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Exclusivo Suposta casa de CEO e fundador da Atlas Quantum é filmada na Espanha por vítima; Veja vídeo

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Atualizado por Thiago Barboza

A suposta casa que o fundador e presidente da Atlas Quantum, Rodrigo Marques dos Santos, estaria vivendo foi gravada na cidade espanhola Calella. A residência fica na região de Catalunha, Barcelona. O vídeo foi registrado por uma das vítimas da empresa.

Suposta casa de CEO e fundador da Atlas Quantum é filmada na Espanha por vítima; Veja vídeo
imagem: Matheus Muller/ Calella, Espanha. Casa de Rodrigo Marques seria a de vidro preto, diz vítima.

Procurado pela justiça e acusado de fraudar cerca de 200 mil investidores no Brasil e no mundo, nós tentamos conversar com Marques dos Santos por telefone.

O fundador da Atlas recebeu e leu as mensagens da reportagem, mas não retornou ao pedido para esclarecer o seu endereço atual de residência. Também não respondeu porque ele não compareceu à CPI das Pirâmides Financeiras, mesmo sendo convocado.

Como tudo começou

Marques dos Santos fundou a Atlas Quantum em 2018 com Fabrício Spiazzi Sanfelice Cutis, na capital paulista. À época a promessa era de lucros robustos com um robô de arbitragem chamado “Quantum”, que supostamente comprava e vendia Bitcoin em plataformas diferentes, sempre com ganhos.

No ano seguinte, em agosto de 2019, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), suspendeu a empresa de ofertar seus produtos com multa de R$ 100 mil ao dia, em caso de descumprimento da determinação judicial.

Em outubro de 2019, a Atlas deixou de fazer os depósitos aos investidores. O alerta estava aceso e desde então, milhares de vítimas ganharam na justiça o direito de reaver os recursos investidos. Mas nenhuma delas obteve sucesso até agora.

Os prejuízos estimados dos investidores estão entre R$ 5 bilhões e R$ 7 bilhões.

O esquema sofisticado envolveu até participações de atores famosos como Cauã Reymond e Tatá Werneck, ambos no ar atualmente na novela das 21h, na TV Globo.

Vídeo mostra casa de Rodrigo Marques dos Santos em Barcelona

As imagens abaixo foram gravadas por Fabrício dos Santos Galletti, policial do judiciário federal e outro brasileiro. Ambos lesados no caso Atlas Quantum.

Conforme as vítimas, a casa de vidros pretos seria a do fundador e presidente da Atlas Quantum, Rodrigo Marques dos Santos.

Matheus Muller Ferreira de Abreu, líder do grupo Valquíria (vítimas da Atlas) também estava no local. Ele nos contou que sofreu um atentado por parte do segurança de Marques no território espanhol e que teve o celular furtado.

Suposta casa de CEO e fundador da Atlas Quantum é filmada na Espanha por vítima; Veja vídeo
Suposta casa de CEO e fundador da Atlas Quantum é filmada na Espanha por vítima; Veja vídeo

No Boletim de Ocorrência registrado em Calella, as vítimas relataram para a polícia que foram à Espanha para recuperar o dinheiro que haviam investido na Atlas Quantum.

No total, cerca de 400 pessoas do grupo Valquíria perderam em média 850 Bitcoins. Hoje, um BTC vale mais de US$ 43 mil. Portanto, o equivalente a mais de US$ 365 milhões.

O B.O. cita uma testemunha que seria vizinho de Marques.

Ex-investidor da Atlas Quantum acusa Jair Bolsonaro de receber R$ 600 mil

Durante o depoimento à CPI das Pirâmides Financeiras, Mateus Muller disse:

“O que me chamou a atenção foi a doação de R$ 600 mil para Jair Messias Bolsonaro por meio de advogados e pessoas ligadas à diretoria da Atlas Quantum. Sugiro a essa Casa que convoque Carolina de Almeida Costa, que confirmou essa informação. Ela era diretora financeira da Atlas. Bem como a ex-mulher do Rodrigo [Marques], que também atuava no alto escalão da empresa [Ester Braga]”.

As supostas doações ilegais teriam ocorrido entre 2018 e 2019.

Matheus Muller / crédito Bruno Spada / Câmara dos Deputados. Fonte: Agência Câmara de Notícias

“As autoridades nunca se posicionaram de forma eficaz para investigar e trazer alguma luz para quem esperava uma resposta. Então, somente depois de muitos dias e horas de conversa com Beatriz [Braga, ex-mulher de Rodrigo Marques], ela informou que talvez poderia ter o motivo dessa morosidade e dessa falta de empenho das autoridades. E ela está disposta a comparecer [à CPI], desde que garantam a segurança dela, e trazer todas as provas da relação de Rodrigo Marques com deputados e outras autoridades”, afirmou Muller em depoimento.

O depoente disse acreditar que as doações a políticos tinham por objetivo blindar a Atlas de investigações. Esses documentos e informações foram recebidos de ex-diretores da empresa, conforme afirmou Mateus.

Procurado, o presidente da CPI das pirâmides financeiras, deputado federal Aureo Ribeiro (Solidariedade RJ), informou ao BeInCrypto que:

“Os trechos presentes no relatório da CPI foram entendidos como relevantes para os indiciamentos. Aqueles que, porventura, não estão ali é porque não tiveram provas, força ou sustentação suficiente para estarem presentes.”

Sobre o pedido de condução coercitiva de Rodrigo Marques dos Santos, questionado também por Mateus na CPI, a assessoria de imprensa de Ribeiro informou que:

“Não houve pedido de condução coercitiva porque a Polícia Federal não tem competência de fazê-la em outros países. Tampouco sabemos a localização ou temos contato com os que não foram ouvidos.”

Matheus Muller foi indiciado na CPI por injúria, ameaça (art. 147 do Código Penal) e pela prática do crime do art.4º, I da Lei 1.579/1952.

O Art. 4º. Constitui crime: I – Impedir, ou tentar impedir, mediante violência, ameaça ou assuadas, o regular funcionamento de Comissão Parlamentar de Inquérito, ou o livre exercício das atribuições de qualquer dos seus membros.

Conforme a assessoria do presidente da CPI, Aureo Ribeiro, Muller injuriou, ameaçou e tentou impedir o livre exercício dos membros da CPI.

Polícia Federal, MPF-PGR se manifestam

A reportagem entrou em contato com autoridades brasileiras. A assessoria de imprensa da Polícia Federal disse que não vai comentar qualquer assunto relacionado ao caso Atlas Quantum.

Muller questionou a Procuradoria Geral da República (PGR) para saber o motivo ter partes retiradas do seu depoimento dado a CPI, e o porquê do seu indiciamento. Ele também pediu investigação sobre supostas autoridades que afirma estarem envolvidas para blindar o caso Atlas Quantum.

Segundo a PGR, o MPF/SP recebeu, no dia 28 de novembro último, a representação (denúncia) com os fatos mencionados acima.

“O caso está em fase de análise preliminar para definição dos próximos passos, o que pode significar instauração de inquérito, arquivamento ou outras medidas cabíveis. Não há prazo para conclusão dessa avaliação inicial.”

Descontentamento após conclusão da CPI

Com 506 páginas, o relatório final com os resultados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras indiciou 45 pessoas. O relatório indica “fortes indícios” de participação em esquemas de pirâmide financeira e pela prática de crimes como estelionato, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta, entre outros.

Para o ex-investidor da Atlas Quantum, Matheus Muller a CPI não foi satisfatória.

“Eu estou me sentindo vítima duas vezes, da Atlas Quantum e agora da CPI. Eu sou vítima de uma pirâmide, me procuraram para colaborar com explicações sobre o sistema das criptomoedas e sobre informações que obtive com ex-diretores e funcionários da Atlas, mas o que parece é que as informações que levei, não foi do agrado de alguns parlamentares”, disse Muller.

Ele também confirma que a AVAQ (associação das vítimas da Atlas Quantum) irá apoiar na representação que será levada ao Ministério Público Federal.

Conforme o relatório final da CPI, Rodrigo Marques, Fabricio Spiazzi, e três outros investigados que realizaram propaganda para a pirâmide financeira, foram convocados para depor, mas não compareceram. O único a ser ouvido neste caso foi Mateus Muller Ferreira de Abreu, vítima da pirâmide financeira Atlas Quantum.

Fundador da Atlas Quantum tem mais de mil processos no Brasil

Hoje Rodrigo Marques dos Santos, segundo o Jusbrasil tem 1.151 processos que o mencionam no TJSP, no TRT02 e em outros tribunais. Foram identificadas pessoas diferentes com esse nome nos processos.

Fonte: Jusbrasil
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Aline Fernandes
Apaixonada pelo que faz, Aline Fernandes é uma profissional que atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por quase todas as redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia...
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