Mais de 30 mil pessoas passaram pelo HackTown 2023 em Santa Rita do Sapucaí. Fora do eixo Rio-SP, O evento 100% brasileiro e descentralizado superou as expectativas de quem passou pelo sul de Minas neste final de agosto.
Além do número de participantes ter superado o de 2022, a quantidade de marcas (1.500 em 2023 e 1.000 no ano anterior) e Startups (400 x 200) e de credenciamentos por dia (11.200 contra 8.000) ultrapassaram a edição anterior. No caso das startups, o número dobrou de um ano para outro.
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Com um aplicativo próprio usado por cerca de 8.000 pessoas entre os dias 17 e 20 de agosto, foram registradas mais de 3 milhões de interações entre os participantes. O HackTown movimentou cerca de R$ 20 milhões, conforme dados da prefeitura.
Os números apenas mostram a trajetória de sucesso do HackTown, que também entregou uma programação diversa com temas relevantes como Web3, DeFi, inovação, futuro da nova economia tokenizada, diversidade e empreendedorismo, indústria 5.0, música, atividades como Yoga, entre outros.
A organização também foi impecável com o respeito total à capacidade da cidade, movimentando dinheiro para o entorno de Santa Rita do Sapucaí. A receptividade do povo mineiro também faz toda a diferença.
Evento superou expectativas
O BeInCrypto conversou com uma das mentes por trás do HackTown, que se confunde e se une com a história da genuína região produtora de cafés premiados em todo mundo.
O engenheiro de telecomunicações João Rubens Costa Fonseca conta que a história do Hacktown nasceu em 2015. No ano seguinte, 2016 aconteceu a primeira edição e “na base da amizade”.
Sem capital para injetar na ideia, João e seus outros dois sócios implementaram o evento descentralizada em três pontos da cidade no primeiro ano.
A expectativa era receber 50 pessoas, que viraram 600 logo na estreia, o que já indicava grande interesse por conhecimento em uma região pioneira quando assunto é inovação e tecnologia. Na segunda edição, o público do HackTown duplicou.
O crescimento aconteceu de forma genuína e natural. Nosso objetivo é conectar gente com muito conteúdo de qualidade.
E tudo isso foi possível porque as histórias de vida e da cidade se fundem. A mãe de João era da região e o pai foi estudar na ETE:
“Meu pai era de Volta Redonda e como não tinha mão de obra eletrônica no Brasil, a CSN que era siderúrgica nacional, começou a mandar gente para Santa Rita. Estudar e voltar capacitado pela trabalhar na indústria”
Assim, João foi influenciado a seguir o caminho do pai e estudou engenharia eletrônica na cidade no sul de Minas, onde vive.
Vale da Eletrônica nasce com a visionária Sinhá Moreira
Há cerca de sete décadas, Santa Rita do Sapucaí era uma região cafeeira e cidade de Delfim Moreira, presidente do Brasil entre 1918 e 1919. Hoje é conhecida também por Vale da Eletrônica.
“Era uma cidade totalmente movida a café, era a principal economia. Uma época que o café estava bombando e tinha muita gente poderosa.”
Luzia Rennó Moreira conhecida como Sinha Moreira, sobrinha do ex-presidente, já deveria imaginar a Santa Rita de Sapucaí dos dias atuais. Isso porque a visionária se casou – pela vontade da família – com um diplomata, viajou o mundo e em 1940, após se divorciar, voltou a morar de vez na cidade.
Além de querer viver no local em que nasceu, Sinhá Moreira fundou, em 1959, a ETE – Escola Técnica de Eletrônica – a primeira escola técnica da América Latina e a sétima do mundo.
“Não tinha existia regulamentação para esse tipo de curso no Brasil. Ela bateu na porta do Juscelino Kubitschek e conseguiu que o então presidente assinasse a regulamentação para abrir e fundar a ETE”, fala João.
Ela queria que os filhos pudessem estudar, ficar na região e criar oportunidades para os menos favorecidos em uma local voltado para atividade agrícola, deixando poucas opções- além da lavoura – para os jovens.
Diz a lenda que a Sinhá Moreira teve essas ideias tão a frente do seu tempo porque, além de viajar o mundo adquirindo conhecimento, também teria assistido uma palestra de ninguém menos do que Albert Einstein falando que o futuro do mundo seria a eletrônica, revelou Fonseca.
Quando voltou ao Brasil, ela colocou as novas ideias em prática.
A partir daí, empresas como a CSN passaram a olhar para Santa Rita do Sapucaí como um excelente local para formar funcionários com habilidades de inovação tecnológica por exemplo.
Também chamada de Vale do Silício brasileiro, empresas de todo mundo estão por lá de olho em tantas iniciativas pioneiras. Santa Rita do Sapucaí foi a cidade escolhida para testar pela primeira vez o 5G no Brasil, por exemplo.
HackTown descentralizado
Com tantas opções pela cidade, a reportagem percebeu que tudo estava lotado com muitos ouvidos e olhares atentos as novidades e conteúdo.
“Em um evento com 50 coisas simultâneas, ter palestras e painéis lotados é ótimo. Eu fiquei muito feliz”, conta João sobre o HackTown ter tantas opções e todas com público engajado e interessado.
E de fato, é possível perceber o envolvimento dos participantes nos diversos locais escolhidos, como o Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel ´- que conta com um museu onde é possível conhecer a história da telecomunicação e a ETE, primeira escola técnica de eletrônica do Brasil.
Atualmente, Santa Rita do Sapucaí tem escritórios de empresas de todo mundo de olho nas novas tecnologias e ideias que saem de lá. Muitos profissionais se formam, constroem seus negócios e vendem para companhias maiores internacionais.
A gente tem empresas aqui, japonesa, chinesa, americana, italiana, completa um dos idealizadores do HackTown.
Com todo esse clima de empreendedorismo na comunidade voltada para tecnologia de inovação muito forte, o HackTown de fato é uma extensão e consequência do que Santa Rita de Sapucaí proporciona os seus moradores e visitantes.
O evento nasceu com apenas um dia, baseado em amizade, experimentação, descentralização e colaboração mútua, confirmou a edição de 2024.
Muita gente está unida pelo propósito de contribuir e tudo aconteceu e acontece de forma muito natural. Construído também a partir da cidade, do entorno e de todo contexto local, o HackTown é, ao mesmo tempo, caótico e muito inovador. É até difícil de explicar como realizamos tudo isso, é quase um organismo vivo, comemora João Rubens Costa Fonseca.
HackTown tem pegada social
Existem vários programas sociais para acesso a todos os professores da rede pública ou órgãos públicos da região. Pessoas que não tem condição financeira também tem subsídios do evento para que todos possam de fato participar e absorver conhecimento.
Os ingressos custam de R$ 50 a R$ 900.
“ A movimentação financeira é conhecimento que se espalha”, finaliza João.
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