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IA e a Economia dos Links: como os LLMs vem redefinindo a Mídia Digital em 2025

4 Min.
Atualizado por Lucas Espindola

Resumo

  • A inteligência artificial está substituindo a “economia do link” por consumo direto e conversacional de informação.
  • O valor do conteúdo passa da distribuição para a procedência e utilidade, exigindo novos modelos de monetização.
  • Ferramentas como Kaito e conceitos como InfoFi apontam caminhos para uma mídia mais interativa, personalizada e descentralizada.
  • promo

Revoluções de consumo nascem quando a população deixa de lado práticas consideradas ultrapassadas e encontra algo melhor, às vezes até muito melhor. Foi assim quando a juventude dos anos 2000 deixou de pagar por um CD de sua banda favorita e descobriu o Napster; quando passageiros cansaram de brigar por um táxi na chuva (vemos muito isso nos filmes) e adotaram o Uber; quando investidores individuais, desconfiados dos prazos bancários, migraram para Coinbase, Binance, etc. Em todos esses episódios, a atitude de recusa explodiu não só em destruição, mas em renascimento: Spotify redefiniu música, Uber reposicionou mobilidade, exchanges cripto reposicionam o sistema financeiro. O ponto em comum é a forma como os valores do consumidor são reescritos — conveniência, autonomia, custo acessível.

Hoje a mesma história se repete na indústria de mídia digital. A cada golpe — dos classificados pulverizados pelo Craigslist, da informação transformada em commodity pelo Google, da atenção diluída e polarizada pelas redes sociais, da audiência puxada para as bordas pelos criadores — as redações reinventaram modelos: investimentos em SEO, e a busca do usuário “onde ele está”. Dessa vez, porém, o desafio tem uma natureza bastante diferente. 

Ferramentas de IA generativa como ChatGPT ou Perplexity não apenas deslocam a distribuição; elas mudam o rumo e às vezes até “apagam” o caminho de volta. Poucas pessoas clicam no link de origem, isso se clicam. Não existe mais uma jornada a se otimizar. A noção de portal como destino, para muitos, deixou de existir.

Estamos presenciando, de uma certa forma, a morte da “economia do link” — pilar que definiu como o conteúdo passou a ser exibido, consumido e precificado na web. ChatGPT e Gemini se parecem com a Wikipedia ao sintetizar informações, citar fontes e imprimir tom próprio, mas, assim como a enciclopédia colaborativa, quase não devolve tráfego para as fontes.  Multiplique isso por cem e o antigo modelo desaba: monetizar visitas torna-se inviável quando a visita quase não acontece. O ativo deixa de ser alcance; passa a ser procedência. Saímos de um universo centrado em distribuição para outro focado na extração: a plataforma não precisa enviar o leitor de volta, basta referenciar o trabalho original. E está tudo bem. 

Está?

Essa mudança, como muitas outras relacionadas a disruptividade e tecnologia, nos obriga a encarar a IA não como um novo meio, e sim como um novo modo de consumo. Menos páginas, menos cliques, menos interfaces, menos momentos de engajamento ativo, mais conversação, mais interação. 

Imagine que, no horizonte, a “primeira página” do jornal seja substituída por um agente com quem o leitor conversa, interage, que conhece seu contexto, suas preferências e o ajuda a raciocinar sobre o que importa. De uma rolagem passiva para um diálogo e orientações proativas. Trata-se de uma transformação de interface comparável ao surgimento do navegador ou até do smartphone, em alguma escala.

Diante disso, qual a ação imediata para quem produz notícia? Encontrar receitas dentro desse ambiente: negociar licenciamento de conteúdo, vender acesso via API, incorporar agentes conversacionais em produtos próprios. Etc. São soluções de curto prazo, importantes para manter o negócio rodando. Mas, o prêmio verdadeiro pertence a quem abraçar o comportamento do futuro. Podemos desenhar um “Spotify do texto”, no qual uma assinatura única remunera repórteres e editores segundo o nível de consumo — talvez usando stablecoins para liquidar micropagamentos. Já existe algo parecido e muito interessante nessa linha: Kaito, uma plataforma que utiliza inteligência artificial para organizar, filtrar e valorizar informações no universo cripto, resolvendo um dos maiores problemas do setor: o excesso de ruído. Fundada por Yu Hu, ex-Citadel, a Kaito vasculha milhares de fontes — de Twitter a fóruns de governança — para gerar insights em tempo real. O token $KAITO viabiliza staking, governança e transações na rede.  Ou seja, quem traz a melhor informação, é recompensado. O consumidor passa a escolher sua própria trilha de aprofundamento, cavando o quanto quiser em qualquer direção e recompensando a informação verídica. Isso é chamado de InfoFi.  Para uma minoria disposta a experimentar, abre-se um novo leque de opções, algumas podem dar certo, outras certamente não. 

A métrica deixa de ser pageview e se converte em utilidade efetiva, em interação. A pergunta central não é mais “quantos chegaram?” e sim “quem resolveu seu problema graças a nós?”. A experiência que atender a essa expectativa — que ofereça contexto, diálogo, personalização e confiança — ditará a próxima fase da mídia online.

A missão passa a ser controlar o relacionamento, não o clique. Isso pede newsletters de análise, comunidades pagas, feeds conectados a CRMs, widgets em painéis corporativos e respostas integradas a assistentes de voz. O conteúdo segue central, porém entregue em micro-doses contextuais, de forma completamente diferente de como tem sido nos últimos anos.

Esse quadro acelera a corrida por provas de autoria. Protocolos de autenticação em blockchain, marcas-d’água invisíveis e padrões como C2PA prometem assegurar que a procedência acompanhe cada citação, mesmo condensada por um modelo. Quem dominar essa camada de confiança entregará o que os algoritmos mais valorizam: fonte verificada, com informação de qualidade.

O fio condutor é a nova agência do usuário: informação sob demanda, moldada ao instante em que a intenção surge e evolui. 

Informação conversacional.

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Luciano Mathias
Luciano Mathias é um dos principais nomes na interseção entre Inteligência Artificial, criatividade e Web3 na América Latina. É Founder da Insula AI — produtora pioneira em filmes por IA com atuação no Brasil, México, Argentina e Estados Unidos — e sócio da TRIO, hub de comunicação focado em IA e inovação. Além disso, é fundador da LBCIA, projeto referência em educação sobre IA aplicada a negócios. Especializou-se em IA pela DeepLearning.AI e em Cripto/Web3 pela University of Nicosia...
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