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Os desafios de segurança na era da tokenização

4 mins
Atualizado por Luís De Magalhães

EM RESUMO

  • Como a blockchain e a tokenização estão transformando a transparência e a segurança no mercado financeiro global.
  • Os desafios globais no combate à lavagem de dinheiro e à fraude digital exigem cooperação internacional e padronização de processos.
  • Interoperabilidade e boas práticas são fundamentais para prevenir fraudes no universo da tokenização e blockchain.
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A evolução do mercado financeiro, impulsionada por tecnologias inovadoras como a tokenização e o uso da blockchain, trouxe ganhos significativos. Como por exemplo, segurança, eficiência e transparência para as operações financeiras.

No entanto, com esse avanço, também se intensificam os desafios relacionados à prevenção à lavagem de dinheiro (PLD), combate ao financiamento ao terrorismo (CFT) e à adoção de práticas antifraude.

Este é um tema que transcende as fronteiras nacionais, exigindo um olhar global e uma abordagem universalizada, descentralizada, interoperável em termos de boas práticas e certificações.

No universo digital, onde a internet elimina barreiras geográficas, a necessidade de controles robustos e interoperáveis é ainda mais urgente. A tokenização — que permite a conversão de ativos reais em ativos digitais — oferece mais segurança e transparência para as partes envolvidas. Contudo, é fundamental garantir que esses ativos não se tornem ferramentas de lavagem de dinheiro ou financiamentos ilícitos.

Isso só pode ser alcançado através de soluções que contemplem:

  • Dados interoperáveis e universais: para facilitar consultas globais e identificar práticas suspeitas, as informações precisam estar disponíveis de forma padronizada e acessível. A troca internacional de dados é crucial para monitorar a origem dos recursos e garantir que os fluxos financeiros sejam lícitos.
  • Garantia de transparência: tecnologias baseadas em blockchain permitem rastrear cada transação, o que ajuda a criar um histórico inviolável de informações. Isso fortalece os mecanismos de monitoramento e ajuda a prevenir irregularidades.
  • Compartilhamento de informações e boas práticas: Bases de dados robustas, troca de informações sobre operações suspeitas e a implementação de medidas mitigatórias são indispensáveis para o fortalecimento do ecossistema financeiro global.

Qual é o papel da tokenização no combate à lavagem de dinheiro?

A tokenização proporciona um aumento significativo de segurança para as operações, facilitando a rastreabilidade dos ativos. No entanto, quando se trata de PLD, é imprescindível ir além da segurança operacional, o foco deve estar em garantir a licitude da origem dos recursos envolvidos.

Isso envolve a implementação de medidas fundamentais, como a identificação, qualificação, classificação e verificação de identidade dos clientes (KYC). Nesse sentido, as ferramentas de Know Your Customer são indispensáveis para validar os participantes e a origem dos recursos, visando impedir a entrada de recursos ilícitos no sistema. Além disso, o monitoramento contínuo de transações possibilita a análise constante das atividades financeiras, identificando padrões suspeitos e acionando alertas preventivos.

A utilização de IA e Big Data também se torna crucial, pois a aplicação de tecnologias avançadas para análise de grandes volumes de dados ajuda a prever, identificar e combater comportamentos atípicos, além do cruzamento de dados que ajudam a identificar padrões suspeitos.

Paralelamente, a adoção de certificação e boas práticas em PLD/FT e antifraude é um caminho essencial para assegurar que as organizações estejam alinhadas aos padrões globais.

As certificações têm um papel fundamental ao estabelecer processos claros e transparentes. Isso promove a conformidade com normas internacionais, por meio da adesão a diretrizes de organismos como o GAFI (Grupo de Ação Financeira Internacional).

Por fim, a padronização de processos contribui para uma abordagem universal, facilitando o controle e a mitigação de riscos de forma eficiente. Empresas que investem em certificações não apenas demonstram compromisso com as regulamentações, mas também conquistam maior confiança e credibilidade junto a clientes, investidores e demais stakeholders, consolidando sua posição no mercado.

Interoperabilidade como elemento estratégico

A interoperabilidade é um fator essencial para fortalecer a segurança e a eficiência do sistema financeiro. A iniciativa pioneira do Banco Central do Brasil com a RC06 — que permite o compartilhamento de dados de fraude entre instituições financeiras — exemplifica como a troca de informações pode beneficiar o mercado. Contudo, no contexto de PLD, os desafios são ainda maiores, considerando a complexidade e a origem global dos recursos.

Expandir o conceito de interoperabilidade para o compartilhamento de dados globais sobre PLD é estratégico. Essa abordagem promove transparência, mitiga riscos e fortalece a confiança no sistema financeiro internacional. Ao padronizar processos, é possível garantir uma mitigação de riscos mais homogênea e eficiente, permitindo que empresas transmitam maior credibilidade e confiança ao mercado.

Um problema sem fronteiras

Os desafios relacionados à lavagem de dinheiro e à fraude são problemas globais que demandam cooperação entre instituições, regulação integrada e o compartilhamento eficiente de informações. A internet e as tecnologias descentralizadas permitem que transações ocorram em qualquer lugar do mundo. Nesse sentido, a universalização de dados e o fortalecimento de sistemas globais de monitoramento são indispensáveis para combater práticas ilícitas.

Tokenização e blockchain representam um salto evolutivo no mercado financeiro, trazendo mais segurança, transparência e eficiência. Porém, essas inovações exigem atenção redobrada por parte das empresas e reguladores.

A adoção de boas práticas, certificações internacionais e tecnologias interoperáveis é o caminho para assegurar operações mais seguras, transparentes e livre de práticas ilícitas. Precisamos de controles alinhados, cooperação internacional e processos padronizados para garantir um futuro financeiro mais confiável e sustentável.

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Filipe Pena
Filipe Pena é diretor-executivo da Acrefi. Especialista em regulação financeira no mercado nacional e internacional de crédito, formou-se em compliance financeiro e regulação pela LEC. Tem MBA em Gestão de Negócios pela Universidade FUMEC é bacharel em Direito e pós-graduado em Direito Processual pela PUC-Minas, além de professor em novas carreiras jurídicas.
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