Desenvolvedores lançaram a criptomoeda na blockchain Solana, inspirada em tokens internacionais. O ativo tem gerado debates sobre seus riscos e a necessidade de regulamentação.
No início do ano, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro lançaram uma nova moeda. O projeto surgiu inspirado no sucesso das memecoins de figuras políticas internacionais, como a TRUMP e a MELANIA.
Patriota Coin supera US$ 400 mil
Os criadores lançaram a Patriota Coin aproveitando o sucesso de outras memecoins. Desenvolvida na blockchain da Solana, a moeda digital alcançou, em poucos dias, uma capitalização de mercado de aproximadamente US$ 460 mil.
Segundo informações divulgadas na página oficial do projeto, a criptomoeda é definida como um “símbolo de colaboração, pertencimento e progresso, com utilidade prática em iniciativas financeiras, sociais, governança descentralizada e tecnologias emergentes”.
No X, os criadores parafrasearam o ex-presidente Jair Bolsonaro ao descrevê-la como “imorrível, imborchável, incomóvel e intributável” antes de a publicação ser excluída. Essa estratégia de comunicação sugere uma tentativa de associar o ativo à identidade e aos ideais dos apoiadores de Bolsonaro. Assim, buscando criar uma comunidade engajada e identificada com a proposta política.
A criação da Patriota Coin surge num contexto em que o cenário cripto já demonstrava movimentações atreladas a personalidades políticas. No início do ano, hackers invadiram o perfil do ex-presidente em duas ocasiões para promover memecoins, como o token BRAZIL, o que levou seus filhos a desmentirem a autenticidade das operações.
Adicionalmente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), chegou a mencionar a importância da criptomoeda no ambiente digital, enfatizando a relevância tanto do Bitcoin quanto da nova memecoin.

Memecoins políticas: entre engajamento e riscos regulatórios
Especialistas destacam que a ideologia por trás de ativos digitais, especialmente os de cunho político, pode limitar o público-alvo e, consequentemente, afetar sua liquidez e estabilidade. Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios da Mercado Bitcoin, ressalta que “memecoins fazem parte da economia da atenção: quanto maior a capacidade de atrair engajamento e comunidade, maior sua penetração”.
Ainda segundo Tota, a associação com temas que mobilizam grupos específicos contribui para a definição de um público mais engajado.
Tota explica os riscos apontados para investidores que aplicam em moedas com temáticas políticas:
Os riscos são os mesmos de qualquer memecoin: extrema volatilidade, falta de liquidez, risco de abandono do projeto e ausência de fundamentos sólidos. Vale ainda citar que memecoins muito nichadas, que se fecham geograficamente em um país, como é o caso, tem menor chance de sucesso quando comparada com memecoins de temas globais. contou em entrevista ao BeInCrypto.
No que diz respeito à regulamentação, especialistas indicam que o impacto regulatório sobre esse tipo de criptomoeda é, em geral, baixo. Contudo, há alerta para a possibilidade de futuras medidas que possam incluir advertências nas plataformas de negociação, especialmente se o ativo apresentar características que se assemelhem a valores mobiliários.
O diretor da Marcado Bitcoin menciona que “o impacto regulatório sobre memecoins é, em geral, baixo”. Além disso, ele destaca que, à primeira vista, a Patriota Coin não apresenta elementos que justifiquem um escrutínio regulatório mais intenso.
Oscilações e riscos: perspectivas para investidores
Gabriel Della, analista de criptoativos da Vault Research, reforça a necessidade de cautela ao investir em nestas moedas e ativos de menor expressividade de mercado.
É preciso muito cuidado para investir em memecoins e pequenos ativos. Hoje, a Patriota Coin possui menos de US$ 80 mil de valor de mercado. Qualquer investidor que vender um valor quase ínfimo já derrubaria o preço do ativo, alerta Della, evidenciando a alta volatilidade e os riscos associados a esse tipo de investimento.
Della também destaca que, embora a proposta do ativo esteja vinculada a uma narrativa política, seu desempenho dependerá de fatores externos, como a repercussão de notícias relacionadas às personalidades de inspiração. Ele observa que “pequenas notícias que prejudiquem a imagem do político de inspiração do ativo podem afetar diretamente o preço”.
Outra questão relevante apontada pelo analista é o risco de concentração de tokens em poucas carteiras. Em casos como o da Patriota Coin, onde um número reduzido de investidores detém uma parcela significativa do ativo, a possibilidade de manipulação de preço ou variações abruptas aumenta. Della enfatiza que “um ativo com menos de 2 mil pessoas detendo, onde as 10 maiores carteiras concentram quase 20% dos tokens em circulação, com certeza trazem um risco gigantesco”, afirmou.
Tanto Tota quanto Della destacam que a volatilidade e a especulação inerentes a esses ativos requerem uma análise cuidadosa e uma postura de moderação.
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