No segundo trimestre de 2025, a Monero (XMR), uma das principais criptomoedas voltadas à privacidade, registrou uma valorização expressiva de 150% em apenas dois meses, atingindo seu nível mais alto desde junho de 2021.
Apesar da forte valorização, o avanço da XMR passou quase despercebido nas redes sociais, com pouca repercussão entre analistas e influenciadores do setor. A escalada, no entanto, vai além da simples valorização — ela reflete uma tendência crescente no mercado: o fortalecimento da demanda por criptoativos com foco em privacidade.
No momento desta reportagem, o valor de mercado da Monero ultrapassava US$ 7,2 bilhões, posicionando a moeda entre as 25 maiores do CoinMarketCap.
Durante o rali de maio, o BeInCrypto destacou que a XMR chegou ao pico de US$ 420, acumulando um avanço de 150% desde o início de abril. Na máxima, a capitalização de mercado do ativo superou momentaneamente a da Litecoin (LTC) e da Toncoin (TON), antes de recuar para US$ 394 — patamar mais elevado desde meados de 2021.

Um dos principais fatores por trás da valorização foi o aumento da taxa de hash da rede. Dados da CoinWarz revelam que, em maio, o Monero atingiu 6,33 GH/s — seu maior nível histórico. Esse crescimento indica a entrada de novos mineradores, refletindo maior confiança no futuro do projeto. Além disso, o fortalecimento da taxa de hash contribui para ampliar a segurança e a descentralização da blockchain.

Não apenas os mineradores estão otimistas, mas o interesse dos investidores na XMR também está crescendo, como visto nos dados do Google Trends.

O interesse por Monero também cresceu fora dos gráficos de preços. Segundo o Google Trends, as buscas pelo termo se mantiveram acima de 50 pontos ao longo de 2025. Nos últimos dois meses, esse índice disparou, alcançando 90 pontos — o maior patamar desde agosto de 2024. O aumento ocorre em meio a rumores sobre um possível relistamento da XMR em grandes exchanges, o que tem gerado expectativa no mercado.
Demanda crescente por transações anônimas marca início de 2025
Reconhecida por seu foco em privacidade, a rede Monero adota mecanismos como assinaturas em anel e protocolos criptográficos avançados para ocultar remetente, destinatário e valor das transações. Com isso, o ativo se mantém como uma das principais opções para usuários que buscam anonimato total em suas movimentações.
Além disso, a comunidade acompanha com atenção o desenvolvimento de uma nova atualização chamada Full Chain Membership Proofs (FCMP++), que promete melhorar ainda mais a privacidade das operações. A proposta também incluirá resistência a ataques de computação quântica, reforçando a segurança de longo prazo da rede.
“Atualmente, a Monero facilita ‘Assinaturas em Anel’ para obscurecer o remetente de cada transação e mistura a entrada real com um conjunto de iscas (geralmente 16). O FCMP++ substituirá isso por um novo sistema que permite provar que uma saída gasta realmente pertence ao conjunto inteiro de saídas na cadeia, potencialmente bem acima de 100 milhões. Assim, o ‘Conjunto de Anonimato’ seria drasticamente aumentado, tornando quase impossível dizer quem foi o verdadeiro remetente”, disse CR1337, Equipe Principal da Navio, afirmou.
Enquanto isso, parte da valorização da XMR também pode estar associada ao aumento de atividades ilícitas envolvendo a moeda. No início deste ano, um canal de mídia vinculado à Província do Paquistão do Estado Islâmico teria divulgado um cartaz conclamando à “jihad com riqueza” e solicitando doações em Monero. Em outro episódio, hackers supostamente utilizaram a criptomoeda para lavar fundos desviados em um roubo de US$ 330 milhões ocorrido no fim de abril — período que coincidiu com o início da alta de três semanas do ativo.
Apesar das preocupações, o movimento de alta não é exclusivo da XMR. Dados da Artemis mostram que o segmento de moedas de privacidade como um todo apresentou ganhos expressivos recentemente, com uma valorização média superior a 63% no último mês. O cenário reforça a crescente demanda por ativos digitais que oferecem anonimato em meio a um ambiente regulatório mais rígido.

Apesar dos debates em curso sobre anonimato e ideologias associadas à resistência à censura, as soluções de privacidade on-chain seguem ganhando adesão. O recente rali de preços do Monero parece reforçar, ainda que de forma indireta, seu posicionamento como um dos principais símbolos de oposição à vigilância financeira global.
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