“Não é salada de frutas. É arquitetura.”
É com esta frase que rompo os quase oito meses sem artigos, e busco explicar da forma mais fiel possível por que estive em silêncio – e por que agora retorno.
Nesse intervalo, não me afastei dos temas que estudo e aplico no dia a dia. Pelo contrário: mergulhei ainda mais fundo. Precisava fazer o que o ritmo acelerado da nova economia nem sempre permite: digerir, conectar, estruturar. Perceber o todo.
E o que vi com clareza foi o seguinte: ESG, tributação, inovação, compliance e financiamento não são temas fragmentados. São pilares de uma mesma estrutura. O elo invisível que os une? Dados. Mais precisamente: dados estruturados, interoperáveis e confiáveis, ancorados em tecnologia.
E nesse cenário, a blockchain não é só mais uma buzzword. É um pilar invisível, mas fundamental, da nova economia digital.
A economia já é digital. O direito e o compliance também precisam ser.
Ainda se fala em “transformação digital” como se ela estivesse no futuro. Mas a verdade é que a economia já é digital. Do agronegócio aos criptoativos, passando por mercados regulados e emissão de títulos rotulados, os modelos analógicos já não dão conta da complexidade atual.
Hoje, falar de direito “digital, reforma tributária, estruturação de projetos tecnológicos, acesso a financiamento verde, ou mesmo de sustentabilidade é, no fundo, falar de compliance tecnológico, governança de dados e interoperabilidade entre sistemas e jurisdições.
Modelos jurídicos baseados em papel, silos ou conformidade pós-fato perderam espaço. A nova fronteira é a automação do compliance via dados e tecnologia.
A blockchain como camada invisível (e estratégica) da confiança
Enquanto muitos ainda atrelam blockchain à “infraestrutura para criptoativos”, a verdade é que seu horizonte é muito mais amplo. Blockchain é pilar que garante rastreabilidade, segurança, integridade e auditabilidade de dados. E isso é exatamente o que o mercado exige hoje: em qualquer setor.
No agro, já vemos sua aplicação viabilizar rastreabilidade em cadeias produtivas, permitindo o acesso a “selos verdes” e crédito sustentável, por exemplo. No financiamento, tokens verdes surgem como instrumentos digitais que garantem transparência sobre onde e como o dinheiro é aplicado. No compliance, smart contracts automatizam obrigações fiscais e ambientais, reduzindo riscos e dando previsibilidade a empresas e governos.
Quando os dados são confiáveis, tudo flui melhor: regulação, negócios, financiamento e governança. E blockchain é uma das melhores formas de garantir isso hoje.
Do compliance reativo ao compliance estrutural
Se antes “estar em conformidade” era apenas uma obrigação regulatória, hoje é estratégia negocial.
Quem estrutura bem seus dados fiscais, climáticos e operacionais não só cumpre normas, mas: acessa capital mais rápido, reduz o custo regulatório, e cria vantagens competitivas reais.
Não é à toa que a intersecção entre ESG, compliance e blockchain já atrai o interesse de grandes players — dos bancos às startups, dos órgãos públicos aos fundos de investimento.
Compliance estruturado com tecnologia deixa de ser centro de custo para se tornar gerador de valor. E isso muda todo o jogo.
O novo paradigma é conectado por dados
É por isso que co-fundei a Allia: para transformar a complexidade regulatória em estratégia viva, através de governança de dados de sustentabilidade automatizada.
Porque não existe ESG sem mensuração, ou accountability sem transparência digital, nem regulação moderna sem governança de dados. E, definitivamente, não existe confiança, seja para negócios ou políticas públicas, sem rastreabilidade.
Esta é a tese: A economia digital exige uma nova arquitetura regulatória, fiscal e societária — e ela começa com dados. Blockchain, nesse cenário, não é o destino. É a infraestrutura silenciosa que sustenta a confiança.
Quem ainda vê temas isolados, fica para trás
O tempo que passei em silêncio foi o tempo necessário para consolidar essa visão. ESG, tributação, inovação e tecnologia não são especializações diferentes: são faces de uma mesma moeda. E quem não entende essa conexão, vai tomar decisões desatualizadas em mercados que se movem rápido demais.
A nova economia não é feita por quem “acompanha tendências”, mas por quem entende as estruturas invisíveis que sustentam as mudanças. E hoje, essa estrutura chama-se:
dados estruturados, compliance inteligente e blockchain como pilar da confiança.
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