O mercado financeiro brasileiro abriu esta quinta-feira (10) sob pressão, após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de tarifas de 50% contra o Brasil. O Índice Ibovespa amanheceu com queda de 1.279 pontos, uma retração de 0,85%, até a publicação desta matéria. Ainda não há confirmação sobre quais produtos serão tarifados a partir de 1º de agosto.
De fato, o Ibovespa futuro, com vencimento em agosto de 2025 (INDQ25), encerrou o pregão com queda de 2,44%, a 137.800 pontos ontem (09). Já o dólar futuro com o mesmo vencimento subiu 2,30%, alcançando 5.6115 pontos. O índice à vista recuou 1,31%, enquanto o dólar comercial teve valorização de 1,06%, sendo negociado a R$ 5,50.

Pela manhã, as bolsas abriram com a valorização de 0,59 no dólar comercial, que está sendo cotado a R$ 5,53, neste momento. Outros índices apresentaram quedas: -0,83% na IBX, -0,82% na IBX50, -0,61% na IEE e, quase, -2% na INDX.
Empresas brasileiras listadas nos EUA sofrem perdas
O anúncio também afetou ações de companhias brasileiras que operam nos Estados Unidos. A Embraer registrou queda de 9% na abertura dos negócios. O Itaú Unibanco e o Santander recuaram 2,7% e 2,4%, respectivamente.
Setores da indústria e do agronegócio demonstram preocupação com os impactos imediatos sobre exportações e empregos, enquanto o dólar dispara e os juros futuros precificam o risco inflacionário. O Ibovespa futuro recua mais de 2%, pressionado pela fuga de risco, especialmente em papéis ligados à exportação, como Embraer, Petrobras e bancos. A curva de juros sofre estresse, sobretudo nos vencimentos longos, refletindo o temor de uma reversão no processo de desinflação, disse Luccas Florêncio, contribuidor da comunidade de investimento TC.
O Brasil é um dos principais exportadores de commodities para o mercado norte-americano. Desde janeiro, o país já exportou mais de US$ 2,387 bilhões em petróleo bruto, US$ 1,5 bilhão em aço e ferro, e US$ 1,17 bilhão em grãos de café.
Pelo volume de exportações para os EUA, o impacto no agronegócio e na mineração pode ser menor, a Petrobras, por exemplo, registrou a queda de aproximadamente 1% nas últimas 24 horas. Enquanto isso, a mineradora Vale teve um aumento nas ações de quase 3% na BVSP Bovespa.
O que o Brasil vai fazer?
Nesta quinta-feira (10), pela manhã, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se reunir para traçar estratégias para contornar a situação. Na reunião emergencial estão presentes o ministro da Casa Silva, Rui Costa, o ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, e a ministra da Secretaria de Relações Institucionais do Brasil, Gleise Hoffmann.
Ontem (9) à noite, o presidente Lula publicou em suas redes sociais que as alegações de Donald Trump, sobre o déficit comercial com o Brasil, são falsas. Desde 2009, a balança comercial brasileira é favorável aos EUA, foram mais de US$ 90 bilhões em importações pelo Brasil até junho de 2025. Além disso, o país governado por Trump apresenta um saldo superavitário de quase US$ 50 bilhões, desde 1997.
Vale lembrar que, em meados de abril, a Câmera e o Senado Federal publicaram a Lei nº 15.122, conhecida como “Lei da Reciprocidade Econômica”. O texto estabelece critérios para a suspensão de concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a medidas unilaterais adotadas por países ou blocos econômicos que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira.
Bitcoin atinge máxima em meio à tensão comercial
Em meio ao aumento da aversão ao risco, o Bitcoin (BTC) registrou novo recorde histórico ao atingir US$ 112 mil. A criptomoeda acumulou alta de quase 3% no dia, impulsionada pelo otimismo com possíveis cortes de juros nos Estados Unidos.
A valorização do BTC ocorreu após a divulgação da ata da reunião de junho do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC). O documento revelou que a maioria dos membros do Federal Reserve apoia ao menos uma redução de juros ainda em 2025. Alguns integrantes indicaram a possibilidade de iniciar o corte já na próxima reunião, marcada para 30 de julho, caso a inflação continue desacelerando.
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