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Web3 pode ajudar na indústria do entretenimento? Esse empresário acredita que sim

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Atualizado por Júlia V. Kurtz

O uso de blockchain e web3 como tecnologias fundamentais do mercado cripto não é novidade para investidores. Entretanto, elas podem ajudar em outras áreas, como o mercado de entretenimento e de esportes, de acordo com o CRO da Block4, Guilherme Guimarães.

Ele é profissional de negócios do esporte, entretenimento e digital, com experiência global. Começou em marketing na Unilever, tendo graduado em Publicidade na UFMG. Liderou esportes no Twitter durante a Copa de 2014, consultou para Coca e Facebook para as olimpíadas de 2016, liderou as operações do Strava no país e lançou o DAZN Brasil. Em 2020, co-fundou a Block4, que constrói plataformas de NFT para produtores de conteúdo e marcas, entre eles, o maior projeto de NFTs da América Latina, com o Rock in Rio.

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Nesta conversa com o BeInCrypto, Guimarães fala sobre o mercado de entretenimento, de esportes e como as tecnologias web3 podem impulsionar atletas e produtores de conteúdo nessas áreas.

Guilherme Guimarães
  • Como a Block4 começou?

A Block4 surge da experiência que nós tínhamos na indústria do entretenimento focado no esporte. Nós percebemos uma oportunidade de aumentar o engajamento e criar oportunidades de monetização e sentimentos de propriedade com produtores de conteúdo e os objetos de sua paixão.

E nós tínhamos uma relação com outro dos fundadores, que tinha uma empresa de infraestrutura de blockchain. Nós unimos forças porque entendemos que blockchain e web3 poderiam ser usadas como ferramenta para atingir esses objetivos.

Ou seja, foi uma questão de oportunidade, entender que existe um caminho muito importante a ser traçado dentro da indústria do entretenimento.

  • Quais as vantagens que essas tecnologias novas trazem?

O que é inerente a elas é a capacidade de gerar rastreabilidade, confiabilidade e propriedade. Claro, há também a questão de monitoramento do mercado secundário, especialmente em NFTs, por causa da especulação.

  • NFTs tem uma cerca má fama. Como fazer com que as pessoas entendam os benefícios da tecnologia?

Nós buscamos educar nossos parceiros e clientes. Uma das coisas que nós sempre falamos é que o golpe não existe por causa da tecnologia e sim por causa do desenvolvimento da humanidade. Ele existe porque o ser humano é um ser falho.

Golpes não foram criados por causa da blockchain, ou de criptomoedas ou de web3. Eles sempre existiram. Antes disso, eles eram feitos em ouro. O maior esquema de pirâmide da história era feito em uma impressora matricial.

A tecnologia traz outras oportunidades de fazer golpes, mas o blockchain ajuda a evitá-los porque você tem garantia de rastreabilidade, garantia de procedência e tudo mais. Ou seja, você tem um desincentivo que isso seja feito através da tecnologia. É claro que o problema existe, mas não é necessariamente da tecnologia.

E nós entendemos que havia a necessidade de trazer mais conhecimento e mais educação para o mercado como um todo de como usar cripto e como usar blockchain. Então nós criamos o whitepaper que pode nos mostrar como a ferramenta pode ser usada como engajamento ou como marketing, não só para a indústria de entretenimento e sim para a indústria como um todo.

Nós focamos muito em usos de caso voltados ao mundo do marketing, mas o serviço é muito mais profundo, pode ir pro lado do engajamento, pro lado do relacionamento. O documento mostra um pouco dos nossos pensamentos e nós vimos que ele ressoava muito com parceiros em potencial e com clientes.

  • O mercado brasileiro está aberto a receber as novas tecnologias?

Eu sempre digo que o mercado brasileiro não é trend setter, mas existe, sim, abertura para a adoção de novas tecnologias. Mas, quando adotamos, fazemos isso muito rápido.  

  • Como web3 e blockchain ajudam no setor de esportes?

Essas tecnologias trazem oportunidades não só para atletas como para influenciadores e produtores de conteúdo em geral a terem novas possibilidades de monetização.

Em suma, nós estamos falando da antecipação de recebíveis, da possibilidade de criar materiais promocionais e participar de campanhas que gerem mais engajamento.

E como isso funciona na prática? O atleta pode criar uma coleção de NFTs que dê direito aos donos de terem algum tipo de participação em canais exclusivos, com experiências exclusivas.

Por exemplo, um atleta de um esporte de menor popularidade, que tenha menos seguidores, como hipismo ou iatisimo, pode criar um NFT que será a porta de entrada para um programa de relacionamento em que a pessoa vai ter direito a uma aula de equitação, de iatismo.

Ela vai ter direito de participar de um momento exclusivo com o atleta, de processos de divulgação de conteúdo. Tem uma série de benefícios, uma série de questões que você pode colocar em torno da tecnologia, agregando liquidez.

Então você pode presentear um amigo com o NFT e ele pode vender esses benefícios no mercado secundário. Ou seja, há uma série de coisas que podem agregar valor usando a tecnologia. Ela é um meio muito importante porque pode ajudar o usuário e, também, o atleta, o produtor de conteúdo.

Isso acontece muito com novas tecnologias e novas tendências. Você tem um efeito manada: uma vez que alguém fala de algo, muita gente usa. Há um fluxo muito grande de pessoas para aquele produto e isso gera um esgotamento.

Nós não vemos isso apenas em web3. Quando as redes sociais chegaram, havia muitas delas. Claro, depois houve um momento de consolidação e hoje as pessoas usam sem se preocupar sobre como aquilo é feito.

O que vai acontecer com a web3? As pessoas vão usar sem perceber que estão entrando em programas de fidelidade, comprando ingressos e colecionáveis digitais mas nós não vamos necessariamente dizer que é um NFT.

Eu não sei se há muita rejeição ao termo no Brasil. Na própria Block4, nós não usávamos no início, então temos a tendência de não falar da tecnologia em si e sim de sua usabilidade.

Isso é algo que outros empresários também dizem: as pessoas estão focando muito na tecnologia e não no que ela oferece.

  • Está havendo um aumento do escrutínio regulatório de criptomoedas e web3 no mundo. O Brasil, inclusive, aprovou um marco legal das criptomoedas. Como isso tem afetado o mercado?

O impacto, para nós, foi pouco porque não trabalhamos no aspecto financeiro do mundo cripto. Nós falamos de produtos, de colecionáveis, de programas de finalidade e semelhante.

É sempre natural que surja uma regulação que controle esses vários aspectos, porque sempre acontecem maus usos e isso precisa ser controlado. Até porque é uma novidade e tudo o que é novo precisa de um período de entendimento e de consolidação, que é o estágio que nós estamos passando agora.

Há um universo grande de discussões acontecendo em torno da tecnologia que são muito importantes e essa é só uma delas. A regulamentação de criptomoedas chegou na mesma época da de redes sociais e elas estão puxando a de inteligência artificial.

E, também, é importante frisar que os reguladores sempre vão correr atrás da tecnologia A tecnologia vai avançando e a regulamentação vem atrás. Ela nunca precede a tecnologia.

O grande cuidado que precisamos é não criar um arcabouço que diminuía a propensão à inovação porque, se isso acontecer, vai prejudicar a população e o próprio país.

Por exemplo, essa discussão da liberdade de expressão é extremamente importante: como se define o que é ou não fake news? E aí nós levamos essa discussão para IA: quem determina o que é propriedade intelectual? É a própria IA ou é quem gera o prompt que cria o estímulo para que a ferramenta opere? Há vários fatores que precisam ser levados em consideração.

  • Como você chegou no mundo cripto?

Eu vim do mundo do entretenimento e do esporte. Minha carreira começou nos anos 2000, quando eu trabalhava em grandes empresas de bens de consumo. Depois, eu passei para agências e fui para a Inglaterra fazer um mestrado em gestão do esporte e do entretenimento.

Eu voltei ao Brasil em 2009 e entrei de cabeça no mundo do esporte. Em seguida, em 2013, surgiu a oportunidade de juntar duas das minhas grandes paixões: tecnologia e entretenimento esportivo.

Foi então que eu assumi a área de esportes do Twitter no Brasil e comecei a trilhar esse caminho. Em 2018, o meu sócio me apresentou às criptomoedas e foi nessa época que eu fiz minha primeira compra.

Eu sempre fui muito curioso e quando nós começamos a conversar sobre isso, eu entendi que poderia trazer a blockchain para o mundo de entretenimento que eu já conhecia. Foi um pouco depois que nós formamos a Block4.

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Júlia V. Kurtz
Editora-chefe do BeInCrypto Brasil. Jornalista de dados com formação pelo Knight Center for Journalism in the Americas da Universidade do Texas, possui 10 anos de experiência na cobertura de tecnologia pela Globo e, agora, está se aventurando pelo mundo cripto. Tem passagens na Gazeta do Povo e no Portal UOL.
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