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O impacto da alta dos juros em 2025 no Brasil e o reflexo no mercado cripto

5 mins
Atualizado por Lucas Espindola

EM RESUMO

  • Projeções dos analistas para a inflação em 2025 voltaram a subir, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (10) no Relatório Focus do Banco Central.
  • Alta dos juros em 2025: impacto na economia brasileira, próximos passos do Copom e o reflexo no mercado cripto.
  • Alta da Selic pode, em tese, afastar investidores de ativos de risco, tornando a renda fixa mais atrativa no curto prazo, opina VP de Novos Negócios do MB.
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As estimativas para a inflação em 2025 aumentaram, conforme o Relatório Focus do Banco Central (BC) divulgado nesta segunda-feira (10). A projeção subiu de 5,65% para 5,68%. Quanto ao dólar, a previsão para 2025 é de R$ 5,99.

Analistas e especialistas do mercado alertam sobre a pressão inflacionária e os impactos na indústria cripto.

Na primeira reunião de 2025, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic em 1 ponto percentual, atingindo 13,25% ao ano, como antecipado em dezembro. O BC já sinalizou a possibilidade de outro ajuste na próxima reunião, na próxima semana (18 e 19 de março).  E deixou em aberto a chance de mais aumentos durante o ano, caso a inflação continue elevada.

Essa decisão foi motivada pelo aumento do consumo interno, que está 4% acima da capacidade produtiva do país, pressionando ainda mais os preços.

Inflação brasileira em 2025 e o impacto na indústria cripto

No Brasil, a alta da Selic pode, em tese, afastar investidores de ativos de risco, tornando a renda fixa mais atrativa no curto prazo. Essa é a lógica da relação entre taxa de juros e ativos de risco. Entretanto, quando falamos de criptoativos, a lógica é diferente. Quem busca Bitcoin não está atrás de retornos de 20% ou 25% ao ano – o objetivo é capturar valorizações muito mais expressivas no longo prazo, explica o Vice-presidente de Novos Negócios do Mercado Bitcoin, Fabrício Tota.

Além disso, a adoção de cripto no Brasil não é movida apenas por apetite ao risco, mas também pela necessidade de proteção patrimonial. O risco de um real desvalorizado continua sendo um fator relevante para a busca por Bitcoin, stablecoins e outros criptoativos, especialmente entre investidores que enxergam cripto como alternativa financeira em um ambiente globalizado, complementa Tota.

Para o VP de Novos Negócios do MB, o mercado cripto brasileiro segue em expansão. Com maior clareza, por exemplo, a tendência é que a demanda continue crescendo independentemente das oscilações na taxa de juros.

Sobre os recentes aumentos da Selic, Paulo Bittencourt, estrategista-chefe da MZM Wealth, que possui mais de três décadas e meia de experiência no mercado de capitais, ressalta que:

“O aumento da Selic era esperado e reflete a necessidade de conter as pressões inflacionárias persistentes”.

O grande desafio agora é equilibrar os impactos dessa política na atividade econômica, especialmente em setores sensíveis ao crédito. Além disso, a trajetória dos juros dependerá não apenas da inflação, mas também da condução da política fiscal, que ainda não mostrou sinais concretos de contenção de gastos”, analisa.

Impacto em ativos financeiros

Segundo o estrategista-chefe da MZM Wealth, outro ponto de atenção destacado pelo Copom foi a política fiscal. O Comitê reforçou a preocupação com a falta de medidas voltadas ao controle de gastos públicos, enquanto o governo segue focado no aumento da arrecadação futura. Esse cenário gera incertezas para a política monetária e impacta diretamente os ativos financeiros.

Além disso, a necessidade de trazer a inflação para a meta estabelecida segue guiando as decisões do BC, que avalia os próximos passos do ciclo de aperto monetário.

João Kepler, CEO da Equity Group, explica que a persistência inflacionária reforça as expectativas de juros elevados por mais tempo. A projeção da Selic segue em 15% para este ano, sem sinal de alívio no curto prazo. O BC deve elevar os juros em mais 100 pontos-base para tentar manter a inflação sob controle, e podemos ver mais aumentos caso o IPCA também continue a registrar novas altas.

O problema é que essa política monetária restritiva terá reflexos diretos no crédito, encarecendo financiamentos e desestimulando investimentos. Isso também dificulta a desaceleração dos preços, tornando o desafio do BC ainda maior

Incerteza pode pesar para indústria cripto

O possível aumento da taxa Selic para 14,75% em 2025 pelo Copom busca conter a inflação e estabilizar a economia brasileira em um ambiente de considerável incerteza global. Por outro lado, esse ajuste encarece o crédito, reduz o consumo e o investimento, e pode gerar pressão sobre ativos de risco, incluindo criptomoedas, analisa o Diretor Latam da CoinEx, Pedro Gutierrez.

No curto prazo, taxas mais altas fortalecem o REAL e incentivam a migração de capital para renda fixa, reduzindo a liquidez em mercados voláteis. Mas no longo prazo, a demanda por criptoativos no Brasil continuará crescendo como alternativa à desvalorização e às limitações do sistema financeiro tradicional, acredita Gutierrez.

Segundo o executivo da CoinEx, com a vitória de Trump nos Estados Unidos, a renovada guerra tarifária contra a China e outros parceiros comerciais podem impactar o Brasil, que mantém, por exemplo, uma relação comercial estratégica com ambos os países.

Ele explica que se as exportações brasileiras, especialmente de commodities como soja e minério de ferro, forem afetadas pelas tensões comerciais e menor demanda global, a economia pode enfrentar uma nova desaceleração, fazendo com que a política monetária restritiva do Copom tenha um impacto ainda mais forte no crescimento doméstico.

Assim, nesse contexto, Gutierrez acredita que ativos descentralizados como o Bitcoin podem se estabelecer como uma opção de refúgio seguro diante da incerteza econômica, especialmente em economias emergentes como o Brasil, onde a diversificação financeira é fundamental em tempos de volatilidade global.

Danilo Matos, especialista de mercado da NovaDAX, compartilha da visão de Fabrício Tota do MB, sobre renda fixa como opção mais atrativa neste momento.

Em um cenário de Selic elevada, a renda fixa torna-se mais atrativa, levando muitos investidores a realocar seus recursos da bolsa de valores e até criptomoedas para essa modalidade. Diante disso, recomenda-se a revisão da alocação de investimentos, ponderando a migração para ativos de menor risco, ao menos temporariamente, detalha Matos.

Conforme o especialista de mercado da NovaDAX, com a renda fixa oferecendo retornos altos e seguros, o apetite por ativos voláteis, como criptomoedas, pode diminuir. Impactando, sobretudo, os preços e a liquidez do mercado cripto. O aumento da Selic pode atrair capital estrangeiro, fortalecendo o real e reduzindo a demanda por stablecoins e ativos dolarizados, alerta Matos.

Oportunidades em momentos de alta de juros e baixa liquidez para criptomoedas

Embora a alta de juros e a baixa liquidez apresentem desafios para ativos de risco como criptomoedas, também criam oportunidades para investidores com apetite ao risco e visão de longo prazo.

O aumento da Selic tende a deslocar investidores para a renda fixa, reduzindo a liquidez no mercado cripto e pressionando os preços para baixo. No entanto, essa queda pode representar uma boa oportunidade de entrada para quem acredita no potencial das criptomoedas a longo prazo, complementa o especialista da NovaDAX.

Menor participação de especuladores pode resultar em um mercado mais estável, favorecendo investidores convictos. Historicamente, momentos de baixa liquidez e preços em queda são oportunidades de acumulação antes de ciclos de alta.

Dessa forma, mesmo em um cenário de juros elevados, as criptomoedas podem continuar sendo uma opção interessante para aqueles dispostos a suportar oscilações de curto prazo em busca de retornos expressivos no futuro, finaliza Matos.

Boletim Focus: inflação persistente se torna desafio para Lula e BC

“Sem um ajuste fiscal mais sólido e um compromisso com a disciplina nos gastos públicos, o mercado continuará precificando risco”, diz André Matos, CEO da MA7 negócios.

Felipe Vasconcellos, Sócio da Equus Capital, diz que o Boletim Focus desta semana reforça que a inflação segue pressionada, com a projeção para 2025 subindo para 5,68%.

Esse cenário mantém os preços elevados, especialmente os dos alimentos, corroendo o poder de compra das famílias, o que dificulta ainda mais a governabilidade e popularidade do atual presidente Lula. Além disso, a desvalorização do real, com o dólar projetado em R$ 5,99 para 2025, encarece importações e pode intensificar ainda mais a pressão inflacionária e dificultar a manutenção do crescimento econômico do país.

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Aline Fernandes atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por diversas redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia dentro do pregão da BM&F Bovespa, hoje B3...
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