O preço do dólar comercial fechou a sexta-feira (2) avaliado a R$ 5,709. O valor significa um aumento de 1,47% em relação ao início da semana e se deve, principalmente, a turbulências internacionais.
Por outro lado, o dólar começou a semana em uma leve queda, que não conseguiu se manter. Confira os fatores que levaram a esse cenário.
Por que o dólar cresceu durante a semana?
O primeiro fator que influenciou a variação do dólar foi a definição das taxas de juros tanto no Brasil quanto nos EUA. Os dois eventos receberam o apelido de “Super Quarta” quando ocorrem juntos.
No Brasil, a reunião do Comitê da Política Monetária (Copom) decidiu pela manutenção da taxa de juros do país, a taxa Selic, em 10,5%. É a segunda vez consecutiva que o comitê não altera a taxa, o que interrompeu um ciclo de queda anterior.
“O Comitê, unanimemente, optou por manter a taxa de juros inalterada, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela”, disse o Copom, em nota.
Da mesma forma, o banco central dos EUA (Fed) optou por manter a taxa do país na faixa entre 5,25% e 5,50%. O mesmo índice está em vigor desde 2023.
Ao contrário do Brasil, onde se aposta na manutenção ou mesmo elevação da taxa, os EUA projetam uma possível queda em setembro. “Se nós vermos a inflação caindo de acordo com as expectativas, o crescimento se mantendo forte e o mercado de trabalho consistente com as condições atuais, um corte da taxas pode ser possível em setembro”, disse o diretor da entidade, Jerome Powell.
Esses fatores influenciaram a variação do preço do dólar, especialmente porque contrariaram a expectativa do mercado interno. “O investidor quer ver o Brasil com uma postura firme e comprometida com a estabilidade econômica, mas a falta de ação gerou insegurança. O mercado esperava, por exemplo, um aceno do Banco Central para um possível aumento na Selic, mas isso não rolou”, acrescentou o sócio da corretora de câmbio 305 markets, o Felipe Miranda.
Mercado de trabalho tropeça nos EUA
Só que o mercado de trabalho não colaborou com o plano do Fed. Dados dos EUA divulgados na sexta-feira (2) demonstraram que a taxa de desemprego do país cresceu em julho de 2024.
O índice, que era de 4,1% no mês anterior, passou a ser de 4,3%. Este é o maior valor desde setembro de 2021.
A piora nos índices, como esperado, pressionou o preço do dólar para baixo no mesmo dia. Entretanto, isso não foi capaz de superar outra pressão de alta que ocorria simultaneamente.
Com o aumento do desemprego, cresceu também a expectativa de que o Fed anuncie um corte de juros ainda maior em setembro. O valor esperado, que era de 0,25 ponto percentual, saltou para 0,5 p.p.
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Com isso, o otimismo retornou aos EUA, interrompendo uma fuga de capital. O preço do dólar, que começou o dia com baixa em relação à quinta-feira (1), quase ultrapassou R$ 5,8.
Em suma, a manutenção de uma taxa de juros alta nos EUA foi um dos fatores principais da disparada do preço do dólar na semana. “Com elas nas alturas, os investidores preferem os rendimentos seguros dos EUA em vez de arriscar em mercados emergentes como o Brasil”, finaliza Miranda.
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