O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, acredita que o futuro das finanças está na regulamentação de dados.
O comentário do presidente do BC foi feito durante uma sabatina do Conselho das Américas, em resposta a uma pergunta do J.P. Morgan, que foi divulgado na quinta-feira (19).
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O banco queria saber como o país, que está estudando a implementação de sua própria Moeda Digital do Banco Central (CBDC) pensa em fazer a regulamentação de criptomoedas. Campos Neto explicou que é preciso ter a mente aberta e enxergar além do espaço cripto e pensar, também, naquilo que pode vir depois.
O presidente do Bacen fez questão de deixar claro que reconhece a existência dos vários tipos de criptomoedas – como stablecoins e CBDCs – e que elas têm aplicações diferentes. “As criptomoedas são usadas basicamente como dinheiro e como reserva de valor e, de uns tempos pra cá, o uso mais importante tem sido esse último. Isto nos preocupa porque, para nós, é importante que as criptomoedas sejam usadas mais como forma de pagamento”, afirmou.
Regulamentação do futuro
Campos Neto confirmou o que já era esperado: o Bacen está dialogando com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para determinar como o espaço cripto será regulamentado no Brasil.
“Só que, para nós, isso é algo maior do que simplesmente regular criptomoedas. Nós estamos falando da regulamentação do futuro. O mercado financeiro está mudando tão rápido e está se transformando em dados. Eu recebo muitos projetos para avaliação e percebo que grande parte deles nem está no meu alcance regulatório”.
O presidente do Bacen reiterou que é impossível regulamentar o mercado financeiro do futuro sem entender como fazer a regulamentação de dados. Para ele, é importante criar uma forma de se adiantar às mudanças e ter um sistema pronto para receber as novidades que surgirão no mercado cripto e de fintechs.
Real Digital
O interesse nas posições de Campos Neto sobre criptomoedas ocorrem porque o Brasil já começou a estudar formas de introduzir sua própria CBDC – previamente batizada de Real Digital – no país nos próximos anos.
Nos últimos meses, o Banco Central começou uma série de reuniões com empresários e desenvolvedores para estudar a melhor forma de implementar uma moeda digital oficial no país e garantir que ela tenha competitividade no espaço cripto. Para isto, entretanto, é necessário que o Brasil se atualize e comece a ver criptomoedas como dinheiro e não como simples ativos digitais.
A data de implementação oficial do Real Digital ainda não foi definida, mas a expectativa é que ainda seja necessário alguns anos até que ela esteja pronta. O Banco Central já afirmou que seu objetivo, entretanto não é de substituir grandes criptomoedas como o BTC, e sim oferecer uma alternativa ao Real fiduciário.
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