Três meses após o anúncio informal do Banco Central do Brasil (BC) sobre retirar a blockchain do Drex, projeto-piloto da moeda digital centralizada da autoridade monetária, o regulador finalmente oficializou a decisão aos envolvidos. Tudo ocorreu em uma reunião a portas fechadas, sem nenhum comunicado à imprensa. Mas o que está por trás do fim do projeto tecnológico iniciado em 2021?
O anúncio informal aconteceu no início de agosto deste ano, durante um evento que leva “Blockchain” no nome e contou com a presença do presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, na abertura oficial da conferência. À época, a notícia caiu como uma bomba em pleno Blockchain Rio 2025.
SponsoredPlataforma será desligada na próxima semana
O BC comunicou aos participantes do piloto Drex que encerrará a operação da plataforma DLT na próxima segunda-feira (10), sem previsão de retomada.
Na prática, pode ser que o Bacen não use nunca mais blockchain, disse uma fonte ao BeInCrypto.
Quase todos os especialistas pediram para não serem identificados nesta reportagem. Segundo Clarissa Souza, auditora do BC envolvida no Drex, o objetivo agora é garantir maior controle e eficiência.
Os participantes relataram ter investido muito tempo, recursos financeiros e intelectuais, e ver o projeto “morrer na praia” é, no mínimo, frustrante.
Sponsored SponsoredMotivação política pode ter influenciado
Uma fonte ouvida pelo BeInCrypto revelou que houve pressão política da gestão anterior. O ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi um dos maiores defensores do uso da blockchain e da tokenização no sistema financeiro. Já a atual gestão parece não estar tão “comprometida” com o piloto do real digital.
Imagina o seu chefe pedir para criar um computador quântico em uma semana. Você conseguiria?, questionou um dos participantes dos consórcios do Drex.
Com certeza, não”, respondi. “Percebe como é complexo? Existia a vontade de fazer dar certo, mas os prazos e os recursos eram limitados para o que o BC queria, detalhou a fonte.
Além da questão da segurança — que muitos argumentam ser solucionável —, houve um “racha interno” com a saída de Campos Neto, defensor fervoroso da tecnologia DLT.
Sponsored SponsoredFase 3 sem blockchain e recomeço do zero
Segundo os envolvidos, o Bacen agora vai recomeçar do zero, com foco em casos de uso. Somente depois pensará na nova infraestrutura tecnológica.
A fase 2 do piloto Drex cumpriu seu papel, como esperado pelo BC. As tecnologias foram avaliadas sob a perspectiva do regulador e, segundo seus critérios, em um escopo bastante amplo e ambicioso, demonstraram a necessidade de evoluções para atendimento completo, afirmou o CEO da BBChain, André Carneiro, em comunicado à imprensa.
SponsoredNovos modelos de negócio, com escopo mais direcionado pelo mercado, podem ter seus requisitos atendidos sem as eventuais restrições regulatórias do piloto Drex, liberando o potencial das tecnologias DLT/blockchain e cabendo ao mercado um papel maior nessa evolução, finalizou Carneiro.
Stablecoins ultrapassam gigantes dos pagamentos com US$ 27,6 trilhões movimentados em 2024
Enquanto isso, no sistema descentralizado, as stablecoins ganham espaço em um mercado 24/7, com rapidez e baixas taxas por transação. Em 2024, essas moedas digitais consolidaram sua força, superando o volume de transações da Visa e da Mastercard, com um total de US$ 27,6 trilhões movimentados, segundo relatório da corretora CEX.IO.
Impulsionadas por redes de alta velocidade e liquidez, como a Solana, essas moedas ultrapassaram em 7,68% o volume combinado das duas gigantes do setor. Mesmo com uma leve desaceleração no terceiro trimestre, as stablecoins mantiveram vantagem consistente sobre os sistemas de pagamento tradicionais ao longo do ano.
Para Deivison Arthur, fundador e CEO da EBX.Tech, a nova soberania nascerá da fusão entre autonomia tecnológica e maturidade humana.
DeFi deixará de ser apenas um protocolo financeiro para se tornar uma linguagem de cooperação entre soberanos. As verdadeiras alianças do futuro serão mediadas por comunidades que trocam valor diretamente, sem intermediários, com presença e propósito.
Os que desafiam o tempo entendem isso. São aqueles que não esperam aprovação, que não buscam aplauso, que constroem silenciosamente o que o futuro chamará de inevitável, pontuou o CEO da EBX.Tech.