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Os desafios da América Latina para empreendedores em criptomoedas

4 mins
Por Bary Rahma
Traduzido Júlia V. Kurtz

Em meio a uma redução global no financiamento de startups, o mercado de criptomoedas enfrenta seu próprio conjunto de desafios e oportunidades únicos. Embora os empresários adaptem-se a estes problemas, explorando vias alternativas de financiamento e navegando em ambientes regulamentares, a escassez de financiamento impede a inovação.

O cenário cripto da América Latina revela uma história de resiliência, abrindo caminho para um futuro mais inclusivo e tecnologicamente avançado.

Queda no interesse em criptomoedas

O ambiente de financiamento, um aspecto crítico para as startups, sofreu uma recessão dramática. Em 2023, o financiamento de startups na América Latina diminuiu 83% em comparação com o ano anterior, com investimentos de apenas US$ 1,1 bilhão.

Da mesma forma, o financiamento global de capital de risco para empresas cripto sofreu uma queda substancial no primeiro trimestre de 2023 – 80% em comparação com o ano anterior. Esta queda fez com que o investimento diminuísse de US$ 12,3 milhões em 2022 para US$ 2,4 milhões em 2023.

“Apenas 12% [dos family offices] expressaram potencial interesse futuro [em cripto], abaixo dos 45%. A extrema volatilidade do mercado de cripto do ano passado parece ter esfriado seus interesses, já que 62% relatam não ter investido e não estar interessado em cripto no futuro, acima dos 39%”, revelou uma pesquisa da Goldman Sachs.

Esta descida reflete uma tendência global influenciada por fatores macroeconômicos, tais como taxas de juro elevadas que direcionam o capital para investimentos de menor risco. À medida que estas taxas se ajustam, existe potencial para um ressurgimento dos investimentos em startups, mas a situação continua a ser desafiante.

Para os empreendedores cripto da América Latina, adquirir financiamento é uma tarefa crucial, mas difícil, especialmente em 2023. Embora as startups tenham potencial para crescimento orgânico, um apoio financeiro robusto poderia acelerar significativamente o seu desenvolvimento.

Em resposta à contração do capital de risco, o Diretor Executivo da Blockchain Summit Latam, Cristobal Pereira, disse que empreendedores devem explorar fontes alternativas de financiamento.

Embora muitas vezes de montante menor, as subvenções de vários protocolos e financiamento quadrático proporcionam uma “alternativa sólida” de apoio às empresas que operam com recursos limitados.

 “As subvenções são projetadas especificamente para apoiar a implantação de aplicativos em novas infraestruturas. É crucial estar atento a estas oportunidades, pois qualquer assistência é valiosa quando se trabalha com orçamentos limitados”, acrescenta Pereira.

Superando obstáculos regulatórios

As estruturas governamentais e regulatórias também impactam significativamente o empreendedorismo cripto. O Brasil é líder na adoção de inovações Web3, com infraestruturas e regulamentações tecnológicas progressivas.

No entanto, o resto da região está atrasado, com muitos países ainda a debater regulamentos que outras jurisdições resolveram há anos.

Uma regulamentação robusta é crucial, especialmente no sistema financeiro, onde as tecnologias blockchain podem alterar fundamentalmente o setor.

“Em casos relacionados com o sistema financeiro, a ausência de uma regulamentação básica muitas vezes leva a problemas. Isso porque os bancos da América Latina tendem a fechar as contas bancárias dos empreendedores e de suas startups quando estas estão associadas a ativos digitais. Isto representa claramente um desafio significativo para quem pretende aventurar-se nesta área”, explica Pereira.

Por esta razão, a educação pode desempenhar um papel fundamental na promoção de um ecossistema blockchain robusto.

América Latina deve identificar oportunidades

O entendimento abrangente entre empreendedores, usuários, investidores e reguladores é crucial para identificar oportunidades e mitigar riscos. Principalmente numa região onde apenas cerca de 50% da população tem acesso a uma conta bancária e 80% possuem um smartphone.

“Acredito que há uma oportunidade para startups cripto nesta área. Demonstrar como pode ser simples e fácil utilizar esta tecnologia, proporcionando a oportunidade de utilização mostrando o potencial para operações financeiras a qualquer hora e dia, destaca o potencial da tecnologia. A maioria da população poderia facilmente baixar um aplicativo e começar a receber ativos digitais, utilizando-os no dia a dia”, enfatizou Pereira.

Ainda assim, o estado atual do financiamento do capital apresenta desafios. Embora os produtos e serviços financeiros da Web3 possam oferecer poupanças e taxas de crédito superiores às dos meios tradicionais, o investimento também tem impacto nisso.

A escassez de capital disponível restringe as oportunidades de investimento em startups de criptomoedas, afetando negativamente o seu potencial de crescimento.

Olhando para o futuro, a América Latina possui um imenso potencial para o crescimento da indústria cripto, apesar de enfrentar desafios significativos. Embora as empresas internacionais reconheçam o potencial da região, os empreendedores locais também têm a oportunidade de criar soluções globalmente escaláveis.

“A América Latina tem potencial para liderar a adoção de criptomoedas e contribuir significativamente para alcançar o primeiro bilhão de usuários de criptomoedas. Considerando a ampla adoção das criptomoedas na região, posso afirmar que uma parte substancial já está em andamento. Com o mercado instalado, os empreendedores podem explorar soluções inovadoras para oferecer a esses usuários, contribuindo para a profissionalização e o crescimento do próprio mercado”, finalizou Pereira.

A educação, as estratégias adaptativas e o foco na construção da confiança e compreensão do consumidor são fundamentais para superar os obstáculos atuais e promover a adoção generalizada.

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Júlia V. Kurtz
Editora-chefe do BeInCrypto Brasil. Jornalista de dados com formação pelo Knight Center for Journalism in the Americas da Universidade do Texas, possui 10 anos de experiência na cobertura de tecnologia pela Globo e, agora, está se aventurando pelo mundo cripto. Tem passagens na Gazeta do Povo e no Portal UOL.
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