Tensões comerciais impulsionadas por Trump provocam saídas significativas do mercado cripto e levantam dúvidas sobre o apetite institucional.
O resultado segue o aumento das tensões comerciais nos EUA, gerando cautela entre investidores em meio às novas tarifas de importação do presidente Donald Trump.
Saídas de cripto na última semana
De acordo com o último relatório da CoinShares, as saídas de cripto totalizaram mais de US$ 200 milhões na semana passada, principalmente devido ao medo de que as interrupções comerciais possam estagnar o crescimento global.
Os produtos de investimento em ativos digitais registraram saídas totalizando US$ 240 milhões na semana passada, provavelmente em resposta às recentes notícias sobre tarifas comerciais dos EUA que ameaçam o crescimento econômico, afirmou James Butterfill da CoinShares em seu relatório.
O Bitcoin sozinho foi responsável por US$ 207 milhões das saídas, afetando significativamente seu volume de entrada no ano, que agora está em US$ 1,3 bilhão.
Os produtos do Ethereum também sofreram, registrando saídas de US$ 37,7 milhões. A Solana e a Sui seguiram com US$ 1,8 milhão e US$ 4,7 milhões, respectivamente.
Isso marca uma reversão acentuada em relação ao relatório da semana anterior, que havia registrado US$ 18 milhões em entradas de altcoins, encerrando uma sequência de quatro semanas de perdas.
A mudança no sentimento reflete a crescente incerteza dos investidores. Embora a venda tenha sido generalizada, os EUA lideraram as saídas com US$ 210 milhões. Isso apoia o argumento de que as tarifas de Trump contribuíram para a crescente incerteza do mercado.
O plano, anunciado como parte da agenda comercial “America First” do presidente, inclui dois componentes principais. O primeiro foi uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações para os EUA a partir de 5 de abril, afetando quase todos os parceiros comerciais.
Em segundo lugar, tarifas “recíprocas” mais altas, variando de 11% a 50%, terão como alvo países específicos com superávits comerciais significativos com os EUA ou altas barreiras para produtos americanos. Essas taxas escalonadas, afetando cerca de 57 a 90 países, começarão na quarta-feira (9).
Nesse contexto, a China enfrenta uma tarifa recíproca de 34% além de uma já existente de 20% – totalizando 54%. Enquanto isso, a União Europeia enfrenta 20%, o Japão 24% e o Vietnã até 46%.
Nesse cenário, a mídia local relatou que a China acusou os EUA de bullying econômico.
A China acusa os EUA de unilateralismo, protecionismo e bullying econômico com tarifas, comentou o analista Jackson Hinkle em sua análise.
ETFs de Bitcoin nos EUA registram saída de US$ 172 milhões.
Enquanto isso, a retirada institucional foi mais evidente no mercado de ETF de Bitcoin à vista dos EUA. Esses instrumentos financeiros registraram US$ 172,89 milhões em saídas líquidas na semana passada, encerrando uma sequência de duas semanas de entradas que havia adicionado quase US$ 941 milhões.
De acordo com dados da SoSoValue, a maioria dos resgates ocorreu em quatro dos cinco dias de negociação, refletindo a escala da inquietação dos investidores.
Os dados da Farside Investors corroboram a perspectiva, mostrando que o GBTC da Grayscale liderou com US$ 95,5 milhões em saídas, seguido pelo BTCW da WisdomTree com US$ 44,6 milhões.
Outros ETFs, incluindo o IBIT da BlackRock, o BITB da Bitwise, o ARKB da ARK 21Shares e o HODL da VanEck, relataram resgates variando de US$ 4,9 milhões a US$ 35,5 milhões.
Apesar de uma forte entrada no meio da semana de US$ 220,76 milhões em 3 de abril, não foi suficiente para compensar as pesadas perdas nos outros dias. De segunda a sexta-feira, houve saídas consistentes, com a terça-feira registrando sozinha US$ 157,64 milhões em resgates.
Saídas em ETFs de Ethereum expõem aversão ao risco, interesse institucional resiste
Os ETFs do Ethereum também não foram poupados, marcando seis semanas consecutivas de saídas totalizando quase US$ 800 milhões desde fevereiro. Só na semana passada, os fundos de Ethereum registraram US$ 49,93 milhões em resgates, reforçando a narrativa de aversão generalizada ao risco.
Ainda assim, alguns pontos positivos surgiram. A EZBC da Franklin Templeton, a FBTC da Fidelity e o mais recente spot da Grayscale, o Bitcoin Trust, coletivamente viram entradas de US$ 61,8 milhões. Isso sugere que o interesse institucional seletivo permanece.
O CEO da CryptoQuant, Ki Young Ju, abordou o pânico mais amplo, enfatizando que os fluxos institucionais ainda dependem fortemente de liquidações on-chain.
Descartar dados on-chain devido ao papel do Bitcoin é equivocado; é essencial para entender a dinâmica de oferta e demanda do mercado, afirmou no X (antigo Twitter).
Na verdade, enquanto a segunda semana do segundo trimestre começa, os investidores monitoram se o recuo representa uma correção temporária. Segundo o Standard Chartered Bank, o Bitcoin pode se recuperar já na sexta-feira (11). Enquanto isso, o sentimento sugere que pode iniciar uma mudança estrutural mais profunda na narrativa institucional da cripto.
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