Mercado está otimista com indicação de Gabriel Galípolo ao BC

8 mins
Atualizado por Aline Fernandes

EM RESUMO

  • Indústria cripto, especialistas e analistas acreditam em um cenário positivo, caso Galípolo assuma o cargo de presidente do BC.
  • Sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado está marcada para 08 de outubro.
  • Haddad sobre independência do BC: "Eu não acho elegante da minha parte dizer o que o Banco Central tem que fazer”.
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Após uma gestão com foco em agenda verde e tokenizada, o atual presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, vai passar o bastão provavelmente para Gabriel Galípolo. O economista e atual diretor de política monetária do BC, aliás é o nome indicado pelo presidente Lula para ocupar uma das cadeiras mais importantes do país.

Mas como a chegada de Gabriel Galípolo à presidência do Banco Central pode afetar o cenário cripto no Brasil em meio a política monetária local?

O Governo Lula deve interferir no BC, uma vez que a indicação é dele? Vale lembrar que a gestão de Campos Neto foi a primeira independente.

Nós perguntamos ao mercado para entender, entre outras questões, se essa proximidade com o governo pode afetar a agenda digital, incluindo Drex?

MB acredita que Galípolo manterá Brasil como líder em inovação financeira

Para o diretor de novos negócios do MB, Fabrício Tota, Gabriel Galípolo assumirá o BC em um momento de grande expectativa.

O mandato de um presidente do Banco Central envolve principalmente a manutenção da estabilidade da moeda, a supervisão do sistema financeiro e a condução da política cambial e monetária. O que se espera de Galípolo é que ele foque em gerir essas responsabilidades com a diligência que se espera de um presidente de Banco Central, preservando a autonomia da instituição.

Tota explicou que “com a nomeação, é evidente que surjam questões sobre continuidade ou mudança em relação a outros temas da gestão anterior. Campos Neto foi uma figura chave no campo da inovação, impulsionando iniciativas como o Drex, sendo muito vocal quanto à tokenização, que podem posicionar o Brasil na vanguarda da modernização financeira global.

Não à toa o Banco Central do Brasil venceu o prêmio “Banco Central do Ano” da revista Central Banking. A inovação no BC, contudo, é uma política de Estado, e a expectativa é que Galípolo dê continuidade a essa agenda com a mesma firmeza.

A prioridade da próxima gestão deve ser de manter o Brasil como líder em inovação financeira, enfrentando os desafios futuros com o mesmo compromisso e visão estratégica que a gestão anterior, conclui o diretor do MB.

Líder de Política Públicas da Bitso não acredita em mudanças radicais

Julia Rosin, líder de Políticas Públicas da Bitso, lembra bem que a indicação de Galípolo não foi uma surpresa para o setor privado.

Isso porque o governo vinha buscando posicionar o economista como um forte candidato ao posto. E antes mesmo de indicá-lo como Diretor de Política Monetária do Banco Central, ele era o principal interlocutor com Roberto Campos Neto.

Assim, podemos dizer que sua nomeação foi uma construção entre a gestão e o mercado financeiro que, mesmo antes da independência do BACEN, já exercia grande influência na escolha dos presidentes.

Rosin acredita que neste contexto “existem grandes expectativas que o BC siga com foco no cumprimento das suas metas primárias. Especialmente no controle da inflação, o que deve se traduzir em poucas mudanças no cenário do uso de cripto no país”.

Debate sobre regulamentação na pauta política?

Além disso, diferentemente do que temos visto nas eleições presidenciais de alguns países, aqui no Brasil o debate sobre uso e a regulamentação de criptoativos foge ao espectro partidário, sendo tratado por reguladores como uma questão bastante técnica e com alto potencial de ampliação da agenda de inovação e inclusão financeira”, ressaltou a líder de Políticas Públicas da Bitso.

Sobre a agenda digital, proximidade com o governo e Drex, Júlia acredita que atualmente não existem indicativos de que a agenda de inovação sofrerá descontinuidade. E principalmente, deve seguir o desenvolvimento previsto.

Assim como a regulamentação das criptomoedas, o desenvolvimento de novas tecnologias com alto potencial de inovação do sistema financeiro é visto com bons olhos e apoiado pela massiva maioria dos setores envolvidos., opina Rosin

Procuradora do Estado diz que nomeação é combinação de cautela e expectativa positiva

Dayana Uhdre, Doutora e Procuradora do Estado do Paraná, acredita que a nomeação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central é vista com uma combinação de cautela e expectativa positiva.

A procuradora e autora do livro “Blockchain, Tokens e Criptomoedas. Análise Jurídica”, ressalta que Galípolo é sobretudo, um economista técnico, experiente, e bem recebido pelo mercado. Ela espera a manutenção do equilíbrio entre a independência da política monetária e as demandas do governo Lula.

Embora existam preocupações sobre uma possível interferência governamental, seu histórico sugere que ele buscará preservar a autonomia do Banco Central, promovendo ao mesmo tempo a inovação no setor financeiro e o crescimento do mercado cripto no Brasil.

BC, proximidade com o governo e efeitos na agenda digital

Uhdre lembrou que “o Drex, já se tornou um case de sucesso internacional. E deve continuar a ser uma prioridade por se tratar de uma política de Estado, independentemente da influência governamental.”

Galípolo tem enfatizado o “DNA de inovação” do Banco Central e a importância da colaboração com o setor privado, reforçando seu compromisso com a modernização financeira do Brasil, diz Uhdre.

VP da Binance para América Latina está otimista

O VP da Binance para América Latina, Guilherme Nazar citou o pioneirismo do Brasil na indústria de criptoativos.

O Brasil está à frente no que tange a regulamentação de criptomoedas e as prestadoras de serviços de ativos digitais e o Banco Central tem demonstrado olhar para as novas tecnologias em convergência com eficiência, transparência e segurança dos usuários.

“Essa é uma visão que a Binance compartilha e que norteia a atuação da exchange com foco primordial no usuário. Acreditamos que uma agenda digital sólida é fundamental para o avanço da economia digital no país. E a Binance está comprometida em apoiar iniciativas que promovam a inovação de forma sustentável e segura”, reforça Guilherme.

Vale lembrar que a Binance é hoje a maior exchange cripto do planeta.

No que tange a regulação, parabenizamos a forma como foi conduzida a consulta pública acerca dos ativos digitais, com a disposição de ouvir e coletar experiências e conhecimento dos players do mercado. A Binance fez uma contribuição robusta, baseada em conhecimento obtido nas 19 jurisdições onde detém licenças e registros. Continuaremos colaborando com as autoridades brasileiras para que o Brasil permaneça na vanguarda da inovação cripto”, finaliza Nazzar

NovaDAX acredita que Drex será um projeto do Estado e não do BC

Logan, Country Manager da NovaDAX , falou que “ainda é cedo para dizer que uma mudança na gestão possa atrapalhar ou agilizar as coisas.”

Mas é muito claro para a NovaDAX que o projeto DREX é uma iniciativa robusta e que mesmo em fase de teste já provou o seu valor inúmeras vezes, valor esse que por si só será capaz de garantir a sua permanência e desenvolvimento a longo prazo.

Acredito que o Drex não será visto como um projeto do atual presidente do Banco Central Campos Neto, mas sim como um projeto de Estado, com potencial para manter o Brasil na liderança da inovação financeira, disse Logan.

CEO da Transfero acredita em mudanças

Conforme Márlyson Silva, CEO da Transfero, a chegada de Gabriel Galípolo à presidência do Banco Central marca uma mudança significativa. Isso porque ele vem com um histórico de proximidade com o governo Lula, enquanto a gestão anterior, de Roberto Campos Neto, destacou-se pela sua independência.

Embora essa nova gestão possa levar a ajustes nas políticas monetárias, ainda não há clareza sobre como isso impactará diretamente o setor cripto.

A continuidade dessa postura (agenda digital) dependerá do equilíbrio que Galípolo conseguirá manter entre atender às expectativas do governo e dar sequência à modernização financeira, o que inclui o setor cripto, reforça Márlyson.

Poltíca monetária pode afetar ativos digitais?

Se a proximidade com o governo resultar em maior controle da política monetária, há uma possibilidade de ajustes na forma como o BC se relaciona com o ecossistema de ativos digitais, especialmente em questões de regulamentação. No entanto, o histórico recente de apoio à inovação tecnológica sugere que, embora mudanças possam ocorrer, elas não necessariamente vão desacelerar o crescimento do mercado cripto no Brasil, destacou Márlyson

Sobre o Drex, o CEO da Transfero também lembrou o sucesso internacional do Drex, posicionando o país como um líder na transformação digital do sistema financeiro global.

Dado o sucesso do Drex até agora, é provável que Galípolo, mesmo com sua proximidade com o governo, dê continuidade ao projeto. Até porque ele oferece um claro potencial para melhorar a eficiência financeira e atrair investimentos internacionais. No entanto, o ritmo de desenvolvimento pode ser afetado por novas prioridades impostas pelo governo. Se houver uma maior interferência governamental, pode haver ajustes no cronograma e nas prioridades da agenda digital, alerta Márlyson.

Cartesi acredita em avanços na agenda digital

Bruno Maia, head de Ecosystem Growth da Cartesi, um protocolo rollup, falou que a pesar de ser preocupante a incerteza de uma nova gestão após cinco anos de liderança do atual presidente do Banco Central, a entrada de Gabriel Galípolo, se aprovada, pode representar melhorias e avanços no ecossistema.

A essa altura, o Drex já não é mais um projeto que possa ser deixado de lado, algo que dificilmente seria esperado de alguém com o perfil conhecidamente heterodoxo e com a vasta experiência financeira de Galípolo.

BC e as relações com o Governo Lula

Nesta quarta-feira (4), em entrevista a Globo News, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT),  reforçou que Gabriel Galípolo é “gabaritado” para assumir a presidência da autoridade monetária.

É uma pessoa que, na minha opinião, está muito gabaritada para assumir a presidência do Banco Central. Ele se dá bem com todos os diretores e se dá bem com o presidente Roberto Campos Neto, afirmou Haddad.

Antes de ser diretor de Política Monetária do BC, Gabriel foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda.

Sobre a política monetária e se o BC vai ou não optar pela manutenção da Selic, atualmente em 10,5% a.a ,o ministro disse que não “acha elegante dizer o que o Banco Central, tem que fazer”

Sabatina marcada para 08/10

Os próximos passos para nomeação incluem uma sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, e deve ser aprovado pelo plenário da Casa. Pelo menos essa é a expectativa.

O senador Paulo Paim (PT-RS) destacou, em pronunciamento nesta quarta-feira (4), a indicação do economista Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central (BC). Para o parlamentar, Galípolo tem clareza sobre o funcionamento do sistema financeiro e o interesse do país, conhecendo bem o funcionamento da instituição.

Especialistas o avaliam como um profissional ponderado, equilibrado, mediador, de diálogo e que tem uma posição de meio de campo entre as políticas fiscal e monetária. Um homem de muita tranquilidade na forma de se colocar mediante os problemas do país e tem uma visão de que as políticas humanitárias são importantes, e por isso é no diálogo, é no convencimento. Ele é defensor do desenvolvimento com o apoio estatal na industrialização do país, incluindo o financiamento de infraestrutura, saneamento, tecnologia de ponta entre outros pontos.

Antes da sabatina no Senado, o mercado adota uma postura cautelosa, mas também mantém um otimismo moderado.

A sabatina será um momento crucial para avaliar a capacidade de Galípolo de equilibrar a autonomia do Banco Central com as demandas políticas, continuando a avançar com a agenda de inovação digital, especialmente com o Drex. Sua habilidade para lidar com pressões políticas e manter o foco na modernização será essencial para definir o impacto de sua gestão no cenário financeiro e cripto do Brasil, finaliza Dayana Udhre.

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Aline Fernandes
Aline Fernandes atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por diversas redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia dentro do pregão da BM&F Bovespa, hoje B3 -...
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