Tem havido muitas narrativas recentes sobre a possibilidade da Rússia passar a utilizar criptomoedas se for bloqueada do sistema bancário internacional. No entanto, isso não seria algo positivo para o mercado e dificilmente se tornaria realidade.
No fim de semana, os Estados Unidos e os países europeus decidiram bloquear certos bancos da Rússia do sistema de pagamentos SWIFT. Consequentemente, longas filas foram vistas em caixas eletrônicos no país e o rublo caiu 30% em relação ao dólar hoje.
Analistas e especialistas do setor de criptomoedas opinaram que o país poderia mudar para ativos digitais para evitar o bloqueio bancário, se esse fosse o caso. No entanto, nem todos estão de acordo e alguns especialistas do setor acreditam que a Rússia não adotará criptomoedas tão cedo.
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Rússia não deve migrar para criptomoedas
Nesta segunda-feira (18), o gerente geral da RippleNet, Asheesh Birla, desmascarou essa teoria em um tuite explicando porque ele acha que a Rússia não escapará das sanções impostas, mesmo usando criptomoedas.
Em primeiro lugar, ativos cripto se tornando mais facilmente rastreáveis, por isso não seria difícil bloquear endereços e carteiras afiliadas à russos. No domingo (27), o vice-primeiro-ministro ucraniano Mykhailo Fedorov apelou às principais exchanges para começarem a fazer exatamente isso.
Birla acrescentou que “simplesmente não há liquidez global suficiente para atender às necessidades da Rússia”, referindo-se aos mercados de exchanges do país. Ele acrescentou que depositos e saques nestas exchanges também são fortemente regulamentadas, dificultando a conversão de criptomoedas em dinheiro e vice-versa.
“A Rússia realiza quase US$ 50 bilhões em transações FX [forex] por dia. Como a maior criptomoeda, o volume do Bitcoin geralmente está entre US$ 20 – 50 bilhões por dia. As necessidades da Rússia abrangeriam o BTC e muito mais!”
Em essência, a falta de liquidez nos mercados cripto é o principal obstáculo para a Rússia adotar moedas digitais para pagamentos. Também é provável que o presidente Putin tenha se preparado para isso e buscado outras alternativas, como iniciar parcerias com outros países, como a China, para facilitar as transferências de capital.
“A Rússia teve tempo suficiente para se preparar, estabelecendo relações bancárias diretas na Ásia e em outros lugares para contornar os correspondentes”, acrescentou.
Cenário pessimista
O analista Alex Krüger comentou que seria “terrivelmente péssimo” se a Rússia adotasse criptomoedas, por um motivo principal:
“Os reguladores dos EUA seriam pressionados a esmagar a indústria por uma questão de segurança nacional”.
No entanto, outros argumentaram que, se a Rússia adotasse o Bitcoin e criptomoedas para contornar as sanções e se distanciar da hegemonia do dólar, isso legitimaria esta classe de ativos.
Criptomoedas provaram ser uma forma de dinheiro resistente à censura. De acordo com a empresa de análise blockchain Elliptic, o governo ucraniano levantou quase US$ 19 milhões em doações de criptomoedas desde o início da invasão russa.
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