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Trump cripto: o que vai acontecer com a indústria?

6 mins
Atualizado por Aline Fernandes

EM RESUMO

  • O que pensam analistas, investidores, diretores e CEOS das maiores exchanges e plataformas cripto do mundo? Confira aqui.
  • "Próximos anos serão críticos para cripto", diz Coinbase
  • Chiliz pode voltar para os EUA se regulamentação cripto avançar no país, revela CEO para o BeInCrypto.
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Donald Trump tomou posse como 47º presidente dos Estados Unidos (EUA), a maior economia do globo. Nas primeiras horas, o republicano assinou alguns atos e medidas polêmicas. Entre as ordens assinadas por Trump estão a saída dos EUA do acordo de Paris e anistia aos envolvidos na invasão do Capitólio em 06 de janeiro de 2021.

SEC cripto 2.0 com nova força tarefa cripto

Apesar de não ter feito menção ao setor cripto nas primeiras ações como presidente, parte da indústria demonstra otimismo. Nesta terça-feira (21), por exemplo, o presidente interino da Securities Exchange Commission (SEC), Mark T. Uyeda anunciou a criação de uma força tarefa para criptoativos. Segundo um comunicado, o novo grupo irá desenvolver uma estrutura regulatória abrangente e clara para os criptoativos.

Até o momento, a SEC tem se apoiado principalmente em ações de execução para regular a criptomoeda de forma retroativa e reativa, muitas vezes adotando interpretações legais novas e não testadas ao longo do caminho, diz o comunicado que anuncia a força-tarefa pró cripto.

A clareza sobre quem deve se registrar e soluções práticas para aqueles que buscam se registrar têm sido ilusórias. O resultado tem sido a confusão sobre o que é legal, o que cria um ambiente hostil à inovação e propício à fraude. A SEC pode fazer melhor, continua o comunicado oficial.

Novo recorde do BTC

Enquanto isso, o preço do Bitcoin  – que bateu um novo recorde nesta segunda-feira (20), valendo US$ 109.350, segue em alta. Neste momento a moeda digital vale US$ 106.951 – valorização de mais de 3% em 24 horas e quase 11% em sete dias.

E após a nova marca, o BeInCrypto Brasil perguntou a especialistas, exchanges e investidores. Agora, o que a indústria cripto, Wall Street e mercados ao redor do mundo podem esperar?

E mais: o mercado acredita em uma mudança de postura mais pessimista de Trump em relação ao Brasil? 

Fim da “Caça às Bruxas cripto”?

Pedro Xavier, sócio da Mannah, startup especializada em tecnologia Blockchain, vê um cenário otimista. Especialmente pela indicação de Paul Atkins à SEC.


Atkins é um defensor fervoroso da inovação e da redução de burocracia na indústria cripto. Nos últimos anos, ele foi um crítico contundente da postura rígida adotada pela SEC, que promoveu uma verdadeira “caça às bruxas” contra o setor.”, diz Xavier.

Essa abordagem da SEC nos últimos anos marginalizou exchanges do mercado financeiro e freou inovações em blockchain devido à burocracia excessiva. Com Atkins no comando, o mercado espera um ambiente mais favorável à expansão e desenvolvimento da tecnologia blockchain e das exchanges, atraindo mais investidores e mais inovação para o setor, impactando positivamente o mercado financeiro globalmente, coomplementa.

Rocelo Lopes, CEO da SmartPay  solução que facilita uso de cripto, permitindo saques via pix em real, também vê uma condição favorável.

Esse aumento, ou melhor, essa retomada do preço do Bitcoin é uma prova disso. E vamos ver também outras criptomoedas tendo um desempenho melhor por conta de ter uma liberdade maior, ter menos medo de uma SEC e ter pessoas de primeiro escalão desse atual governo com uma mentalidade muito mais aberta para o cripto, acredita Rocelo.

O Diretor Latam da CoinEx, Pedro Gutiérrez, falou ao BeInCrypo que Wall Street e os mercados globais podem esperar um aumento dos fluxos de capital para as criptomoedas, à medida que os investidores procuram refúgio da imprevisibilidade das classes de ativos tradicionais.

A curto prazo, se as políticas de Trump continuarem a criar um desconforto econômico, será possível ver um maior impulso para o Bitcoin, especialmente em regiões como o Brasil, onde a adoção do mesmo aumenta constantemente, opina Gutiérrez.

Para o CEO da SmartPay, as transações internacionais irão melhorar muito.

É onde eu vejo as stablecoins tendo um grande papel neste exato momento. Vale muito a pena ficar de olho nisso. Já para o lado brasileiro, é claro, que vai fazer uma pressão muito grande em cima do mercado nacional a ter a mesma postura que o mercado internacional, principalmente o americano. Então vai ser interessante ver como é que o nosso mercado financeiro e o de criptoativos vão responder a isso, pondera Rocelo.

Smart Pay vê Bitcoin acima de R$ 1 milhão em 2025

Sobre ter um governo americano pró cripto, ele acredita que pode colocar ainda mais pressão no preço. “E a gente vai ver, sem dúvida nenhuma, uma corrida de preços muito em breve. Eu não acredito que o Bitcoin não chegará a US$ 1 milhão esse ano, mas, sem dúvida nenhuma, chegará a R$ 1 milhão ainda esse ano”, acredita Rocelo Lopes.

O sócio da Mannah também segue com olhar otimista para o cenário brasileiro. Pedro Xavier, pondera que um governo americano alinhado ao setor pode atuar como um aliado estratégico, facilitando o intercâmbio de inovação e abrindo portas para o Brasil atrair mais capital estrangeiro, especialmente com o avanço do DREX.

Uma abordagem regulatória mais favorável nos EUA tem o potencial de fortalecer cadeias globais de inovação, permitindo que o Brasil, com o DREX como peça-chave na modernização do mercado financeiro, se integre de forma estratégica e aproveite novas oportunidades econômicas e tecnológicas em escala global, exemplifica Xavier.

“Próximos anos serão críticos para cripto”, diz Coinbase

O diretor regional para as Américas da Coinbase, Fábio Plein, diz que os próximos anos serão críticos para a legislação cripto.

 Nós esperamos que os candidatos eleitos nas eleições americanas do ano passado de fato se posicionem a favor de uma atualização do mercado financeiro e que tragam mais clareza regulatória para o mercado americano, o que tende a influenciar também outros mercados globais, como o Brasil, que está trabalhando para fornecer clareza regulatória para o mercado cripto.

Segundo Alex Dreyfus, CEO do Grupo Chiliz, a volta de Donald Trump à presidência sinaliza uma mudança significativa no cenário regulatório dos Estados Unidos, especialmente com a postura pró-cripto de sua administração.

Para as indústrias de blockchain e criptomoedas, isso representa uma oportunidade importante para inovação e expansão de mercado. Um ambiente regulatório mais favorável pode reacender o interesse por criptoativos, incluindo Fan Tokens, posicionando-os como um elemento central do ecossistema econômico e tecnológico mais amplo, opina Dreyfus.

Chiliz pode voltar para os EUA

O executivo até sinalizou uma possível volta da blockchain para os EUA. “Na Chiliz, vemos este momento como crucial para restabelecer nossa presença nos EUA – um mercado essencial devido à sua influência incomparável na indústria esportiva global.”

Embora obstáculos regulatórios anteriores tenham apresentado desafios, um clima mais favorável às criptomoedas sob a nova administração pode abrir caminho para relançarmos iniciativas neste mercado-chave, que encaramos como uma grande oportunidade para todo o setor cripto” revelou ao BeInCrypto o CEO do Grupo Chiliz.

Para o gestor do ICP Hub Brasil, João Kury, “o que Trump faz com mercado cripto não envolve o mercado brasileiro.

Nossas médias e regras são diferentes.  Ele pode trazer otimismo, mas não muda que o próprio governo já vem adotando medidas mais severas para conseguir tramitar a base regulatória dos ativos digitais que são as criptomoedas”, acredita Kury.

Já o Diretor Latam da CoinEx falou que com “a administração de Trump enfatizando políticas de proteção, como a renegociação de acordos comerciais e a imposição de tarifas mais altas, a relação EUA-Brasil poderá sofrer mudanças notáveis”.

Segundo Gutiérrez, historicamente, o Brasil tem sido um parceiro comercial fundamental para os EUA, mas uma mudança para políticas mais isolacionistas, poderia levar o Brasil a diversificar as suas relações comerciais e a dar prioridade a alianças regionais, como o Mercosul, ou a reforçar os laços com outras potências globais, como a China.

Do ponto de vista das criptomoedas, tais mudanças poderiam acelerar a adoção de soluções descentralizadas no Brasil, especialmente se as empresas enfrentarem maiores barreiras no comércio internacional tradicional, finaliza o executivo da CoinEx.

Binance espera mais clareza regulatória

Richard Teng, CEO da Binance, a maior exchange cripto do planeta, espera “mais clareza regulatória, incentivando uma participação e demanda mais ampla por criptoativos por parte de instituições financeiras tradicionais.”

Esse desenvolvimento regulatório provavelmente incentivará outros países a seguirem o exemplo, criando uma estrutura global mais coesa para as criptomoedas. Embora os resultados destas ações se desenrolem ao longo do tempo, as circunstâncias atuais sugerem que esses desenvolvimentos podem acontecer em um ritmo acelerado em 2025, acredita Teng.

EUA, divisor de águas

Para Teng, “o que acontecer nos EUA será um divisor de águas para a indústria. Se as expectativas da indústria forem atendidas, haverá mudanças de dimensão significativa e uma mudança no centro de gravidade em toda a indústria de criptomoedas”.

A Binance não opera nos EUA nem possui usuários no país, mas o impacto das políticas macroeconômicas americanas é global. Como maior economia e principal mercado financeiro, uma postura pró-cripto dos EUA provavelmente influenciará políticas em outros países, que buscarão acompanhar decisões tomadas em Washington, detalha o CEO da Binance.

Segundo Richard, o recente estabelecimento de uma Reserva Estratégica de Bitcoin nos EUA demonstra confiança institucional nos ativos digitais. Além disso, diversos governos e bancos centrais já discutem o papel do Bitcoin e de outras criptomoedas nas reservas nacionais.

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Aline Fernandes
Aline Fernandes atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por diversas redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia dentro do pregão da BM&F Bovespa, hoje B3...
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