestionamento em uma rede movimentada, transferir ativos para outra cadeia não resolve o problema de escalabilidade. Já que os usuários podem não ter acesso ao mesmo conjunto de dApps e serviços o tempo todo. Afinal, os dApps não estão disponíveis em todas as bridges, o que acaba limitando a eficácia de dimensionamento.

Por fim, as bridges podem expor os protocolos subjacentes a riscos relacionados à disparidade na confiança. As pontes de blockchain se conectam a diferentes blockchains, portanto, a segurança geral das redes interconectadas é tão forte quanto o elo mais fraco.

Perguntas frequentes

O que é uma bridge blockchain?

Como funcionam as bridges blockchain?

Quais tipos de bridges blockchain existem?

Se você quiser saber mais sobre a bridge blockchain, confira os nossos artigos educacionais. Afinal, aqui você pode encontrar todas as informações de que precisa para começar!

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Airí Chaves
Com formação em marketing pela Universidade Estácio de Sá e um mestrado em liderança estratégica pela Unini, escreve para diversos meios do mercado de criptomoedas desde 2017. Como parte da equipe do BeInCrypto, contribuiu com quase 500 artigos, oferecendo análises profundas sobre criptomoedas, exchanges e ferramentas do setor. Sua missão é educar e informar, simplificando temas complexos para que sejam acessíveis a todos. Com um histórico de escrita para renomadas exchanges brasileiras,...
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