Autoridades do Reino Unido clamam por insights mais profundos sobre o funcionamento dos modelos populares de inteligência artificial (IA) da OpenAI, Google e outros. O pedido surge ao mesmo tempo em que o governo do país negocia acordos com a União Europeia (UE) antes da cúpula de segurança de IA marcada para novembro.
As empresas de IA, por outro lado, relutam em compartilhar detalhes por razões comerciais e de segurança. Eles não são obrigados a divulgar as informações sob quaisquer regulamentos existentes.
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Empresas de IA relutantes em revelar segredos
Esta seria a primeira vez que empresas concordam em compartilhar segredos industriais para reguladores. Em junho, a DeepMind, com sede em Londres, e a Anthropic, com sede em São Francisco, permitiram que o Reino Unido espiasse alguns de seus algoritmos avançados, embora não tenham especificado como isso funcionaria na prática.
A Anthropic disse que o compartilhamento de pesos, essencialmente a importância que o algoritmo atribui a um determinado ponto de dados, criou riscos cibernéticos. A empresa foi fundada por irmãos que deixaram o OpenAI, fabricante do ChatGPT, por questões de segurança.
Em vez de expor pesos, a empresa sugeriu dar ao governo o mesmo nível de acesso que concede aos clientes através de Interfaces de Programação de Aplicações (APIs).
Já a DeepMind, uma empresa que fez progressos significativos na síntese de estruturas de proteínas com IA, não explicou os detalhes sobre como dará acesso aos governos.
Conceder acesso a modelos é uma “questão complicada”, segundo uma fonte governamental:
“Não existe nenhum botão que essas empresas possam simplesmente apertar para que isso aconteça. Estas são questões de pesquisa abertas e não resolvidas”.
País vai sediar cúpula de IA
O Reino Unido espera garantir o acesso aos modelos de IA antes da cúpula de novembro. Líderes globais, funcionários públicos e académicos vão se reunir em Bletchley Park, em Buckinghamshire, para discutir as novas ameaças à cibersegurança e à guerra biológica que a IA pode perpetuar.
Bletchley Park é a propriedade rural inglesa onde estavam baseados os decifradores de códigos, incluindo o cientista da computação Alan Turing, durante a Segunda Guerra Mundial. Turing liderou a equipe que decifrou o código Enigma, encurtando em vários anos a guerra com a Alemanha e salvando milhões de vidas.
A cúpula respondeu aos apelos por mais regulamentação, acompanhando o rápido progresso dos produtos de IA e dos chips que os alimentam. A designer de chips Graphcore, com sede no Reino Unido, desenvolveu chips voltados especificamente para modelos de IA.
Reino Unido pressiona por regras de IA enquanto corteja a UE
Mas será que o governo do Reino Unido está exagerando? Qual poderia ser a razão de sua ânsia de regular o espaço?
Um motivo poderia ser as próximas eleições gerais, que o primeiro-ministro Rishi Sunak pretende realizar em novembro de 2024. Ao acolher a cúpula da IA, Sunak pode querer tentar melhorar os seus índices de aprovação em relação a Keir Starmer, do Partido Trabalhista.
O governo de Sunak trabalha para restaurar os laços com a União Europeia após o Brexit. Além de renovar com a Bélgica e a França para a regulamentação dos serviços financeiros e a imigração, o Reino Unido aderiu recentemente aos programas de investigação científica Horizon e Copernicus da UE, com mais de 90 mil milhões de dólares.
Apesar do aprofundamento dos laços, o Reino Unido quer permanecer económica e cientificamente distinto da região. Sunak convidou apenas seis líderes da UE para a cúpula de IA.
O Chanceler do Tesouro de Sunak, Jeremy Hunt, disse que o Reino Unido investiu muito em investigação em 2022 e apontou a rapidez do país na implementação da vacina contra a COVID-19 como prova de que é uma força a ser reconhecida. Hunt visitou grandes líderes tecnológicos de algumas empresas participantes da cúpula no início de setembro.
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