A manutenção da taxa básica de juros entre 5,25% e 5,5% nos Estados Unidos já era aguarda pelo mercado, que espera o início do ciclo de redução de juros nos próximos meses, diferente do previsto antes.
Por aqui, o Banco Central já sinalizou que busca o caminho para diminuir a Selic. A taxa de juros do Brasil que ficou em 11,25% ao ano, com indicação de novos cortes.
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Volnei Eyng, CEO da Multiplike, destaca que, dos 50 analistas consultados sobre as projeções para o Fed na Super Quarta, há consenso de que a autoridade monetária dos EUA manterá uma taxa de juros inalterada. No Brasil, o mercado prevê uma redução da taxa Selic de 11,75% para 11,25%, conforme afirma o economista.
“Ao observar que o mercado já precificou esse cenário, a expectativa é de que o início do ciclo de redução de juros pelo Fed ocorra somente em maio, em comparação com a previsão anterior, que apontava para março. Isso indica que as instituições financeiras ajustaram os preços dos ativos com base nas perspectivas para juros e inflação”, explicou Eyng.
Para o executivo, no Brasil, espera-se uma redução de 0,50 ponto percentual na Selic agora em janeiro, a análise das atas do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e do Fed será crucial para entender as visões dessas instituições em relação aos movimentos futuros.
Já a Equus Capital, que elabora semanalmente o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS) por meio da coleta e processamento de dados utilizando Inteligência Artificial (IA), estima que há probabilidade da autoridade monetária promover, de fato, um novo corte na Selic.
Felipe Uchida, chefe do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus, diz que a probabilidade de corte indicada pelo mercado neste momento é de 98,4%, um aumento em relação aos 96,8% da semana anterior. Ele ressaltou que, na próxima reunião do Copom, esse percentual estava em 81,5%.
“Na divulgação de indicadores da semana anterior, a estimativa preliminar do PIB dos EUA para o quarto trimestre de 2023 revelou um crescimento inesperado de 3,3%, superando as expectativas iniciais de um aumento modesto. Esse resultado indica uma recuperação econômica mais forte do que a previsão, afastando-se dos efeitos residuais da crise sanitária”, ressalta Uchida.
O especialista elenca que o relatório subsequente do PCE de dezembro mostrou que a inflação se manteve em 2%, um marco importante que reflete uma melhoria na situação inflacionária e tem implicações significativas para a política monetária do Fed.
Pouso suave nos EUA?
Eyng enfatiza que a economia norte-americana foi projetada para ter um “pouso suave”, reduzindo simultaneamente a inflação com o menor impacto possível sobre a atividade econômica e o emprego. Contudo, ele alerta para os possíveis impactos dos conflitos militares internacionais nos Estados Unidos, sendo vital que os investidores acompanhem esses eventos.
Quanto aos mercados emergentes, o CEO da Multiplike destaca que, no âmbito dos investimentos, o Brasil é o único país emergente cujos títulos ainda apresentam atratividade. Ele aponta que a China busca fortalecer financeiramente seu mercado, mas os investidores internacionais estão cautelosos devido aos indicadores econômicos que sugerem um crescimento menor no país asiático.
O economista e assessor de investimentos da WIT Invest, Rodney Ribeiro acredita que a queda poderá se intensificar com o início esperado de cortes nas taxas de juros pelos principais bancos centrais, ou seja, Federal Reserve, Banco Central Europeu e Banco da Inglaterra, a partir de março, o que poderá influenciar o banco central brasileiro a também iniciar os cortes da taxa básica de juros brasileira.
Sobre a decisão do Fed, Ribeiro diz que “existe muita gordura para ocorrerem cortes nos bancos centrais globais. E para economias sólidas, a perspectiva é que em março esse cenário se intensifique. Outro fator que traz essa perspectiva é a economia chinesa, que entra em desaceleração. Isso ocorre principalmente com as elevadas cargas de dívidas das empresas chinesas, que acabam representando um elevado nível de risco global. Todo esse cenário traz um “efeito borboleta” para os países emergentes.
Quanto à inflação brasileira, o Boletim Focus sugere uma exaustão, e é possível que o país encerre 2024 próximo aos 3%. A projeção para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 será reduzida em ata, passando de 3,5% para 3,4%, devido à menor expectativa para a inflação de bens administrados. A projeção para o IPCA de 2025 deve permanecer em 3,2%.
Inflação global deve cair, diz FMI
Projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que a inflação global deverá cair para 5,8% em 2024 e para 4,4% em 2025, com a previsão para 2025 revista em baixa.
“O desafio a curto prazo dos decisores políticos é gerir com sucesso a descida final da inflação até ao objetivo, calibrando a política monetária em resposta à dinâmica da inflação subjacente e – onde as pressões salariais e de preços dissipam claramente – ajustando-se para uma postura menos restritiva”, diz o FMI.
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