A Polícia Federal, em parceria com a Receita Federal, deflagrou a megaoperação batizada de DOLAR TAI-PAN. Os prejuízos estimados aos cofres públicos chegam a R$ 6 bilhões. Os criminosos usavam criptoativos na tentativa de burlar autoridades como Banco Central e o próprio Fisco.
Segundo as investigações, o grupo com origem em Campinas, interior de São Paulo, teria movimentado R$ 6 bilhões nos últimos cinco anos. Além das prisões e das buscas, a Justiça Federal “determinou bloqueio de bens e valores em cifra superior R$ 10 bilhões, em mais de 200 pessoas jurídicas”.
Operação DOLAR TAI-PAN – Megaoperação combate evasão de divisas com o uso de criptoativos
A investigação, iniciada em 2022, revelou um esquema bancário paralelo e ilegal, que movimentava bilhões dentro do Brasil e em países como Estados Unidos, Canadá, China e Hong Kong. O sistema envolvia principalmente a transferência de recursos ilícitos para diversos destinos internacionais, com a maioria dos fundos indo para a China. Assim, uma das frentes da investigação está concentrada em fintechs usadas pela organização criminosa.
Suspeitos e empresas ligadas ao esquema movimentaram, por exemplo, cerca de R$ 120 bilhões nos últimos anos. Apenas nos últimos cinco anos, a organização movimentou R$ 6 bilhões, sendo R$ 800 milhões este ano. Segundo a PF, a mente por trás do esquema estava em busca de como abrir novas contas para movimentar R$ 2 bilhões por dia.
Policiais e gerentes de bancos envolvidos na fraude
O esquema contava com a participação de dezenas de pessoas, incluindo policiais, gerentes de bancos e contadores, e tinha como objetivo principalmente a ocultação de capitais, lavagem de dinheiro e transferência internacional de fundos.
Investigações indicam também a possível conexão com organizações criminosas, como traficantes de drogas e armas. Além das prisões e buscas, a Justiça Federal ordenou o bloqueio de bens no valor superior a R$ 10 bilhões, atingindo mais de 200 empresas. Os investigados poderão ser acusados de crimes como organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Segundo a Receita Federal, as operações envolvem a movimentação de moeda no estrangeiro por meio do processo conhecido como dólar-cabo, além de câmbio de moeda em território nacional, uso de empresas de fachada, operações de importações fictícias e direcionamento de capital para empresa que comercializa criptoativos.
A investigação revelou que os valores enviados ao exterior estão ligados principalmente a atividades ilícitas, como pirâmides financeiras, descaminho, contrabando, tráfico de drogas e ocultação de recursos de caixa 2 de empresas que usaram o sistema ilegal para transferências internacionais.
Pelo menos 15 países envolvidos
O doleiros clandestinos identificados operam principalmente em três frentes principais: a venda não autorizada de moeda estrangeira, a disponibilização de recursos no exterior e a troca de valores em moeda nacional. Os recursos da organização passaram por pelo menos 15 países, incluindo Estados Unidos, Canadá, China, Argentina, Paraguai, Holanda, Inglaterra, Itália e Emirados Árabes.
Uma das principais fontes de recursos ilícitos envolve sobretudo, o comércio de produtos contrabandeados ou de descaminho, especialmente em São Paulo, onde há transações em espécie. Para viabilizar essas operações, criminosos criam empresas de fachada e usam seus dados para abrir contas bancárias, permitindo aos doleiros movimentar livremente os fundos.
Esses doleiros funcionam de maneira similar a instituições financeiras, atendendo também a empresas legais, misturando recursos ilícitos com transações legítimas. Além disso, oferecem valores em espécie ou criptoativos no exterior para seus clientes.
A operação resultou na expedição de 16 mandados de prisão preventiva e 38 mandados de busca e apreensão em várias cidades. Entre elas São Paulo, Guarulhos, Campinas e Brasília. Participaram da ação cerca de 80 auditores fiscais e analistas tributários da Receita Federal, além de 200 policiais federais.
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