A Méliuz, empresa brasileira de cashback, anunciou nesta quinta-feira (06/03) a alocação de 10% do seu caixa em Bitcoin, somando um investimento de US$ 4,1 milhões. Com isso, a companhia se torna a primeira empresa listada na Bolsa de Valores do Brasil a fazer um movimento significativo nesse mercado.
A compra envolveu 45,72 bitcoins, adquiridos a um preço médio de US$ 90.296 por unidade. Para garantir a gestão desse novo ativo, a empresa criou um comitê estratégico de Bitcoin, que vai definir diretrizes para futuras alocações. A expectativa é que um estudo inicial sobre o impacto da iniciativa seja divulgado ao mercado nos próximos 45 a 60 dias.
Estratégia inspirada na MicroStrategy
A inspiração da Méliuz veio de um case de sucesso internacional. Desde 2020, a empresa americana de software MicroStrategy investe parte do seu caixa em Bitcoin, alcançando um crescimento expressivo. Sob a liderança de Michael Saylor, a companhia viu seu valor de mercado saltar de US$ 500 milhões para US$ 77 bilhões e acumulou aproximadamente 499 mil bitcoins, avaliados em US$ 45 bilhões.
Visão de longo prazo
Israel Salmen, presidente do conselho e maior acionista da Méliuz, explicou que a decisão de investir em Bitcoin foi baseada na ideia de que ele representa uma “alternativa mais inteligente” para aplicar os recursos da empresa. Segundo ele, o objetivo é manter os ativos por longo prazo, sem planos de venda imediata.
A Méliuz já tinha experiência com o mercado cripto antes da compra, utilizando a tecnologia da Liqi para operar nesse segmento. Agora, com esse investimento direto, a empresa reforça sua posição como pioneira entre as companhias brasileiras listadas na Bolsa.
Busca por valorização
A decisão também acontece em um momento delicado para a Méliuz na B3. Em 2021, as ações da empresa estavam em alta, movimentando cerca de R$ 250 milhões por dia e atingindo um valor de mercado de R$ 6 bilhões. Atualmente, a companhia está avaliada em aproximadamente R$ 270 milhões, com uma liquidez diária de apenas R$ 4 milhões.
Em carta aos acionistas, Salmen reconheceu as dificuldades, mas demonstrou confiança de que a estratégia com Bitcoin pode revitalizar o interesse dos investidores e reposicionar a empresa no mercado.
Crescimento do setor cripto no Brasil
O mercado de criptomoedas tem atraído cada vez mais empresas brasileiras. Em 2021, o Mercado Livre comprou US$ 7,8 milhões em Bitcoin para compor sua tesouraria e passou a aceitar pagamentos com criptomoedas em transações imobiliárias.
O Banco do Brasil também vem apostando no setor. Em dezembro de 2024, tornou-se um dos principais investidores institucionais no ETF de Bitcoin da BlackRock, com um aporte de US$ 1,59 milhão.
O BTG Pactual, por sua vez, lançou a plataforma Mynt para negociação de ativos digitais e se destacou como um dos poucos bancos do mundo a operar sua própria mineração de Bitcoin.
Dados da Receita Federal indicam que mais de 25 mil empresas no Brasil já negociam Bitcoin e outras criptomoedas, reforçando a tendência de adoção dos ativos digitais no país.
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