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PF e Receita desarticulam organização que usava criptoativos para operações ilícitas

3 mins
Atualizado por Lucas Espindola

EM RESUMO

  • PF e Receita deflagram operação DOLAR TAI-PAN para combater evasão de divisas com o uso de criptoativos.
  • Os investigados teriam movimentado R$ 6 bilhões nos últimos 5 anos; sendo R$ 800 milhões apenas em 2024.
  • Investigação concentra-se em fintechs usadas na prática criminosa.
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A Polícia Federal, em parceria com a Receita Federal, deflagrou a megaoperação batizada de DOLAR TAI-PAN. Os prejuízos estimados aos cofres públicos chegam a R$ 6 bilhões. Os criminosos usavam criptoativos na tentativa de burlar autoridades como Banco Central e o próprio Fisco.

Segundo as investigações, o grupo com origem em Campinas, interior de São Paulo, teria movimentado R$ 6 bilhões nos últimos cinco anos. Além das prisões e das buscas, a Justiça Federal “determinou bloqueio de bens e valores em cifra superior R$ 10 bilhões, em mais de 200 pessoas jurídicas”.

imagem: Receita Federal

Operação DOLAR TAI-PAN – Megaoperação combate evasão de divisas com o uso de criptoativos 

A investigação, iniciada em 2022, revelou um esquema bancário paralelo e ilegal, que movimentava bilhões dentro do Brasil e em países como Estados Unidos, Canadá, China e Hong Kong. O sistema envolvia principalmente a transferência de recursos ilícitos para diversos destinos internacionais, com a maioria dos fundos indo para a China. Assim, uma das frentes da investigação está concentrada em fintechs usadas pela organização criminosa.

Suspeitos e empresas ligadas ao esquema movimentaram, por exemplo, cerca de R$ 120 bilhões nos últimos anos. Apenas nos últimos cinco anos, a organização movimentou R$ 6 bilhões, sendo R$ 800 milhões este ano. Segundo a PF, a mente por trás do esquema estava em busca de como abrir novas contas para movimentar R$ 2 bilhões por dia.

Policiais e gerentes de bancos envolvidos na fraude

O esquema contava com a participação de dezenas de pessoas, incluindo policiais, gerentes de bancos e contadores, e tinha como objetivo principalmente a ocultação de capitais, lavagem de dinheiro e transferência internacional de fundos.

Investigações indicam também a possível conexão com organizações criminosas, como traficantes de drogas e armas. Além das prisões e buscas, a Justiça Federal ordenou o bloqueio de bens no valor superior a R$ 10 bilhões, atingindo mais de 200 empresas. Os investigados poderão ser acusados de crimes como organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Segundo a Receita Federal, as operações envolvem a movimentação de moeda no estrangeiro por meio do processo conhecido como dólar-cabo, além de câmbio de moeda em território nacional, uso de empresas de fachada, operações de importações fictícias e direcionamento de capital para empresa que comercializa criptoativos.

A investigação revelou que os valores enviados ao exterior estão ligados principalmente a atividades ilícitas, como pirâmides financeiras, descaminho, contrabando, tráfico de drogas e ocultação de recursos de caixa 2 de empresas que usaram o sistema ilegal para transferências internacionais.

Pelo menos 15 países envolvidos

O doleiros clandestinos identificados operam principalmente em três frentes principais: a venda não autorizada de moeda estrangeira, a disponibilização de recursos no exterior e a troca de valores em moeda nacional. Os recursos da organização passaram por pelo menos 15 países, incluindo Estados Unidos, Canadá, China, Argentina, Paraguai, Holanda, Inglaterra, Itália e Emirados Árabes.

Uma das principais fontes de recursos ilícitos envolve sobretudo, o comércio de produtos contrabandeados ou de descaminho, especialmente em São Paulo, onde há transações em espécie. Para viabilizar essas operações, criminosos criam empresas de fachada e usam seus dados para abrir contas bancárias, permitindo aos doleiros movimentar livremente os fundos.

Esses doleiros funcionam de maneira similar a instituições financeiras, atendendo também a empresas legais, misturando recursos ilícitos com transações legítimas. Além disso, oferecem valores em espécie ou criptoativos no exterior para seus clientes.

A operação resultou na expedição de 16 mandados de prisão preventiva e 38 mandados de busca e apreensão em várias cidades. Entre elas São Paulo, Guarulhos, Campinas e Brasília. Participaram da ação cerca de 80 auditores fiscais e analistas tributários da Receita Federal, além de 200 policiais federais.

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Aline Fernandes
Aline Fernandes atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por diversas redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia dentro do pregão da BM&F Bovespa, hoje B3...
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