Nem tudo foi festa para o mercado de criptomoedas no dia 1º de abril. Em meio a brincadeiras e um mercado em recuperação, o presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou que exchanges e investidores deverão se registrar no país.
A comunidade encarou a decisão como “o primeiro grande erro” do chefe do executivo. Além disso, ela pode custar a boa vontade de vários aliados, incluindo o cofundador da Cardano, Charles Hoskinson.
Argentina enfrenta problemas econômicos
A Argentina de Javier Milei passa por um processo curioso. A premissa do presidente argentino é deixar suas contas no azul, custe o que custar.
Para isso, ele promoveu amplos cortes de gastos, que incluíram o fechamento de uma agência estatal de notícias. O evento se tornou emblemático porque não bastou Milei fechar o local, para ele, foi necessário enviar a polícia até lá e cercar o prédio.
Além disso, a inflação no país cresceu 13,2% em fevereiro, conforme dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) da Argentina. Com isso, o aumento de preços atingiu 276,2% em doze meses.
Mas tudo isso estava nos planos. Em seu discurso de posse, o presidente afirmou que a situação ia piorar antes de melhorar e que só conseguiria controlar a inflação após entre 12 a 18 meses.
Em dezembro de 2023, Milei enviou ao congresso do país um enorme pacote econômico, que incluía, por exemplo, desvalorizar o peso argentino em 50%, redução ministerial, cancelamento de obras públicas, taxação de importações e exportações, entre outros. O parlamento, entretanto, rejeitou a proposta.
“Vão tentar fazer uma terapia de choque na sociedade argentina, baseados num diagnóstico equivocado do ponto de vista teórico, porque está tomando o efeito como causa. O déficit fiscal é mais efeito do processo inflacionário do que causa e a terapia que eles estão propondo tem o risco de causar uma severa recessão na economia”, disse o economista André Roncaglia, na época, à Agência Brasil.
Entretanto, há um aspecto do pensamento de Milei que não recebeu críticas: sua visão sobre criptomoedas. Até agora.
O erro de Milei sobre criptomoedas
O entusiasmo de Javier Milei com a indústria de criptomoedas era evidente desde que ele estava em campanha. Vencedor e empossado, o presidente argentino começou a atrai o olhar de evangelistas de todo o mundo.
O entusiasta do Bitcoin Max Keiser, por exemplo, foi um deles. Keiser atua como consultor de El Salvador para criptomoedas. O país centro-americano foi o primeiro do mundo a instituir o Bitcoin (BTC) como moeda de curso legal.
Na época, havia conversas de que El Salvador poderia enviar uma comitiva à Argentina para falar sobre criptomoedas. E essa comitiva incluiria Max Keiser.
Outra pessoa que elogiou a visão de Milei sobre o mercado foi o cofundador da Cardano (ADA), Charles Hoskinson.
Acontece que Milei pode ser simpático a criptomoedas, mas não é um evangelista delas.
Conforme informações da Forbes, o governo do presidente argentino anunciou que empresas e investidores de criptomoedas deverão se registrar. A intenção é adequar a regulamentação ao framework do Grupo de Ação Financeira Tradicional (GAFI).
Espera-se que a ação afete empresas e indivíduos que atuem com compra, venda, envio, recebimento, empréstimo e trocas de criptomoedas.
A decisão, entretanto, não pegou bem para entusiastas de criptomoedas. Inclusive para aliados, como o próprio Max Keiser. No Twitter (X), o evangelista disparou:
“Javier Milei cometeu seu primeiro erro. Ele nunca se dedicou a entender o Bitcoin e agora vai sofrer as consequências”.
O problema é que a legislação, do jeito que está, trata criptomoedas como títulos, e não como dinheiro. A alteração, entretanto, é uma exigência para os países membros do GAFI, explicou o fundador da Ripio, Sebastian Serrano, ao BeInCrypto.
“A Argentina estava passando por uma auditoria que, se não fosse aprovada, teria consequências difíceis. Até agora é apenas um registro, mas é provável que no futuro os requisitos aumentem para VASPs”, conclui.
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