Em 2025, as criptomoedas estão vivendo um momento de mudança, na medida em que cada vez mais instituições procuram as criptos para diversificar os negócios. Recentemente, a Méliuz tornou-se a principal empresa com fundos em Bitcoin (BTC) da América Latina.
Há dez dias, na segunda-feira (23), a Méliuz comprou 275,43 BTC, passando a controlar 595,7 BTC — na cotação atual, algo equivalente a US$ 65 milhões ou mais de R$ 354 milhões. Contudo, a fintech brasileira passou a integrar as criptomoedas ao negócio ainda neste ano, ao adotar o BTC como estratégia central na tesouraria da plataforma.
Em março de 2025, a empresa iniciou estudos internos e alterou políticas corporativas, como converter 10% do caixa para investimentos em Bitcoin. Nessa empreitada inicial, a organização adquiriu 45,72 BTC no valor de US$ 4,1 milhões. Além disso, em maio a Méliuz investiu mais US$ 28,4 milhões em 274,52 BTC.

Mercado Livre é a empresa com mais Bitcoins da Argentina
Em segundo lugar na lista de empresas com mais BTC da América Latina, o Mercado Livre controla 570,4 BTC, equivalentes a aproximadamente US$ 62,5 milhões. Em maio, a companhia passou a controlar 157,7 BTC adicionais, por US$ 13 milhões, após a aquisição de 412,7 BTC em 2021.

Vale lembrar que, em 2022, o Mercado Livre adquiriu participação acionária no Grupo 2TM, controlador da corretora Mercado Bitcoin (MB). Naquele mesmo ano, o e-commerce investiu na Paxos, empresa que oferece infraestrutura blockchain. De fato, a Paxos também faz a custódia das criptomoedas compradas via Mercado Pago, fintech do Mercado Livre.
Para completar a lista de empresas da região, a companhia de capital fechado Roxom Global controla cerca de US$ 10,76 milhões em Bitcoin — 98,08 BTC. A Roxom é uma corretora de ações, títulos e commodities que utiliza a criptomoeda como principal moeda base.

Por que as empresas estão investindo em Bitcoin?
Somente ontem (02), quatro empresas compraram BTC, sinalizando que o movimento de migração empresarial para o BTC não se restringe à América Latina. A Addentax anunciou que vai investir US$ 1,3 bilhão, enquanto a H100 comprou US$ 5 milhões em criptomoedas. Na sequência, a plataforma de empréstimo Mogo autorizou a compra de US$ 50 milhões, e a Genius Group adquiriu US$ 2,1 milhões.
Para o diretor de novos negócios do Mercado Bitcoin, Fabrício Tota, existem algumas razões para as empresas começarem a investir em criptos como fundo de tesouraria. A primeira é a inflação e a desvalorização cambial, seguida pelo amadurecimento do setor, principalmente na questão da custódia.
Essa também é uma opinião compartilhada por Will Hernandez, gerente de desenvolvimento de negócios da Bitfinex na América Latina:
Tecnologias como o Bitcoin e as stablecoins oferecem ferramentas valiosas para preservar capital e se proteger da inflação em países com moedas locais em constante desvalorização. Esse movimento está promovendo uma integração gradual entre os sistemas financeiros tradicionais e a economia digital, e as empresas estão começando a perceber esse valor de forma mais estratégica, diz.
No Brasil, empresas ganham confiança em criptos, apesar dos desafios
Na opinião de Tota, a mudança realmente só começou a acontecer em 2020, quando a MicroStrategy adotou o BTC como principal ativo de reserva. Dados da Bitcoin Treasuries mostram que a empresa é controladora de 597.325 BTC.
Ainda que fosse uma empresa desconhecida do grande público, essa decisão pioneira, tomada por uma companhia listada em bolsa nos EUA, sinalizou ao mercado que o Bitcoin poderia ser uma alternativa viável ao dinheiro tradicional — especialmente em tempos de incerteza econômica, complementa Tota.
Outro marco importante foi a aprovação dos fundos negociados em bolsa (ETFs) à vista de BTC nos Estados Unidos, em 2024. No Brasil, a B3 já oferece mais de 16 ETFs de criptoativos; inclusive, em junho, a bolsa de valores brasileira passou a operar contratos futuros de Ethereum e Solana.
O Brasil possui ETFs de criptoativos desde 2021, mas os gestores tradicionais ignoraram o sinal. Preferiram insistir em estratégias convencionais de juros, moedas e ações, que, nos últimos anos, entregaram muito pouco. Enquanto isso, o Bitcoin superava todas as classes de ativos com folga. A oportunidade de diversificar, proteger e até liderar uma nova narrativa de investimento estava na mesa. Eles tinham os instrumentos. Faltou visão, sobrou conservadorismo, opina Tota, do MB.
Segundo Hernandez, o movimento da Méliuz também se apresenta como um ponto de virada, que contribuiu para a valorização da companhia, impulsionada pelo aumento das ações promovido pelo BTG Pactual.
A Méliuz pode ter aberto caminho para que outras empresas repensem o papel do Bitcoin não apenas como ferramenta operacional, mas como parte da sua estrutura financeira, comenta.
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