As principais tesourarias de Bitcoin brasileiras enfrentam incertezas regulatórias após a intensificação de restrições na Ásia. O cenário levanta dúvidas sobre possíveis mudanças no Brasil, enquanto o setor local avalia riscos e tendências globais.
A OranjeBTC e Méliuz, autorizados a negociar na B3, seguem atuando conforme as normas em vigor. No entanto, o clima regulatório internacional passa por transformações que ampliam o debate sobre proteção ao investidor e transparência das operações.
Cenário Brasileiro contrasta com proibições asiáticas
Apesar de Hong Kong e Índia bloquearem listagens de tesourarias de Bitcoin, a postura do Brasil difere. Especialistas afirmam que não há sinais de restrição iminente. Igor Carneiro, CEO da Vault Capital, avalia que o país prioriza transparência e educação ao investidor no lugar de medidas radicais.
SponsoredAutoridades buscam evitar que listadas brasileiras se transformem em alternativas indiretas para investimento em Bitcoin, papel semelhante ao de ETFs. Isso poderia ampliar riscos ao investidor, principalmente diante de estruturas pouco transparentes.
Segundo Carneiro, “as restrições asiáticas têm como objetivo ampliar governança e transparência e impedir que empresas virem instrumentos indiretos de investimento em Bitcoin, o que afetaria o nível de risco percebido pelo mercado”. Por outro lado, o ambiente local é considerado mais flexível pelas particularidades do mercado cripto brasileiro.
O que torna o mercado brasileiro diferente?
No Brasil, investidores contam com produtos como COEs e ETFs de Bitcoin, o que reduz a necessidade de empresas listadas dedicadas a manter esse ativo em caixa. Gustavo Cunha, fundador da Fintrender.com, aponta que a existência dessas opções diminui o apelo das tesourarias em bolsa.
Essas companhias atuam numa zona cinzenta, uma vez que não têm operação tradicional produtiva — sua principal função é segurar Bitcoin, de modo similar a bancos ou ETFs. Esse modelo chama atenção de reguladores, que seguem atentos ao equilíbrio entre inovação e supervisão.
A OranjeBTC e Méliuz continuam acessando o mercado de capitais pela B3. Procurada, a bolsa brasileira preferiu não comentar sobre possíveis adaptações às tendências regulatórias mundiais.
Próximos passos: educação, supervisão e crescimento
Por ora, não existem novas restrições às tesourarias de Bitcoin no Brasil. Contudo, se mais investidores buscarem exposição ao ativo via empresas listadas, o debate pode ganhar força. Para Carneiro, o foco será ampliar transparência e conhecimento ao invés de sanções, à medida que a B3 atrai atenção internacional com inovações digitais. A própria B3, em eventos como a B3 Week 2025, reforça o compromisso com transparência e oportunidades em ativos digitais.
Até o momento, há pouca manifestação sobre o tema em redes sociais. A escassez de discussões públicas mostra como o futuro das tesourarias de Bitcoin permanece incerto e restrito a especialistas do mercado.
Enquanto aguardam esclarecimentos da B3 e de reguladores, empresas que detêm grande volume de Bitcoin operam em uma zona regulatória indefinida. A continuidade das tesourarias depende do equilíbrio entre inovação, supervisão e proteção ao investidor, temas centrais no contexto das recentes restrições globais.