No universo das criptomoedas, entusiastas e desenvolvedores seguem debatendo a melhor forma de denominar as unidades de Bitcoin. Recentemente, Jack Dorsey — fundador do Twitter e CEO da Block (antiga Square) — reacendeu esse debate ao declarar apoio a uma proposta que sugere a substituição dos satoshis, atualmente a menor unidade do Bitcoin, por uma nova denominação: os “bits”.
Hoje, um Bitcoin (BTC) é dividido em 100 milhões de satoshis, uma fração considerada por muitos como excessivamente pequena e pouco intuitiva para o usuário comum. A proposta dos “bits” surge como uma tentativa de simplificar essa lógica e tornar o Bitcoin mais acessível em termos de usabilidade e compreensão cotidiana.
Por que mudar os satoshis?
De acordo com Parker Lewis, autor e analista, esse nível de detalhe pode ser confuso para aqueles que são novos no mundo do Bitcoin, dificultando o uso cotidiano da criptomoeda.
O desenvolvedor John Carvalho apresentou a proposta formal, conhecida como BIP 177, em abril de 2025. Ela propõe eliminar a unidade satoshi e substituí-la por “bits”, que seriam equivalentes a um milionésimo de um Bitcoin, simplificando assim a estrutura decimal do ativo.
Carvalho explica que essa modificação não é apenas uma mudança técnica, mas uma melhoria significativa na usabilidade do Bitcoin, facilitando para mais pessoas entender e operar com essa criptomoeda sem fazer conversões mentais complexas.

Uma proposta alternativa, BIP 176, sugere usar “bits” como um milionésimo de 1 Bitcoin (100 satoshis), reduzindo decimais, mas não resolvendo questões-chave. Ela mantém a mentalidade decimal, forçando os usuários a pensar em BTC e bits separadamente, o que fragmenta a experiência do usuário.
No entanto, para Carvalho, essa proposta não abrange toda a complexidade do Bitcoin e pode exigir ajustes futuros. Em vez disso, sua abordagem redefine o BTC como uma unidade base única, eliminando frações decimais e facilitando o entendimento, o que resulta em uma solução mais clara, coerente e sustentável a longo prazo.
Jack Dorsey endossou publicamente essa iniciativa em sua conta no X, destacando que satoshis podem ser confusos e que bits representam um método mais simples e direto para interagir com o Bitcoin.
Ele também enfatizou que a maioria dos usuários apenas quer “enviar e receber Bitcoin” sem se preocupar com complexidades técnicas.
Sats são muito confusos para pessoas que estão começando a se interessar por BTC. Bitcoin bits são melhores, e apenas Bitcoin é melhor, afirmou Dorsey no X.
As vozes contra: riscos e preocupações sobre a redenominação
No entanto, a proposta não foi bem recebida por todos. Alguns membros da comunidade, como Samson Mow, CEO da Jan3, sugerem que essa ideia nunca acontecerá.
Yan Pritzker, cofundador e CTO da Swan Bitcoin, argumenta que os usuários já estão acostumados com satoshis. Para ele, mudar essa unidade poderia causar confusão desnecessária.
Não, senhor. Você está realmente sugerindo que mudemos simultaneamente milhares de programas e a cultura de milhões de pessoas? Isso não é sério, respondeu Pritzker a Dorsey.
Por sua vez, Luke Dashjr, CTO da OCEAN, acredita que alterar a unidade base pode ser contraproducente, chamando a proposta de “redefinição arbitrária”.
Você poderia muito bem fazer um hard fork para aumentar a divisibilidade ao mesmo tempo. (Não é uma sugestão séria). Mas agora mostramos que é uma redefinição arbitrária, já que sats não seriam mais a unidade base, questionou Dashjr.
Essa discussão traz à tona um tema crucial para a adoção em massa do Bitcoin: acessibilidade e facilidade de uso. Enquanto alguns buscam modernizar e simplificar, outros preferem manter a tradição e a estabilidade da denominação atual.
Podemos tentar o quanto quisermos, mas no final, os usuários ouvirão ‘Bitcoin’, verão um número na tela e seguirão com seu dia. Sats serão usados apenas por um subconjunto de pessoas que valorizam estar sempre tecnicamente corretas em tudo e o tempo todo, afirmou @marks_ftw no X.
O futuro da unidade base do Bitcoin será, sem dúvida, uma conversa chave na evolução dessa criptomoeda.
Isenção de responsabilidade
Todas as informações contidas em nosso site são publicadas de boa fé e apenas para fins de informação geral. Qualquer ação que o leitor tome com base nas informações contidas em nosso site é por sua própria conta e risco.
