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Finance of Tomorrow: Brasil e Argentina falam sobre impasse regulatório em cripto

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Escrito por
Aline Fernandes

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Editado por
Lucas Espindola

08 setembro 2025 16:00 BRT
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  • Renato Gomes, representante do BC aponta que o Drex e outras inovações em infraestrutura financeira pública no país devem abrir espaço para uma integração mais fluida entre ativos digitais e mecanismos de controle.
  • Argentina destacou os desafios de criar marcos regulatórios que dialoguem com a velocidade da inovação.
  • Finance of Tomorrow termina na quarta-feira, 10 de setembro.
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Durante o primeiro dia de debates da 2ª edição do Finance of Tomorrow, o destaque foi a regulamentação cripto, principalmente as stablecoins.

Renato Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central do Brasil (BC), e Roberto Silva, presidente da Comisión Nacional de Valores (CNV) da Argentina, falaram sobre os desafios e as oportunidades da regulação de stablecoins na América Latina.

Existe um impasse regulatório que atravessa diversas jurisdições da região. Uma das questões centrais discutidas foi a invisibilidade das stablecoins, o que dificulta a fiscalização e a supervisão financeira.

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Mas quando esses ativos começam a impactar o público, seja instituição financeira ou usuário comum, a invisibilidade deixa de ser questão. “Isso exige um olhar regulatório renovado”, disse Bianca Lopes, cofundadora do evento.

Marcos regulatórios em comum

Roberto Silva, trazendo a perspectiva argentina, destacou os desafios de criar marcos regulatórios que dialoguem com a velocidade da inovação, sem renunciar à proteção ao investidor. Já Renato Gomes, do BC, apontou que o Drex e outras inovações em infraestrutura financeira pública no país devem abrir espaço para uma integração mais fluida entre ativos digitais e mecanismos de controle, mas alertou:

A estabilidade não pode ser apenas prometida, precisa ser lastreada e monitorada. Estamos construindo infraestrutura pública, mas o mercado também tem que assumir responsabilidade.

Tanto Gomes como Silva apontaram a falta de definições claras para stablecoins nas legislações nacionais.

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Segundo o diretor de Política Econômica do BC, “Ter uma stablecoin é como ter uma conta em dólar. E isso pode cair em outra questão que ainda não está regulamentada. É preciso ter transparência para os consumidores. Importante garantir que a troca de moedas estrangeiras seja regulamentada de forma eficiente.”

Gomes também reforçou que um dos focos do BC é a regulamentação das moedas digitais, e em breve será revelado o resultado da consulta pública sobre as stablecoins. Aliás, considerada uma das mais polêmicas pela indústria cripto brasileira.

Nós precisamos escrever uma regulamentação para ser aplicada aos ativos virtuais e precisam ser levadas em conta para os fluxos de caixa. O BC está de olho em uma agenda agressiva, baseada em centrabilidade, governança dos ativos virtuais, incluindo KYC (Know your client). Ele usou o exemplo de fraudes recentes:

Estamos finalizando essas exigências. KYC é crucial. Por exemplo, em qualquer tipo de evento como fraude ciberbética, os invasores usam outros canais que não estão regulamentados. Isso enfraquece o sistema. Por isso o KYC é muito importante. A segurança cibernética está na pauta do BC. Estamos aprofundando cada vez mais, afirmou no palco o diretor do BC.

Transparência e foco no consumidor

Diferente da Argentina, o Brasil tem duas consultas públicas. Além do BC, existe a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os argentinos também não têm uma lei específica para regular as stablecoins.

Outro ponto levantado entre os reguladores do Brasil e da Argentina foi de que existe uma “crença equivocada de que stablecoins são apenas uma versão tokenizada de depósitos bancários.”

A urgência de mecanismos regulatórios que acompanhem os contratos inteligentes de forma transparente e a importância de incluir o consumidor como foco central das discussões também foram citados como prioridades do BC e da CNV.

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Isabel Sica Longhi, head of Regulation & PP da Ripple Brasil, também falou sobre os desafios regulatórios.

Um deles é a taxonomia, ainda muito distinta entre os países. As criptomoedas têm características muito diferentes; por isso, precisam ser tratadas como tal. É uma natureza global; Não dá para termos várias regulamentações diferentes.

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Longhi citou o MiCA da União Europeia e o Genius Act dos Estados Unidos (EUA).

Bianca encerrou a sessão reforçando a importância de amadurecer a regulação com responsabilidade, mas sem perder o ritmo da inovação:

Queremos garantir que o Brasil e toda a América Latina não apenas acompanhem a inovação, mas a liderem com ética, inteligência e olhar humano, concluiu Bianca Lopes, ao finalizar o palco.

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