A América Latina, com mais de 600 milhões de habitantes, ainda enfrenta um histórico problema de liquidez em seus mercados de capitais, reflexo de um setor bancário concentrado, tarifas elevadas e entraves regulatórios. Essa combinação restringe investimentos e reduz a competitividade global da região.
A dificuldade é visível: enquanto os Estados Unidos, com metade da população, possuem mais de 1.200 unicórnios, a América Latina tem menos de 50. Além disso, rodadas de captação entre US$ 30 milhões e US$ 50 milhões chegam a custar até 7% em taxas, agravadas por serviços dolarizados. Para o investidor de varejo, a desigualdade é ainda maior, já que em países como o Peru, ele pode pagar até onze vezes mais em tarifas do que um investidor institucional.
SponsoredNo Brasil, o cenário também é desafiador. Segundo a MF Group, empresas que buscam levantar recursos enfrentam regras complexas, instabilidade regulatória e um sistema tributário oneroso. Esses fatores encarecem operações e atrasam processos, dificultando o acesso ao capital.
Tokenização abre caminho para inclusão financeira
Nesse contexto, a tokenização desponta como alternativa transformadora. A tecnologia baseada em blockchain pode reduzir custos de captação para 2% a 4% e encurtar prazos para até 90 dias, além de permitir a compra fracionada de ativos de alto valor a partir de US$ 1. Essa democratização abre espaço para que investidores comuns tenham acesso a produtos antes restritos a grandes instituições.
O avanço do mercado de Security Token Offerings (STOs) exemplifica essa tendência, com projeções de crescimento entre 45 e 75 vezes até 2030. El Salvador já ilustra os benefícios: após adotar o Bitcoin como moeda legal, o país criou em 2023 a Lei de Emissão de Ativos Digitais (LEAD), que estabeleceu um marco regulatório pioneiro, simplificando a captação e ampliando a liquidez.
Mais do que eficiência, a tokenização inaugura uma nova fase de inclusão financeira. Mulheres, idosos e jovens sem histórico de crédito podem ser incorporados à economia formal, reduzindo barreiras e estimulando um desenvolvimento mais equilibrado na região. A tecnologia, portanto, não apenas moderniza o sistema financeiro, mas oferece uma oportunidade concreta de redistribuição de capital, capaz de liberar o potencial econômico da América Latina, avalia Will Hernandez, gerente de desenvolvimento de negócios da Bitfinex na América Latina.