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Adoção de criptomoedas estabiliza no sul da Ásia, segundo Chainalysis

5 mins
Atualizado por Aline Fernandes

EM RESUMO

  • Chainalisys publica resumo sobre adoção global de criptomoedas em 2022
  • NFTs são a maior entrada para as criptomoedas na Ásia Central e no Sul da Oceania (CSAO).
  • Região abriga sete dos vinte principais países que mais adotaram criptomoedas este ano
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Os cidadãos da Ásia Central e do Sul da Oceania (CSAO) receberam US$ 932 bilhões em criptomoedas entre julho de 2021 a junho de 2022, segundo levantamento da Chainalysis.

A região CSAO é o terceiro maior mercado de criptomoedas do mundo de acordo com o estudo publicado parcialmente. Também abriga sete dos vinte principais países que mais adotaram criptomoedas este ano. O Vietnã aparece em primeiro lugar no ranking, na sequência vem Filipinas, em 4º lugar a gigante Índia, Paquistão em 6º, Tailândia em 8º, Nepal no 16º e Indonésia, um dos países mais pobres do mundo, ocupa a 20 ª posição

A Índia lidera a atividade com criptomoedas e movimentou US$ 172 bilhões em valor de criptoativos de julho de 2021 a junho deste ano. Tailândia, Vietnã, Austrália e Cingapura seguem logo atrás, cada um recebendo mais de US$ 100 bilhões em criptoativos.

O Uzbequistão, na Ásia Central, e as nações insulares da Oceania, como as Maldivas, estão menos envolvidos com os ativos digitais.

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O estudo também indica que os tokens não fungíveis (NFTs) são talvez a maior entrada para as criptomoedas atualmente.

“58% do tráfego da Web de endereços IP nos países da Ásia Central e no Sul da Oceania para serviços de criptomoeda no segundo trimestre de 2022 foi relacionado a NFT; outros 21% foram para os sites de jogos blockchain e play-to-earn”.

Vale ressaltar que games P2E e NFTs estão relacionados, já que boa parte dos itens disponíveis no ecossistema dos jogos são os tokens não fungíveis, como, por exemplo, o Axie Infinity.

Esses colecionáveis digitais podem ser negociados e revendidos em vários marketplaces diferentes como por exemplo a OpenSea e MagicEden, movimentando ainda mais as criptomoedas nos locais citados.

Jogos P2E em destaque

Algumas nações da CSAO também se destacam no mundo por serem centros de inovação em entretenimento. Caso da Índia e Austrália, que são as sedes dos desenvolvedores de blockchain de jogos Polygon e Immutable X. O Axie Infinity e o STEPN são operados no Vietnã e na Austrália, respectivamente

O tráfego para sites relacionados a assuntos como contratos de câmbio descentralizados, no entanto, diminuiu nos últimos trimestres. Isso provavelmente está conectado ao mercado o inverno cripto de acordo com o estudo.

O vice-presidente sênior de operações e estratégia da Liminal, um provedor de infraestrutura de carteira com sede em Cingapura, Manan Vora, descobriu que esse é o caso. 

“O crash da UST desempenhou um grande papel em abalar a confiança do mercado de criptomoedas. Quando uma das dez principais moedas vai a zero, torna-se muito difícil fazer com que as pessoas que acabaram de entrar no mercado permaneçam no mercado. Esses são os usuários que você pode perder para sempre.”

Pagamentos de remessas impulsionam a rápida adoção no Vietnã e nas Filipinas

Pelo segundo ano consecutivo, o Vietnã ficou em primeiro lugar em nosso índice de adoção de criptomoedas. As Filipinas, por sua vez, deram um salto gigantesco, saltando de 15º para segundo. Ambos os países têm impulsionadores de crescimento semelhantes: jogos de jogar para ganhar (P2E) e remessas, ressalta a Chainalisys.

Estima-se que 25% dos filipinos e 23% dos cidadãos vietnamitas tenham jogado um game P2E.

O Vietnã e as Filipinas também são grandes mercados de remessas, com os fluxos de remessas representando 5% e 9,6% de seus respectivos produtos internos brutos em todo o país. 

Na visão de Manan Vora, as criptomoedas – especialmente as stablecoins – ajudam a preencher a lacuna nos casos em que os país não têm acesso a canais bancários tradicionais e serviços de transferência de dinheiro como o Western Union que cobram altas taxas

“Faz muito sentido. Por que pagar 3% a um intermediário bancário e esperar dois dias para que os fundos cheguem a eles quando o USDT/USDC pode alcançá-los em um minuto, com taxas quase zero?”

A mesma tese de remessa reflete em outros países da CSAO. 

Paquistão, Índia e Bangladesh têm mercados de remessa de mais de US$ 20 bilhões, e os provedores de pagamento baseados em blockchain estão começando a atrapalhar os intermediários tradicionais. Alguns desses trilhos de pagamento estão sendo construídos em coordenação com agências governamentais, como o trabalho do banco central paquistanês com a Alipay. 

Essas transferências geralmente são feitas via stablecoins, para que o valor transferido seja preservado em trânsito.

Como mostra o gráfico acima, stablecoins e ETH/WETH são os dois principais tipos de ativos mais negociados em muitos países da CSAO – consistente com um modelo de adoção centrado em remessa e NFT.

Falta de regulamentação cripto diminui atividade, mas ritmo de inovação segue em alta

No índice de adoção de criptomoedas de 2021, os cidadãos indianos e paquistaneses foram o segundo e terceiro maiores adotantes de criptomoedas globalmente, respectivamente. Em 2022, caíram para quarto e sexto. Desenvolvimentos regulatórios recentes podem ajudar a explicar o porquê.

Índia criou imposto para criptomoedas

Em 1º de abril de 2022, o governo indiano implementou um imposto de 30% sobre todos os ganhos de criptomoedas, sem que os usuários pudessem compensar suas perdas. Após dois meses, no dia 1º de julho, os usuários de criptomoedas indianos passaram a pagar uma taxa adicional de 1% por cada transação.

“Isso levou a muita fuga de cérebros”, disse Vora: “primeiro para Cingapura e agora para Dubai. … porque mesmo que seu negócio seja criador de mercado, agora está sendo efetivamente tratado como um negócio de loteria.” 

Vikram Rangala, diretor da ZebPay, uma exchange indiana de criptomoedas, ajudou a entender a perspectiva do governo sobre essas novas regras. Para eles, explica, trata-se de proteção ao consumidor:

Pelas conversas que eu e meus colegas tivemos, as pessoas no governo indiano, incluindo membros do parlamento, não são anti-cripto em si. Alguns são muito pró-cripto. Mas eles estão preocupados com o fato de seus constituintes negociarem um ativo volátil sem informações adequadas.  Nenhum funcionário público pode ser visto apoiando algo que é tão arriscado para a maioria das pessoas. Pessoas ricas podem sobreviver a tais perdas, mas um faxineiro, fazendeiro ou motorista não podem. 

E, na opinião de Rangala, a inovação em criptomoedas na Índia continuou inabalável. 

A Índia tem dezenas de projetos cripto trabalhando para estabelecer direitos de propriedade, acesso a ingressos e passes de membros, ajudando produtores rurais a monetizar, até mesmo dando aos detentores de tokens a chance de “saltar de paraquedas com uma estrela de cinema em Dubai” e muito mais.

Paquistão quer proibir criptomoedas

Em janeiro de 2022, o banco central e o governo do Paquistão recomendaram a proibição de criptomoedas. Desde então, o governo federal formou três subcomitês para deliberar mais sobre o assunto e, eventualmente, propor suas próprias políticas de criptomoedas. Resta saber se as políticas implementadas serão ou não tão restritivas quanto a proibição proposta.

Outros problemas complicam ainda mais a adoção de criptomoedas no Paquistão. O país está na lista cinza da Força-Tarefa de Ação Financeira (GAFI) desde 2018, prejudicando sua capacidade de obter ajuda financeira internacional e endurecendo a atitude negativa do governo em relação às criptomoedas. 

O governador do Banco Estatal do Paquistão (SBP), Reza Baqir, afirmou, em fevereiro, que os riscos potenciais associados às criptomoedas “superam em muito os benefícios” e nomeou a “expansão da economia cinza” e a “fuga de capitais” como as principais preocupações. Isso sem mencionar a situação potítica complicada no país.

Vikram Rangala lembra: “Depois de assistir Venezuela e Argentina, acho que qualquer pessoa que esteja em um país onde as coisas não são tão estáveis, está começando a ver a criptomoeda como uma possibilidade”.

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Aline Fernandes
Aline Fernandes atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por diversas redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia dentro do pregão da BM&F Bovespa, hoje B3...
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