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O grande erro de Javier Milei sobre criptomoedas, explicado

3 mins
Atualizado por Thiago Barboza

EM RESUMO

  • O presidente argentino Javier Milei anunciou que exchanges de criptomoedas devem se registrar no país.
  • A Argentina enfrenta problemas econômicos, com medidas controversas de Milei para equilibrar as contas.
  • A decisão de Milei sobre a regulamentação das criptomoedas é criticada por entusiastas, incluindo Max Keiser, que a considera um erro.
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Nem tudo foi festa para o mercado de criptomoedas no dia 1º de abril. Em meio a brincadeiras e um mercado em recuperação, o presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou que exchanges e investidores deverão se registrar no país.

A comunidade encarou a decisão como “o primeiro grande erro” do chefe do executivo. Além disso, ela pode custar a boa vontade de vários aliados, incluindo o cofundador da Cardano, Charles Hoskinson.

Argentina enfrenta problemas econômicos

A Argentina de Javier Milei passa por um processo curioso. A premissa do presidente argentino é deixar suas contas no azul, custe o que custar.

Para isso, ele promoveu amplos cortes de gastos, que incluíram o fechamento de uma agência estatal de notícias. O evento se tornou emblemático porque não bastou Milei fechar o local, para ele, foi necessário enviar a polícia até lá e cercar o prédio.

Além disso, a inflação no país cresceu 13,2% em fevereiro, conforme dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) da Argentina. Com isso, o aumento de preços atingiu 276,2% em doze meses.

Mas tudo isso estava nos planos. Em seu discurso de posse, o presidente afirmou que a situação ia piorar antes de melhorar e que só conseguiria controlar a inflação após entre 12 a 18 meses.

Em dezembro de 2023, Milei enviou ao congresso do país um enorme pacote econômico, que incluía, por exemplo, desvalorizar o peso argentino em 50%, redução ministerial, cancelamento de obras públicas, taxação de importações e exportações, entre outros. O parlamento, entretanto, rejeitou a proposta.

“Vão tentar fazer uma terapia de choque na sociedade argentina, baseados num diagnóstico equivocado do ponto de vista teórico, porque está tomando o efeito como causa. O déficit fiscal é mais efeito do processo inflacionário do que causa e a terapia que eles estão propondo tem o risco de causar uma severa recessão na economia”, disse o economista André Roncaglia, na época, à Agência Brasil.

Entretanto, há um aspecto do pensamento de Milei que não recebeu críticas: sua visão sobre criptomoedas. Até agora.

O erro de Milei sobre criptomoedas

O entusiasmo de Javier Milei com a indústria de criptomoedas era evidente desde que ele estava em campanha. Vencedor e empossado, o presidente argentino começou a atrai o olhar de evangelistas de todo o mundo.

O entusiasta do Bitcoin Max Keiser, por exemplo, foi um deles. Keiser atua como consultor de El Salvador para criptomoedas. O país centro-americano foi o primeiro do mundo a instituir o Bitcoin (BTC) como moeda de curso legal.

Na época, havia conversas de que El Salvador poderia enviar uma comitiva à Argentina para falar sobre criptomoedas. E essa comitiva incluiria Max Keiser.

Outra pessoa que elogiou a visão de Milei sobre o mercado foi o cofundador da Cardano (ADA), Charles Hoskinson.

Acontece que Milei pode ser simpático a criptomoedas, mas não é um evangelista delas.

Conforme informações da Forbes, o governo do presidente argentino anunciou que empresas e investidores de criptomoedas deverão se registrar. A intenção é adequar a regulamentação ao framework do Grupo de Ação Financeira Tradicional (GAFI).

Espera-se que a ação afete empresas e indivíduos que atuem com compra, venda, envio, recebimento, empréstimo e trocas de criptomoedas.

A decisão, entretanto, não pegou bem para entusiastas de criptomoedas. Inclusive para aliados, como o próprio Max Keiser. No Twitter (X), o evangelista disparou:

“Javier Milei cometeu seu primeiro erro. Ele nunca se dedicou a entender o Bitcoin e agora vai sofrer as consequências”.

O problema é que a legislação, do jeito que está, trata criptomoedas como títulos, e não como dinheiro. A alteração, entretanto, é uma exigência para os países membros do GAFI, explicou o fundador da Ripio, Sebastian Serrano, ao BeInCrypto.

“A Argentina estava passando por uma auditoria que, se não fosse aprovada, teria consequências difíceis. Até agora é apenas um registro, mas é provável que no futuro os requisitos aumentem para VASPs”, conclui.

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Júlia V. Kurtz
Editora do BeInCrypto Brasil, a jornalista é especializada em dados e participa ativamente da comunidade de Criptoativos, Web3 e NFTs. Formada pelo Knight Center for Journalism in the Americas da Universidade do Texas, possui mais de 10 anos de experiência na cobertura de tecnologia, tendo passado por veículos como Globo, Gazeta do Povo e UOL.
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