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Projeto de mineração gera polêmica em província na Argentina

3 mins
Atualizado por Júlia V. Kurtz

EM RESUMO

  • Críticos garantem que isso gera sérios danos ambientais.
  • Defensores do projeto acreditam que ele cria empregos.
  • AFIP aumenta controles em fazendas de mineração.
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No centro da controvérsia estava um projeto que visa desenvolver uma fazenda de mineração de criptomoedas na Zona Franca de Zapala (ZFZ).

A polêmica surge porque, segundo pesquisadores do Observatório do Petróleo do Sul, seu consumo equivaleria a quatro vezes o de toda a província de Neuquén.

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Também houve questionamentos sobre seu custo ambiental, pois seria contrário aos compromissos climáticos. Do outro lado da moeda, as concessionárias afirmam que isso geraria infraestrutura e trabalho de qualidade.

O pesquisador do Observatório do Petróleo do Sul (OP Sur), Felipe Gutiérrez Ríos, explicou que o projeto visa instalar uma fazenda de criptomoedas no qual seriam utilizados 23.000 servidores ou unidades centrais de processamento —Central Processing Unit (CPU)—, que operariam 24 horas, minerando Bitcoin (BTC). Declarou Ríos ao portal de notícias local Minuto Uno.

“Está sendo realizado por uma empresa que não tem outros desenvolvimentos em todo o mundo. Estaria localizado no Parque Industrial de Zapala e exigiria uma grande quantidade de energia. Seria usado nos processos de mineração de criptomoedas de usuários que poderiam usá-los em qualquer lugar do mundo.”

O trabalho está sendo realizado pela empresa britânica FMI Minecraft Mining, de propriedade de John Blounte. Segundo a opinião do representante da OP Sur, o desenvolvimento de Vaca Muerta não visa um bem comum, mas serve para especulação e para o negócio de muito poucas pessoas.

“Acreditamos que é necessário que possamos pensar a energia como um direito humano para a maioria das pessoas” porque há famílias sem acesso a gás ou eletricidade. No entanto, o gás subsidiado pelo Estado seria entregue a empresas estrangeiras “para que façam uma moeda cuja regulação estatal seja nula”.

Os promotores do projeto de mineração de criptomoedas

No final de maio, o CEO da ZFZ, Fernando Montero, informou que para a criação da fazenda de criptomoedas seria necessário construir um duto e depois terá que manter o Data Center. Para isso, argumentou, eles têm que empregar pessoas. Por sua vez, ele forneceu outros detalhes do projeto.

“Vai gerar riqueza, é o que queremos porque somos empresários, portanto isso é extremamente positivo para Zapala, para a província e para o país.”

Gutiérrez Ríos afirmou que com este projeto há danos ambientais no consumo e geração de energia e afirmou que muito pouco está sendo feito para mudar a matriz energética da dependência fóssil. “O custo socioambiental, os impactos que gera não podem ser privilégio e lucro de pouquíssimas empresas”, comentou.

Fazendas com mais controles

A Administração Nacional de Receitas Públicas (AFIP) realizou nas últimas duas semanas meia dúzia de controles em quatro províncias. Lá, foram detectadas fazendas de mineração de criptomoedas não declaradas, uma forma de produção que está crescendo de mãos dadas com uma indústria em expansão. O que mudou é que agora o órgão dá mais atenção aos recursos para os controles.

Em apenas 10 dias, a AFIP realizou controles em La Plata, Córdoba, San Juan, Santa Fe e Mar del Plata, nos quais foram detectados seis estabelecimentos com mais de 3.000 placas de vídeo utilizadas para este trabalho, cujo preço de compra envolveu investimentos superiores a 3,2 milhões de dólares e que, em alguns casos, eram chefiados por indivíduos registrados como monotributistas perante a AFIP.

Projeto de mineração gera polêmica em província na Argentina

Para detectá-los, a agência cruzou bancos de dados próprios com consumo de energia considerado relevante —em um dos casos, a fazenda representou 22% do consumo de eletricidade de sua localidade— e, também, com importações de determinadas placas de vídeo que costumam ser comercializadas no mercado secundário para o fim específico de minerar criptomoedas e não para uso doméstico ou profissional.

Na Argentina, embora a regulamentação ainda não seja clara, a comercialização e uso de criptomoedas é legal. Dentro dessas formas de comércio está o exercício da mineração.

O Bitcoin também pode ser obtido por meio de uma transação com moeda legal (peso, euro, dólar, entre outros) ou a partir da troca de bens e serviços com outros usuários, ou seja, a compra/venda tradicional. Embora a mineração não seja uma atividade proibida na Argentina, a importação de itens não declarados é.

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Thiago Barboza
Thiago Barboza é graduado em Comunicação com ênfase em escritas criativas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2019 conheceu as criptomoedas e blockchain, mas foi em 2020 que decidiu imergir nesse universo e utilizar seu conhecimento acadêmico para ajudar a difundir e conscientizar sobre a importância desta tecnologia disruptiva.
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